Capítulo 38

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JOALIN

Peguei as chaves do carro de Sabina dentro do bolso da calça que ela vestia. Fui em direção ao prédio de Copacabana, ela estava com uma aparência horrível, esfregava o nariz o tempo inteiro e revirava os olhos de vez em quando, pra logo depois ficar olhando para um ponto fixo em qualquer parte do carro. Parecia completamente alucinada.

O porteiro conhecia o carro, então abriu o portão da garagem para que eu estacionasse. Deixei o automóvel perto do elevador. Ajudei-a descer do carro e subir para o apartamento. Procurei as chaves da casa dentro da bolsa dela e abri a porta. Entramos e eu deitei-a no sofá.

Mantive-me de pé diante dela. Fiquei olhando-a naquele momento e senti vontade de chorar... Sabe quando você se sente completamente impotente diante de uma situação?

Era assim mesmo que eu me sentia. A mulher da minha vida estava diante de mim e eu me compadecia dela. Era horrível sentir pena das pessoas, principalmente quando as amamos.

— Vou até a cozinha e... – Ajoelhei-me diante de Sabina, segurei seu rosto para que ela olhasse para mim – Vou pegar água pra você, tá?

— Não quero água! – Respondeu um pouco agressiva, deu um tapa nas minhas mãos tirando-as do seu rosto e virou a face para o outro lado.

— De qualquer forma você vai beber – Disse séria – Se você não melhorar, vou te levar ao médico.

— Não tô doente! – Concluiu ríspida.

— Não?! Não mesmo? – Exclamei indignada.

Levantei seu rosto com certa raiva, percebi seus olhos tristes e ainda alucinados fitando os meus. Soltei-lhe a face e me ergui balançando a cabeça no sentido negativo. Afinal de contas, discutir com ela naquele estado seria perda de tempo.

Fui até a cozinha. Apanhei a água na geladeira. Se ela estivesse bêbada seria um café, né?

Mas como Sabina estava... D-Drogada. Merda! É tão ruim admitir isso, sabe?

Agora são duas palavras que eu não gosto de atribuir a ela...

Bem... Eu não sabia a quem recorrer mesmo, a água pelo menos não lhe faria mal.

Estava saindo da cozinha quando detive o meu olhar num envelope branco de bordas azuis que estava sobre a mesa. Apanhei-o nas mãos, no envelope havia o nome e o endereço de um laboratório lacrado ainda. Não sei porque, mas um frio esquisito percorreu a minha espinha...

Retornei à sala. O copo com água em uma das mãos e o envelope na outra. Parei de frente para Sabina. Ela ergueu a face lentamente, quando notou a minha presença, fitou o meu rosto; mas no minuto seguinte seu olhar foi seguiu direto para a minha mão esquerda onde estava o envelope do seu exame. Num impulso ela tentou arrancá-lo da minha mão, com esse gesto inesperado acabei derrubando a água em sua roupa e num estímulo mais rápido que o dela, elevei o envelope acima da minha cabeça impedindo que ela o alcançasse. Sabina tropeçou e caiu de joelhos no tapete branco da sala.

— Droga Joalin! Me devolve essa merda! Inferno! – Disse furiosa.

— Não vou devolver!

Sentei-me em uma poltrona à direita de onde ela estava. Sabina escorou-se no sofá e tornou a senta-se. Passou as mãos pelos cabelos tirando alguns fios que caiam pelo seu rosto, depois apoiou as mãos nos joelhos.

— Você não tem direito de abrir isso! Não é da sua conta!

— É seu exame de DST, não é? – Perguntei, porém não esperei que ela respondesse, eu sabia o que era. Olhei novamente para o envelope, procurei algum sinal de que tivesse tentado abri-lo – Por que não abriu ainda?

𝑃𝑟𝑜𝑖𝑏𝑖𝑑𝑎 𝑃𝑟𝑎 𝑀𝑖𝑚 - JoalinaOnde histórias criam vida. Descubra agora