- Professor, eu te fiz uma pergunta. — Um dos alunos da primeira carteira repetiu chamando sua atenção enquanto movia as duas mãos já alguns segundos para então os olhos castanhos se focarem, piscarem algumas vezes e saísse daquele transe que estava. — Posso repetir a questão? Está tudo bem contigo?
Ao contrário das outras vezes, estava estranho, mas não tão triste, apenas com um semblante pensativo, culpado e confuso. Não era como se os alunos preferissem daquela maneira, mas entre "Tristeza absoluta, ódio e falta de vontade de viver" e "Estou pensativo, me deixem de lado e finjam que eu não existo", preferiam a segunda enquanto a normalidade não retornava.
Respirou fundo, encarou o pequeno aluno e suspirou antes de expor tudo que estava sentindo em seu peito bagunçado:
- Se por acaso alguém que você gostasse muito tivesse feito algo muito errado, mas depois se explicado dizendo que não fez de propósito e sim para te proteger, dito que gosta muito de você e quer ficar bem novamente... Vocês iriam aceitar o perdão e fingir que nada aconteceu? Mesmo que se sentissem estranhos com a ideia de retornar a namorar após aquilo tudo ter acontecido?
Se entreolharam confusos, uma garota ergueu o braço meio incerta e Iruka afirmou para que falasse.
- Professor, nós temos só onze anos. — Abaixou o braço, mordiscou o lábio inferior observando algumas concordâncias e adotou uma postura séria preocupada com o bem estar do mais velho. — Eu não sei se vou conseguir te ajudar nisso... Mas... Hum... Como você se sente sobre esse assunto?
- Eca, meninas são bem nojentas. — Um outro disse com um semblante enojado.
Iruka sorriu desacreditado consigo mesmo passando a mão sobre o topo de sua cabeça em decepção consigo mesmo. Era óbvio que ninguém iria poder ajudá-lo, não naquele turma e muito menos em qualquer outra, afinal quem deveria tomar qualquer atitude ou ter alguma opinião era ele mesmo.
- Desculpem. — Sorriu e voltou-se para o garoto inicial. — Qual era mesmo a dúvida?
- Pode repetir a diferença das rochas? Eu não entendi direito sobre a ígnea, pode explicar um pouquinho melhor?
- Ígnea... — Repetiu lembrando-se que aquela tinha sido a mesma dúvida que o policial havia tido quando começaram a compartilhar uma mesma residência.
Naquela época era tudo tão novo, estava ansioso, receoso e tantos outros sentimentos estranhos achando até que tinha sido uma medida precipitada ter afirmado a médica que iria passar pelo menos uma semana cuidando dele. Naquele momento, com ele apoiando o queixo em seu ombro tinha iniciado tudo, não tinha sido durante o beijo na cama do hospital, mas ali evidenciando sua curiosidade, preocupação e atenção em coisas que Iruka gostava, ou seja, a disciplina que dava aulas e era formado.
Diante disso, e também das memórias recorrentes que retornaram em sua mente teve a atitude mais óbvia para o momento:
Responder o aluno e lhe explicar a matéria? Não.
Bater sua testa contra a mesa com força para esquecer-se e tentar focar no trabalho? Sim.
Surpreendeu e assustou os alunos, os quais pensaram que o professor não estava mesmo bem naquele dia? Absolutamente correto.
Na delegacia a história não era tão distinta, Ao contrário dos outros dias, Gai e Asuma, não encontraram Kakashi com a expressão carregada, brava e habitual que infelizmente estavam começando a se acostumar e saber que não haviam coisas que pudessem ser feitas para ajudar o amigo.
Ele estava aéreo, mas com um rosto entristecido apoiado na palma da mão esquerda enquanto a direita segurava os papéis que finalmente iria entregar ao Superior, após tanto tempo enrolando plenamente suas obrigações. O pé batendo vez ou outra no chão indicando que estava com uma pequena ansiedade ou sentimento parecido.
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Mascarado - KakaIru
FanfictionIruka, era um jovem professor ligeiramente desanimado com sua própria profissão até ver sua vida quase se esvaindo por um fio. Sem esperanças de sair livre da situação que se meteu, viu um homem mascarado o salvar, permitindo sua segurança. Diversas...