Capítulo 51

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JOALIN

Sempre gostei do Natal e amo o Réveillon, mas esse ano... Estava parecendo o ano em que perdemos o papai: triste e sem sentido. Heyoon e Sina foram passar o Natal lá em casa, Josh estava feliz, ligando para sua namoradinha nova de cinco em cinco minutos, e eu... Sentada no sofá da sala sem dizer nada, sem conseguir sorrir, sem conseguir comemorar e deixar o espírito de Natal entrar no meu coração, que estava magoado, quebrado desde que eu perdi as esperanças de viver o meu amor com a única mulher que conseguiu me fazer esquecer todas as outras. Ela me fazia esquecer até mesmo da minha própria vida... A essa hora, ela deveria estar na casa de Richard Camacho, ou melhor, Richard Capacho, com os filhos dele, a família dele, mas... O lugar dela era aqui! Junto comigo! Perto do meu amor!

Ela não quer o seu amor, idiota! – Pensei.

A meia-noite chegou sem nenhuma graça pra mim. Cumprimentei meus irmãos, minha mãe e Heyoon, fui obrigada a comer alguma coisa, bebi um vinho com Josh e depois me sentei perto da janela. Fiquei olhando a rua deserta, as casas iluminadas e então vi um vulto na parede, logo senti alguém se aproximar de mim. Virei-me dando de cara com minha cunhada.

— Oi Yoon! – Recebi um beijo na testa.

— Não gosto de ver assim, Jo! – Puxou uma cadeira e sentou-se ao meu lado – Quer conversar?

— Tô pensando no... No meu pai, só isso – Debrucei minha cabeça nas mãos que estavam apoiadas na janela.

— Mentirosa! Sua cara nem treme, Joalin – Senti suas mãos tocarem o meu ombro – Venho observando você há todo esse tempo. Sei que não está namorando a Any... – Inclinei a minha cabeça pra trás encarando-a surpresa, mas continuei em silêncio – Não me olhe assim! – Continuou ela – Seu grande amor é a Sabina, Jo! Notei isso na hora em que vi vocês juntas pela primeira vez. E ela também te ama!

— Ela é uma prostituta, Heyoon – Limitei-me a dizer.

— Eu sei... Mas a vi um dia desses no shopping com uma certa pessoa, e eu acho que ela agora pode ser tudo, menos uma prostituta.

— Viu ela com o namorado? – Perguntei temendo a resposta.

— Não... Com uma amiga! – Sorriu me dando outro beijo na testa – O tempo é o melhor remédio pra tudo, Jo!

— Mas olha quanto tempo já passou... E eu não consegui esquecê-la! – Lamentei-me.

— Se você não esqueceu essa mulher deve ser porque não tem que esquecer, ué!

— Fala sério, Heyoon! – Levantei-me aborrecida. Procurei Sina pela sala – Onde tá a chave do carro? – Perguntei.

— Vai sair, Joalin? Hoje é Natal! Fica com a gente! – Sina jogou a chave na minha direção, consegui pegá-la no ar.

— Vou dar uma volta rápida, só pra ver a Any. Já, já eu volto! – Avisei e pisquei para Heyoon. Saí rápido para que elas não me impedissem. O carro estava estacionado na porta da minha casa.

Abri a porta e ainda fiquei um tempo em silêncio dentro do automóvel. Eu não sabia pra onde ir, mas sabia que queria ficar sozinha. Desci as ladeiras solitárias de Santa Tereza devagar, passei pela Lapa e fui em direção à praia de Copacabana. Eu não iria procurar Sabina, se é o que vocês querem saber. Eu iria ver o mar, precisava daquela energia para renovar um pouco o meu ânimo. Estacionei na orla, por lá havia alguns solitários como eu no posto seis. Tirei o tênis e desci para a areia com eles pendurados em uma das mãos, a areia macia parecia fazer massagem nos meus pés.

É! Eu acho que gosto mesmo de sofrer... Parei exatamente no local em que vi Sabina pela primeira vez, até senti o cheiro dela como se aquela mulher estivesse passando por ali.

𝑃𝑟𝑜𝑖𝑏𝑖𝑑𝑎 𝑃𝑟𝑎 𝑀𝑖𝑚 - JoalinaOnde histórias criam vida. Descubra agora