Sentimentos conflituosos

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Durante o restante da noite acabou por acordar e com extremo cuidado retirar a cabeça Iruka de seu peito. Não queria o acordar também, então, o mais silencioso o possível seguiu até o banheiro, imediatamente levou a mão direita até aquele ferimento que cicatrizava lentamente em seu abdômen com certo incômodo. Apertou o interruptor para acender a luz e fechou a porta atrás de si. Colocou ambas as mãos na superfície fria da pia olhando seu reflexo bagunçado naquele espelho. Tinha fracas marcas avermelhadas em seu pescoço e suas bochechas ainda estavam com certo rubor, mas não sabia exatamente se era causado pelo sono que estava levando ou por aquela queimação por baixo daquelas faixas.

Respirou fundo e desfez aquele curativo observando com atenção o que de errado estava acontecendo a ponto de sentir tanto incômodo e não conseguir dormir. Era notável que ao redor dos pontos estava mais vermelho que o normal e com uma temperatura mais elevada que a sua corporal. Kakashi não havia um diploma em qualquer curso na área de saúde, mas não era também um leigo para não saber que tinha algo de errado com aquilo. Jogou água fria com o auxílio de suas mãos e enfaixou mais uma vez deixando o problema para o outro dia, pois naquele queria apenas descansar.

- Eu não deveria ter me aproximado dele, droga, eu estou estranho e... Não quero o machucar, mas puta que pariu, ele é uma pessoa que eu quero tanto por perto e sei que não deveria... Não quero o machucar, mas preciso ir para longe... Acho que já demorei tempo e alonguei isso demais. — Seu reflexo no espelho não respondeu e talvez até agradecia por isso, já que ele próprio estava quase se estapeando pela ideia de afastar-se de Iruka. Sabia que era o certo a se fazer, mas estranhamente não queria isso, não sabia mais como era ficar sozinho naquela casa sem ouvir reclamações ou palavras divertidas.

Voltou para à cama e retornou a sentir os braços de um Iruka inconsciente o procurando, tentou eliminar aquela sensação estranha e focar-se naquela respiração tranquila batendo em sua pele e daquele corpo quente entrelaçado ao seu. Ao acordar cedo apenas deu o olhar habitual de: "Desligue a merda do despertador antes que eu quebre seu celular", como sempre fazia e viu o professor ir para o banho matinal, mas dessa vez, ao contrário das outras, massageava as costas com certa expressão de vergonha e dor. Kakashi deu um sorriso arteiro o olhando de cima abaixo, principalmente por o professor estar apenas com uma bermuda qualquer que encontrou do policial.

Ao sair do banho Kakashi moveu a cabeça em negação por vê-lo continuar a trancar a porta ao fazer isso, depois disso entrou para um também.

Não tocaram no assunto da noite passada, apesar de Iruka simplesmente não conseguir manter certo contato visual com o outro homem por ter certa vergonha sem saber reagir com a presença da pessoa que teve tantas sensações contra seu corpo. Queria mais daquilo, porém afastou seus pensamentos, pois não era de seu habitual ser um pervertido logo pela manhã.

Naquele dia não almoçaram juntos, pois Kakashi acabou por dizê-lo que iria passar no hospital verificar se estava tudo bem como a médica havia o indicado. Já havia acabado os dias que Iruka se prontificou a ficar ao seu lado e o professor se questionava como prosseguiria dali em diante. Entendia que não tinha mais qualquer necessidade de ficar dividindo uma mesma casa, mas queria continuar naquilo se Kakashi quisesse também.

Quando retornou para aquela casa encontrou o homem sentado na cama com aquele tradicional livro em uma das mãos e não no sofá como já estava acostumado a recebê-lo, estranhou, mas deixou suas coisas pronto para tomar um bom banho relaxante. Escutou um cumprimento um tanto distante e sem qualquer movimento de sair de onde estava sentado para o fazer as coisas de sempre: Algum beijo, algum abraço ou simplesmente um sorriso.

Kakashi estava inquieto e preso em seus próprios pensamentos, Iruka não estava gostando muito daquilo e se questionava se havia feito algo errado ou quem sabe as notícias da médica não tinham sido muito agradáveis. Porém, o policial quando queria era um péssimo falante, então se mantinha em silêncio mesmo que ouvisse perguntas, dando-se o trabalho de apenas mover a cabeça em negação ou confirmando vez ou outra algumas coisas que Iruka acabava por o dizer.

Mascarado - KakaIruOnde histórias criam vida. Descubra agora