Capítulo 16

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JOALIN

Sabina estava cabisbaixa. Nitidamente desconfortável com a situação, e eu? Bom, eu estava com vontade de bater no mundo inteiro! Puta da vida com tudo mesmo. Ela ia trepar com aquele cara agora? É isso? Mas... Ele não era voyeur? Sabina levantou-se da cama e não ousou olhar na minha direção, vestiu-se. Levantei-me e me vesti também.

— Vai logo pra casa, Joalin! – Ela quebrou o silêncio.

— Vai transar com ele agora? É assim que funciona, né? Eu estava nitidamente inconformada.

— Não vou transar com ele! – Disse alterada e com a voz trêmula.

— Então, porque ele disse que tá te esperando no salão? – Perguntei brava – Que raio de salão é esse?

Ela passou as mãos pelo rosto, buscou o ar e voltou a olhar-me de frente.

— Vou transar com outros homens, ele só vai olhar – Falou lançando-me um olhar frio que queimou o meu coração. Esfregou as mãos na face – Mas que droga Joalin! Por que isso te importa? Você já teve o que queria de mim! – A morena estava mais alterada do que eu – Depois que a gente transou, você sumiu por mais de duas semanas. Me teve hoje... E DE GRAÇA! Por que se acha no direito de criticar o meu trabalho? – Encarou meus olhos – Menina... Quando você vai se dar conta de que eu sou uma prostituta?

Como eu recebi aquelas palavras? Não assimilei nenhuma outra frase, senão aquela em que Sabina me acusa de ter sumido mais de duas semanas.

— Você não sabe de nada! – Disse insatisfeita com sua acusação e com todas as palavras que eu queria dizer a ela presas na minha garganta. Eu não quis me aproveitar dela, vocês sabem que eu sumi porque minha mãe estava internada, oras! – Você não sabe de nada, sua metida! – Vesti minha blusa e não deixei que nenhuma lágrima teimosa caísse dos meus olhos – Eu não deveria mesmo ter vindo aqui! – Falei com mágoa no olhar. Acho que a ficha havia caído, não devia mesmo ter ido procurar por aquela mulher, eu estava completamente cega de amor. Até deixei um estranho me ver transando com ela... Isso é RIDÍCULO!

— Não era sexo o que você queria? Que diferença faz? – Continuou falando alto.

— Olha... – Balancei a cabeça negativamente. Desisti de continuar aquela conversa, na verdade, acho que estava desistindo dela naquele instante. Apesar de todo o sentimento que havia dentro do meu peito, não dava para encarar aquela situação. Imagine ver a mulher da sua vida beijando um cara, imaginou? Agora tenta imaginar ela indo para um tal de salão e transar com outro cara... Outros caras! Viu? Eu tenho razão!

— Veio porque queria transar comigo! – Respondeu por mim. Segurou meu braço impedindo minha dispersão – Vamos terminar essa conversa, menina.

— Você tem um cliente para atender, sabia? – Disse com um semblante pesado. Sabe quando você olha pra dentro de si mesma e diz: Eu não quero isso pra mim? Pois é! Eu não queria amar aquela mulher. Dei-lhe as costas e saí no corredor, abrindo a primeira porta que vi pela frente. Nossa! Entrei MESMO na porta errada. O que era aquilo? Uma pornô? Credo! Tinha tanta gente trepando em sofás, cadeiras, camas, encostadas nas paredes... Parecia um surubão de Noronha e um episódio perdido de Sense8 ao mesmo tempo. Eu fiquei assustada. Isso era o salão? Eu devia ser louca mesmo para gostar de uma mulher que frequentava um lugar como esse. Puxei a porta atrás de mim, visualizei novamente o corredor. Eu queria sair dali o mais rápido possível! Tava me dando nojo tudo aquilo, eu precisava achar o piano... Sim! O homem tocando piano. A saída ficava perto do pianista. Apertei os passos, vi alguns casais saindo dos quartos seminus e rindo horrores. Difícil acreditar que existem lugares como esse, sabia? Nossa! Acaba com todo o romantismo da coisa.

𝑃𝑟𝑜𝑖𝑏𝑖𝑑𝑎 𝑃𝑟𝑎 𝑀𝑖𝑚 - JoalinaOnde histórias criam vida. Descubra agora