14: Treinamento

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   Se passaram alguns dias depois do que eu tinha revelado ao Matias. E eu percebi a diferença que havia acontecido na nossa relação. Se é que podemos chamar aquilo de relação.
   Lembrei que no dia da festa ele tinha dito que a gente namorava.
   Fiquei tão feliz quando ele disse isso. Mas logo veio acompanhado de desespero e tristeza.
    Desespero por quase ter perdido ele para sempre. E tristeza por saber que ele estava bem ali no quarto ao lado mas nós  não podíamos mais ficar juntos.
   Queria que de alguma forma desse certo para que eu e o Matias namorasse.
   Suspirei e me levantei da cama depois de alguns torturantes minutos depois.
   Fiz minha higiene e fui até a cozinha.
   Dessa vez o Matias não estava lá como todos os dias. Ele sempre me esperava para tomar café.
    Ele tinha arrumado o café da manhã para mim.
    Sorri.
    Pelo menos ele ainda se importava comigo de alguma forma.
     Tomei meu café em um silêncio absoluto. Antes ele sempre conversava comigo durante o café. Suspirei alto novamente.
   
— Acho melhor você se apressar— disse o Matias me assustando.

— Caraca que susto. Por que eu tenho que me apressar?

     Ele pegou uma maçã na fruteira e depois me encarou. Mas logo desviou o olhar.
    Percebi que ele estava um pouco distante de mim.
   Mas o que eu queria né. A gente não ia ter a mesma relação depois daquilo.

— Hoje começa seu treinamento.— me informou.

     Agora que eu já tinha tirado o gesso da perna e conseguia andar como antes e sem nenhuma dor já podia começar meu treinamento.
    Eu de verdade não estava a fim.
    Durante esse tempo estava bem abatida.
   Assim como ele.
   Eu pude perceber que não havia mais aquela alegria nos olhos dele.
   E quando ele sorria para mim não era mais aquele sorriso verdadeiro que me alegrava.
   Praticamente éramos estranhos um para o outro.
  Nem sabia que eu era importante assim para ele. Ao ponto dele ficar triste assim.

— Sério isso? Não estou com vontade.— disse.

     Ele suspirou.

— Olha você vai ter que treinar de qualquer jeito. No momento que você entra nesse mundo precisa se defender. Ainda mais você que é a escolhida.

   Eu bufei e coloquei uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.

— Mas eu não pedi para ser a escolhida. Preferia nunca ter conhecido esse mundo.

    Ele se sentou na cadeira ao meu lado.

— Eu sei que você não pediu por isso. Mas agora você é nossa única esperança. Logo o Abbadom vai iniciar a guerra contra os anjos celestiais.

    Ele pegou na minha mão.

— Eu vou estar com você. E eu mesmo irei treiná-la.

    Nós nos encaramos por alguns instantes.
    Como eu queria beijá-lo agora.
    Percebi que  ele também queria pois ele estava chegando mais perto de mim.
    Mas ele virou o rosto para olhar lá para fora e depois  foi em direcão ao seu quarto.

— É melhor você se arrumar logo. Não temos tempo.

    Disse ele sem se virar e entrou no  quarto.

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  Estávamos agora na ala de treinamento dos anjos celestiais.
  Havia vários anjos treinando ali. Até mesmo adolescentes lutavam. Eles deviam ter seus treze anos,mais ou menos.
   O Matias escolheu duas espadas de madeira.
  Eu ri e ele me encarou.

— Qual a graça?— perguntou.

— Você quer que  eu seja uma guerreira com uma espada de madeira?— perguntei em tom de deboche.

anjos celestiais:vale dos segredos  {Completo}Onde histórias criam vida. Descubra agora