anjos celestiais:vale dos segredos {Completo}

13:Curado

    Quando eu e o Erik chegamos até a sede havia uma grande aglomeração onde o Matias estava deitado.
  Antes de chegar eu já sabia que ele estava bem. Não só por causa da expressão de felicidade e surpresa no rosto das pessoas à minha volta; mas por causa da promessa do anjo Salatiel.
   Corri até lá e quando entrei — depois de muita dificuldade— vi que ele estava sentado na cama com um lindo sorriso no rosto.
   As pessoas estavam em volta dele perguntando se ele estava bem e se não sentia nada de estranho.
   Quando ele me viu ele se levantou rapidamente e veio para me abraçar.
   Seu abraço era apertado e me confortava. Mas logo fiquei triste por saber do que sacrifiquei para ter ele vivo ali.

— Muito obrigada pelo sacrifício que você fez por mim.— sussurrou ele no meu ouvido.

— Não foi nada. Eu faria isso por qualquer um que gostasse— engasguei nessa última parte. Na verdade eu amava ele.
  
    Mas era melhor que ele não soubesse. Seria mais fácil assim na hora que eu contasse para ele.
     Ele ia falar alguma coisa mas foi interrompido pela Bonnie que eu nem tinha visto.
   Ela estava em um canto do quarto.

— Realmente que bom que você conseguiu.— disse com uma alegria falsa na voz.

— É né? Estou bem feliz mesmo.— disse— O estranho é que foi na sua festa não é?

    Ela sorriu inocentemente,mas com uma raiva velada nos olhos.

— É realmente estranho. Já estou investigando todos os convidados da festa.— ela respondeu.

    Eu a encarei.

— Espero que logo você encontre. Imagina o castigo que  um anjo celestial vai levar por ter matado um dos seus.— disse olhando nos seus olhos.

    Cheguei mais perto dela e sussurrei no seu ouvido.

— Se for um anjo celestial que matou ele não é mesmo?

    Ela fez uma cara de indignada com surpresa.
     Então ela se afastou e saiu.
     Depois disso ficamos mais algum tempo por lá.
  Estranho que todos estavam me chamando de heroína e corajosa.
  Eu não me sentia assim. Na verdade estava bem mal depois disso. Mas feliz por ter o Matias vivo.
  Nós voltamos para casa e quando chegamos  lá o Matias me abraçou.
   Quando ele ia me beijar eu me afastei.

— O quê foi?—perguntou ele.

     Eu não respondi. Apenas fui até a cozinha para pegar água.
    Ele foi atrás de mim e segurou meu braço e me virou para encará-lo.

— Eu já te conheço a tempo suficiente para saber que está escondendo algo. O que foi?

    Eu olhei dentro de seus olhos acinzentados e hesitei.

— É que...para que você fosse curado tive que sacrificar algo.

    Ele me encarou.

— E o que era? E por quê?

— Ele queria provar meu caráter. E ele me pediu para que ...

    Ele suspirou.

— Fala logo.—ele disse

— Você só seria curado se eu abrisse mão de você.

    Ele me encarou por um tempo e depois se afastou.

— Como assim?! Quer dizer que a gente não vai poder ficar juntos? É isso?

    Eu concordei com a cabeça.

— Mas você não deveria ter aceitado isso.—disse ele bravo.

   Eu  fui até ele e peguei na sua mão.

— Era isso ou você morria. Eu não iria viver com essa culpa.

— Mas ...

— Mas nada— eu o interrompi.— Imagina o que seus pais não sentiriam? Eu não tinha escolha.

   Ele se afastou e não disse nada.
   Eu fui andando até meu quarto e me virei para ele para dizer uma última coisa.

— Mas saiba que eu amo você.
   
   Ele fez uma cura de surpreso com essa afirmação.
   Eu me virei e entrei no quarto antes que ele me respondesse.
  Me deitei e chorei.
  Chorei porque nada estava dando certo.
  Será que a gente ainda ficaria juntos? Mas como?
  Esperava que a reposta viesse rápido.