NOTAS INICIAIS:
Ansiosos para conhecer um pouco da Sabina?
Quero avisar que nesse capítulo tem umas partes fortes, falam sobre violência, abuso sexual e psicológico. Vocês já devem imaginar o que é...
Então, venho pedir POR FAVOR, se você for sensível a esse tipo de conteúdo pule esse capítulo. Você não precisa passar por essa situação desconfortável.
O que é abordado aqui será levemente citado mais pra frente, ok? Não se preocupe.
LES GO!
*****
SABINA
Tranquei a porta do meu apartamento. No banheiro eu já abria a pia, molhava o rosto e esfregava a esponja para tirar toda aquela maquiagem pesada. Soltei os cabelos e olhei minha imagem refletida no espelho.
— Pronto! Sabina de novo. – Disse para as paredes azulejadas ouvirem, eram sempre as minhas testemunhas: as paredes. Fechei a torneira, abri a porta do box e liguei o chuveiro. Entrei e deixei a água escorrer pela minha pele como se fosse possível livrar-me das marcas de mais uma noite... Mais um show... Mais um cliente. Fechei os olhos e tentei firmar o meu pensamento longe dali.
Quem sabe pensar um pouco na infância que eu tive na casa da minha tia? Não! Isso me lembrava dos motivos que fui parar lá: a morte dos meus pais. E também, não era bom recordar-me da minha infância, se não, teria que recordar também das constantes sessões de tortura que o marido dela me sujeitava a passar... Perdi as contas de quantas vezes tive que me deitar com aquele monstro enquanto minha tia trabalhava. Abri os olhos. Ergui a face e deixei a água cair pelo meu rosto. Doía lembrar-me disso, no entanto era algo que eu recordava todo dia quando acordava pela manhã. Sem contar os pesadelos que assombravam as minhas noites. Uma criança jamais se esquece de um maltrato sofrido, parece que foi ontem que tudo aconteceu...
Eu só tinha treze anos, o marido da minha tia me ameaçava, dizia que me mataria e ao meu cachorro de estimação, se eu abrisse a boca e falasse para minha tia ou qualquer outra pessoa sobre o que ele fazia comigo. Hoje não é tão grave o fato de o meu cachorro ser ameaçado, mas na época... Ele era o meu único amigo e eu também tinha medo de morrer. Hoje, o medo de morrer não se faz mais presente em mim.
Quando completei quinze anos não aguentei mais aquela situação e resolvi por um fim em minha angústia. Contei tudo para minha tia, ela me ouviu boquiaberta e depois me deu uma surra daquelas. Disse-me que eu era diabólica por inventar uma história tão absurda, fui xingada de vadia, mentirosa, vagabunda... E por fim, fui expulsa da casa e do seio da única referência que eu tinha de uma família naquele momento. Sai de casa com a roupa do corpo e eles nem deixaram meu cachorro me acompanhar. Dormi duas noites na rua, senti frio, fome e conheci Simon, meu patrão.
Ele me comprou um pedaço de pão dormido com manteiga, um copo de suco de groselha e a promessa de que eu teria um colchão e um lençol para dormir. Fui para sua casa em Piedade, subúrbio do Rio. Na primeira noite ele apenas pediu para que eu o chupasse, assim estaria garantindo o "abrigo" para passar a noite. Fiz tudo com um nó na garganta. Depois que ele gozou, corri para o banheiro e vomitei por quase uma hora. Naquela noite ganhei de presente uma camisola vermelha, acompanhada de uma calcinha da mesma cor que me deixava com a impressão de estar nua. No dia seguinte,Simon chegou da rua animado, trouxe perfume, shampoos, condicionadores, produtos de primeira linha; era um investimento, como dizia. Simon afirmava que eram presentes, mas eu teria que fazer por merecê-los. Indiretamente ele me fez perceber que caso eu não merecesse aqueles "presentes", eu também não merecia permanecer instalada em sua casa. Então, eu vesti a camisola vermelha e deixo-o tirá-la e também deixei que chupasse e apertasse meus seios. Simon perguntou-me se eu era virgem, lembrei-me da minha mãe dizendo que mentir era feio, portanto contei a ele todo o ocorrido com meu tio e sabendo disso, o canalha se apossou do meu corpo da mesma forma que o marido da minha tia costumava fazer. Se eu fosse virgem, teria mais valor; mas como eu não era, não faria diferença se aproveitar de mim. Pronto! Voltei para a prisão novamente, porém, dessa vez, havia recompensas.
Odeio groselha e não gosto de dizer a verdade para estranhos...
Uma semana se passou e Simon continuava com o "ritual", trazia comida, roupas, sapatos. Em troca eu lhe dava prazer. Depois? Não! Eu não vomitava mais, acho que a gente se acostuma com certas coisas. Eu corria para o banheiro e chorava, deixava a água do chuveiro e o sabonete barato levarem embora as marcas daquele ato. Um mês depois de ir morar na casa dele, eu já estava num motel de quinta em Copacabana. Lá tinha uma cama barulhenta, lençóis fedendo a naftalina, baratas circulando livremente pelos corredores... Meu primeiro cliente, um homem de cinquenta anos cheirando a alfazema e babando pelo meu corpo como um selvagem. A recompensa? Vinte por cento do total do programa, os outros oitenta por cento eram inteiros de Simon.
Comecei a ter aulas de dança, pois com dois meses na "fraternidade" havia conquistado um cliente fiel e indispensável, era um português dono de uma confeitaria em Laranjeiras, bom... Ele exigia sempre uma performance minha ao tirar a roupa. Um ano depois o português fiel aos meus serviços faleceu em um acidente de carro, porém, deixou-me uma herança: eu me tornaria a stripper mais assediada das boates cariocas. Antes de isso tudo ocorrer, eu havia descoberto que Simon estava me roubando na porcentagem dos programas, as outras meninas ganhavam quarenta por cento, mais comida e hospedagem. Fiquei longe do meu patrão por quase três meses, no entanto, percebemos que precisávamos um do outro. Só ganhávamos dinheiro quando trabalhávamos juntos.
Diferente das outras meninas, eu me interessava por livros, comprava apostilas de concursos públicos, sempre estava estudando. Não prestei nenhum concurso, mas aprendi bastante. Meu vocabulário era invejável. Fiz, também, curso de inglês e espanhol para melhorar minha comunicação com os gringos que lotam o Rio de Janeiro e nunca dispensam um bom sexo. Aos vinte anos, eu já era a melhor stripper, a melhor acompanhante de executivos e a mais solitária das criaturas. Mas nunca perdi a pose.
Fechei o chuveiro, apanhei o roupão branco que estava pendurado. Mais uma olhada no espelho. Hoje, aos vinte nove anos continuo a melhor stripper, a melhor acompanhante de executivos e a mais solitária das criaturas...
— Que progresso, hein Sabina? – Pensei e balancei a cabeça negativamente enquanto espalhava uma loção hidratante cara pelo meu corpo, o cheiro era tão bom. Nesse instante de alívio, como um flash, passou pela minha cabeça a imagem da menina da praia.
— Que petulância dela me abordar dentro da boate! – Respirei fundo, fechei a embalagem do hidratante – Quem aquela fedelha pensa que é? Será que ela acha que eu faço programas com mulheres?
Já fiz alguns, já participei de "swings" e até mesmo transei com esposas para maridos "voyers". Mas, não faço com frequência esse tipo de programa e sempre cobro mais caro para fazer com outra mulher. Antes de concluir aqueles pensamentos eu já estava de volta ao quarto penteando meus cabelos e já havia vestido uma camisola branca de seda. Deitei-me na cama, eram cinco e quarenta e oito da manhã. Fechei os olhos. Novamente a imagem daquela menina veio na minha cabeça, fiquei por alguns instantes tentando lembrar o nome dela.
— Joalin! – Disse em voz alta, ouvi o som alto da minha voz se projetar pelo quarto solitário, no entanto, decorado com móveis caros e confortáveis. – Jo... – Repeti agora em pensamento e adormeci segundos depois.
***
NOTAS FINAIS:E aí, gostaram do capítulo? Ele é pesado, eu fico com o coração apertado sempre que leio...
Saibam que feedback dos leitores é a parte mais importante da história, hein.
Não esqueçam de curtir, de comentar, de compartilhar e de arrastar pra cima, porque o próximo capítulo logo, logo sai!
- Vrum, vrum.
HB20.
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VOCÊ ESTÁ LENDO
𝑃𝑟𝑜𝑖𝑏𝑖𝑑𝑎 𝑃𝑟𝑎 𝑀𝑖𝑚 - Joalina
FanfictionJoalin estava mais uma vez na praia de Copacabana comemorando outra virada de ano ao lado de seus irmãos, Sina e Josh. Ela estava feliz e grata por estar conseguindo se virar com o pouco que recebia em seu emprego de meio período, por estar terminan...