Desabafos

207 19 16
                                    


O tópico "Iruka" ou qualquer assunto que de alguma forma poderia envolvê-lo havia se tornado um tabu naquela sala. Ninguém sequer comentava sobre quando Kakashi estava presente. Não era a atitude mais eficiente em resolver os problemas que o homem tinha, mas de certa forma evitava aqueles olhares cabisbaixos, o silêncio estranho e a clara expressão magoada e quebrada de alguém que tentava com todas as forças se manter firme e fingir ser forte e inabalável.

Gai que sempre conseguiu manter boas conversas com o amigo de cabelos claros nos últimos dias no máximo trocava algumas poucas palavras, não por falta de insistência ou vontade, pois tentava todo segundo incluir Kakashi nas conversas e perguntar discretamente coisas para garantir que estava bem, mas sim porque parecia desanimado demais para prestar atenção em qualquer coisa além de seu trabalho.

Ultimamente Kakashi andava mais aéreo, mas não deixava que isso trouxesse qualquer consequência em seu trabalho ou interferisse de alguma maneira, mínima que fosse, como sempre era mais profissional do que sentimental.

Apesar do belo discurso motivacional de Asuma sobre terem a obrigação de ajudá-lo, não tinha nenhuma ideia de como começar aquilo.

Com a convivência com Iruka adquiriu um sentimento de carinho extremo por ele, esquecendo-se de qualquer memória sexual da noite que partilharam juntos. Eram maduro o suficiente para descartar aquilo, ainda mais quando toda vez que chegava no apartamento de Kurenai e o via por lá, sempre tentava manter aquela postura e expressão de que estava tudo bem. No entanto, até mesmo Asuma que teoricamente não o conhecia tão bem conseguia visualizar com facilidade que estava quebrado por dentro e sua mente um completo caos.

Kurenai vez ou outra forçava-o sair de casa, pois acreditava que daquela maneira conseguiria que retornasse pelo menos um pouco ao normal. Claro que o "normal" iria demorar bons tempos, mas aceitava uma normalidade mínima vindo de Iruka.

Nunca retornou a vê-lo com os cabelos soltos, indiretamente a mulher suspeitava que o motivo fosse que Kakashi adorava eles, então toda vez que se olhava no espelho sem ser presos lembrava-se dele.

- Eu já superei. — Iruka disse com uma falsa convicção que quase convenceu Kurenai.

Quase, pois a mulher o conhecia bem o suficiente para saber se estava a falar a verdade ou apenas mentindo a si mesmo, como era o caso.

Engoliu em seco olhando para a mesa mais uma vez, assim como o seu copo quase intocado. Não queria beber, pois não ficaria alegre apenas entristecido lembrando-se de coisas que se esforçava para esquecer.

- Eu só fico triste quando eu lembro dele.

Respirou fundo ouvindo ao longe as vozes de pessoas desconhecidas e dois pares de olhos fixos em sua direção. Kurenai não sabia o que falar e Asuma menos ainda.

- E ultimamente eu lembro toda hora... — Completou ainda mais cabisbaixo, não adiantava negar, até mesmo aqueles que não o conheciam viam que estava sofrendo por algo, ou melhor, por alguém, então não conseguiria enganar a melhor amiga de anos e nem mesmo aquele homem que aos poucos conquistou um espaço e até poderia o considerar um amigo .

Aquela noite passava diversas vezes em um replay em sua mente. Ao fechar os olhos para tentar dormir era essa lembrança que o perturbava, ao acordar lembrava-se também e em todos esses momentos sozinho ficava a se questionar se o que viu era real mesmo, se não se enganou ou de tinha por acaso perdido algum detalhe crucial que fosse mudar a forma que enxergou aquele beijo. Entretanto, já não sabia mais o que pensar.

- Mas já superei. — Garantiu sorrindo falsamente para os dois, bebeu de seu copo novamente sentindo o gosto amargo quase em temperatura ambiente do líquido, pois estava há tanto tempo parado que já tinha deixado de ser gelado há tempos. — Sim, eu com certeza já superei.

Mascarado - KakaIruOnde histórias criam vida. Descubra agora