𝘿𝙚𝙨𝙚𝙟𝙤 ( 𝙅𝙞𝙠𝙤𝙤𝙠 𝘼𝘽𝙊)

Capítulo 26

Jeon.

— Eu...— Jimin começa a falar mas eu a interrompi.

— Jimin, antes de responder — digo atraindo sua atenção — poderíamos conversar um pouco a sós? Tenho algumas coisas pra falar, não sei se mudará sua decisão. Podemos? — pergunto olhando para o Sr. Kim.

— Claro! — ele responde sorrindo — Pode levá-lo ao seu quarto, Jimin, lá vocês poderão conversar mais à vontade. Enquanto isso eu levo o pessoal para descansar um pouco.

Jimin se levanta em silêncio, eu a acompanho até seu quarto.

— Pode ficar à vontade! — me sento na poltrona próximo a janela e Jimin senta sobre a cama.

— Jimin, eu preciso te falar muitas coisas... Eu adiei por muito tempo essa conversa, e acabei passando pra você uma impressão errada de como eu me sentia e ainda me sinto em relação a você — digo olhando diretamente pra ela — Eu errei muito ao me afastar de você sem explicar o quê estava acontecendo.

— Não, Sr. Jeon, o senhor não precisava me explicar nada! — ela levanta seu olhar por um instante — O quê o senhor fez por mim, me dando muito mais do que sonhei, não sendo sua responsabilidade, me dando do além do necessário, ainda tive a oportunidade de receber amor de pessoas maravilhosas como Seokjin e Namjoon. Não, o senhor não me devia satisfação — ela volta a me olhar rapidamente — Eu vim embora ao perceber que eu estava ocupando um espaço que nunca foi meu e estava atrapalhando sua vida. Eu precisava crescer e ter meu lugar...Me desculpe se na intenção de me proteger, o senhor acabou se prejudicando - Jimin suspira mordendo a parte interna do lábio — Mesmo diante de tudo que aconteceu, todo sofrimento foi mais para o lado psicológico, pois Sr. Kim chegou antes que o pior acontecesse . Agora eu descobri minha família, não estou mais sozinha.

— Eu fique distante, fazendo você pensar que eu não te queria por perto, mas na verdade eu nunca me afastei de você — Jimin levanta o olhar em minha direção — Eu estava todos os dias ao seu lado, cuidando de você, Jimin. Todos os dias, antes de dormir, eu ia no seu quarto ver se você estava deitada direito, pois você costumava se deitar chorando e acabava dormindo de qualquer maneira, às vezes com os sapatos, ou até mesmo sobre os livros — sorrio ao lembrar.

— Então, era o senhor que me arrumava na cama todas as vezes? — afirmo com a cabeça — Eu pensava que era o Seokjin!

— Jimin, antes de você chegar na fazenda, eu já estava cuidando de você, mas eu não pude me aproximar para não te assustar. Você dormiu ao lado da escadaria do prédio da minha empresa — Jimin abraça as pernas e deita a cabeça sobre os joelhos me olhando — Eu pedi aos seguranças para cuidarem de você. Quando você saiu de lá, indo em direção a fazenda, eles me avisaram. Assim que você entrou pra pegar uma maçã, eu pedi que Namjoon fosse te buscar. Jimin, eu te amei desde que te vi a primeira vez, mas você era somente uma criança, e eu não poderia te falar como eu me sentia devido a sua pouca idade, eu precisava esperar você completar dezoito anos para falar sobre meus sentimentos.

— O senhor me ama? — novamente confirmo com a cabeça, ela fica pensativa.

— No dia que você veio embora, haveria uma festa surpresa, e eu tinha planejado te falar sobre meus sentimentos, mas quando cheguei na fazenda, você já tinha vindo pra cá — Jimin continua me olhando meio perdida — Eu nunca quis nada com a Doyeon, ela fez chantagem e tudo isso fazia parte dos planos dela, que era uma das integrantes da organização criminosa, como seu pai falou. Eu nunca encostei nela, eu achava que estava te protegendo, quando na verdade estava te colocando em risco ao aceitar a chantagem. Quando você veio embora, eu fui terminar o noivado, ela disse que você não estava tão bem quanto eu pensava, então, eu procurei saber com minha irmã se havia algum risco, mas ela descartou. Eu preferi deixar você crescer profissionalmente e quando voltasse para Los Angeles, eu tentaria explicar.

— Eu nem sei o que dizer diante de tudo isso — ela diz ainda me olhando.

— Eu sei que agora está tudo muito confuso, que você precisa pensar sobre isso — ela afirma com a cabeça — Eu só precisava te contar a verdade, e falar do meu amor por você. Sei que agora você encontrou sua família, e vai querer conviver com eles, afinal você nunca teve essa oportunidade.

— Eu tenho agora uma família biológica — ela diz — Mas eu tive a oportunidade de ter uma família melhor ainda, que me deu amor, carinho, atenção... Quando nem mesmo minha mãe soube me dar, uma família que não tinha obrigação, mas estava ali sempre pra mim.  Sr. Jeon, o senhor me deu muito mais que possa imaginar, muito além do abrigo, do alimento, dos bens, o senhor me deu segurança! Na sua casa eu me sentia protegida, me sentia tão bem que só agora eu soube que era o senhor que me arrumava na cama, algo que ninguém fez, minha mãe nunca se importou em como ou se eu dormia, ou se me alimentava. Quando o senhor me levou pra sua casa, fazia dias que eu não comia nada, por isso eu desmaiei. Eu nunca havia recebido sequer atenção, mas na sua fazenda eu recebi amor, foi onde eu descobri o verdadeiro sentido dessa palavra, um amor puro, cheio de cuidados, que eu nunca havia recebido antes, nem mesmo de quem deveria — percebo que ela está chorando, me levanto da poltrona e me sento ao seu lado segurando sua mão — Eu só sai da sua casa por achar que estava te atrapalhando, quando na verdade, eu só me senti insegura diante de tantas feridas que ainda carrego aqui dentro. Infelizmente tudo que eu vivi antes de conhecer vocês, deixaram marcas difíceis de apagar, são feridas que nunca fecharam — Jimin me olha, seu rostinho vermelho molhado pelas lágrimas, faço um carinho secando seu rosto — Não tem como a ferida fechar, principalmente depois de saber que aquela que me carregou em seu ventre, me alimentou do seu próprio corpo, me vendeu, sem se preocupar comigo, no que aconteceria... Enquanto vocês, que não tem nenhum laço consanguíneo, ou mesmo obrigação, viajam por doze horas, pra me buscar ao saber que eu corri perigo... Não há demonstração de amor maior que essa, Sr. Jeon!

Pela primeira vez eu a abraco, deixando ela chorar com o rosto encostado em meu peito, ainda tímida, sinto seus braços me envolveram num abraço.

— Eu quero muito conhecer meu pai, poder chamar esse nome — ela diz ainda chorando — Quero conhecer minha família, mas eu vou voltar pra casa, só vou esperar o resultado do exame, para mudar a documentação.

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