Paz, até quando?

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O velório de Cláudia foi realizado apenas para os mais próximos. Maite chorava como uma criança abraçada a Christopher. William segurava o filho no colo, que choramingava nos braços do pai. Quando tudo terminou seguiram para a sala de jantar, onde a comida seria servida. Era um momento muito difícil, mas todos estavam a muito tempo sem comer, e o que não precisavam era de mais doentes

- Você precisa comer Maite - Disse Uckermann vendo a mulher apenas remexendo o que estava em seu prato

- Estou sem fome

- Você acabou de se curar do machucado, não pode se dar ao luxo de ir ficando sem comer - Falou William

Maite não disse mais nada, simplesmente começou comer vagarosamente. O silêncio é considerado algo agoniante, porém naquele momento todos sentiam uma enorme paz com aquilo.

- Minha mãe te disse algo antes de morrer William?

- Não, nada - Respondeu tentando se manter calmo

- Tem certeza? - Perguntou notando um certo desconforto no homem

- Tenho

- Eu passei todos os dias, e horas junto dela, quando fiquei longe por minutos ela acorda e morre sem poder me despedir - Disse cabisbaixo

- Não se culpe, o importante é que ela te amava, e sabia que você amava ela

O homem apenas deu um leve sorriso em forma de agradecimento. Maite admirou tais palavras de , já que Uckermann e Levy não eram digamos grandes amigos

- Se me dão licença vou me deitar um pouco, o dia foi longo - Disse Maite se levantando

- Eu a acompanho - falou Christopher seguindo a mulher

- Terminou de comer filho?

- Sim

- Vamos nos retirar também, iremos dormir no mesmo quarto

- Tudo bem papai

Os dois seguiram para seus aposentos, e se deitaram lado a lado, à pós tirarem as botas

- Pai?

- Sim?

-  Para onde a tia Cláudia foi?

- Eu poderia te dizer que ela está no céu, mas prefiro ser sincero, não tem como saber pra onde ela foi filho... Isso é um mistério

- E no que o senhor acredita?

- Eu acredito que ela irá cuidar de nós esteja onde estiver

- A mãe vai sentir muita falta dela, e o tio Ucker também

- Eu sei filho

- Pai... Me conta uma história

- De que tipo?

- Qualquer um

- Vou tentar, nunca fiz isso antes... Daqui muitos e muitos anos, os seres humanos terão poderes

- Sério? De que tipo? - Perguntou empolgado

- O poder da mente, a gente não sabe como, mas irá existir coisas que ainda não sei o nome, coisas incríveis que substituirão os cavalos e carruagens, irá existir coisas onde você poderá brincar sozinho sem sair de casa, os livros serão extintos...

- Credo papai, que lugar feio será

- Sim, irá ter armas mais potentes para guerra. Será um lugar individualista, onde as pessoas passam mais tempo sozinhas com as novas invenções do que com outras pessoas. As pinturas serão substituídas por outras coisas. Será um lugar mentalmente desenvolvido, porém humanamente atrasado...

Quando William olha para a criança do seu lado, o mesmo já cochilava. Deu um leve beijo na testa do garoto, o cobriu carinhosamente, e também fechou os olhos, em busca de dormir e descansar.

O dia amanhece, Maite abre os olhos vagarosamente, suspirou pensando no dia longo que ainda teria. Estava louca querendo voltar para casa, porém seria falta de respeito com Christopher, o correto é permanecer de luto com Uckermann por no mínimo três dias, contra gosto tentaria cumprir a missão de ficar todo esse tempo longe de seu Reino. Tirou sua roupa, e mergulhou seu corpo na quente água da banheira que haviam preparado para ela, sem pressa ficou ali por longos minutos, quando sua pele começou enrugar saiu dali. Vestiu o leve vestido preto de seda, e deixou os cabelos soltos. Saindo do quarto trombou com os pais adotivos de Christopher

- Bom dia, senhor e senhora Uckermann - Disse fazendo reverência

- Bom dia querida

- Bom dia Maite, eu e meu esposo resolvemos ir dar nossos pêsames ao seu tio Leopoldo por Cláudia, já que ela foi por muito tempo criada dele

- Entendo

- Como a senhorita sabe, pode ficar à vontade, sinta-se em casa - Disse sorrindo meigamente

- Obrigada senhora, façam uma boa viagem

Os dois sorriram para Maite antes de saírem rumo ao Castelo de Leopoldo

- Mamãe! - Disse abraçando as pernas da mulher, que se abaixou para ficar na altura dele

- Querido... Vejo que está cheirando a limpeza, a quem devo esse milagre? - Perguntou brincalhona

- Ao papai - Respondeu apontando para William que estava sorrindo logo atrás deles

- Obrigada senhor Levy, por conseguir fazer essa criança ficar com um cheiro agradável

- Confesso que foi difícil, mas nenhuma missão é pário para mim - Disse entrando na dela

- Eu ainda estou aqui - Falou o pequeno franzindo o senho em forma de reprovação

- Por que nosso pequeno favorito, está nervoso logo cedo? - Perguntou Christopher pegando o menino no colo

- Eles ficam me esnobando - Disse fazendo bico

- Senhor! Não acredito nisso, como eles podem fazer isso?

- Veja você mesmo Christopher, ele está cheiroso - Falou Maite

Christopher cheira o garoto e logo faz uma cara toda confusa, que arrancou sorriso de todos ali

- É verdade. Que estranho

- Vocês são muito chatos - Resmungou de cara fechada

Os três adultos não aguentaram, e caíram na gargalhada. Willou com aquela carinha de bravo era a coisa mais fofa que já haviam visto. O garoto não escapou, depois daquilo ainda levou muitas cócegas, abraços e beijos.
Um momento muito bonito de se ver, se por trás não existisse a questão da rivalidade entre os dois homens ali presentes que pareciam ter dado uma trégua, mas por quanto tempo?

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