28: reconciliação

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   Depois que o Matias havia saído da enfermaria da sede fomos para casa.
  Coitado iria ficar com as cicatrizes dos furos feitos na sua barriga por aquele maldito feiticeiro.
  Era bom saber que agora ele estava morto. Não só ele como todo os outros.
Só a Bonnie tinha conseguido fugir. Mas ela também pagaria por tudo que tinha feito a mim e ao Matias.
   Nós entramos em casa e eu fui até a geladeira tomar uma água.

— Quer água Matias?— perguntei para ele.

  Ele veio até mim e me abraçou por trás.

— Não. Na verdade eu queria te agradecer mesmo. Por ter salvado minha vida mais uma vez.

  Me virei de frente para ele.

— Foi nada. Você sabe que eu sempre vou estar aqui para te salvar.

  Ele deu risada.

—  Eu acho que era eu quem devia salvar sua vida,não ao contrário.

  Eu sorri.

— Esse dia ainda chega. Mas devo confessar que fiquei surpresa com o que aconteceu.

   Nós fomos até o sofá e nos sentamos. Ele então pegou na minha mão.

— Surpreso é pouco. De verdade o que é você? Como isso é possível?

  Eu suspirei.

— Eu é que não vou saber. Não tenho resposta para nada desde o início. Estou tão confusa. Não sei se ser desse jeito é bom ou ruim. Todos na sede estão me olhando como uma aberração.

  Ele me puxou para mais perto e me abraçou.

— Bom vai demorar para eles entenderem. Desde o início dos anjos nunca havíamos visto um que fosse celestial e da morte ao mesmo tempo.

   Olhei para cara dele.

— Você também tem medo de mim?

— Claro que não. Você continua sendo a mesma Melanie se sempre. Só que agora bem mais forte do que antes.

  Sorri e fui para beijar ele,mas ele desviou.

— O que você está fazendo?

  Olhei para ele confusa.

— Ué,você esqueceu da promessa do Salatiel que se a gente derrotasse os Exmall poderíamos ficar juntos de novo?

  Ele deu risada.

— Nossa eu tinha até me esquecido. Foi tanta confusão esse dia que eu esqueci completamente de tudo.

Dei risada.

— Pois é. Põe loucura nisso. Até agora não acredito que sou um anjo da morte e celestial. Além se ser a escolhida né.

  Ele sorriu.

— Sim. Realmente você é muito especial. Que bom que eu tenho você.

     Então ele me beijou. E foi como na primeira vez. Senti tanta falta do beijo dele,do seu perfume e abraço.
   Ele foi intensificando o beijo e eu correspondi. Eu tirei sua camisa e joguei para o lado.
   Ele me beijou um pouco abaixo da orelha e foi descendo até o pescoço me causando arrepios.

— Senti muito sua falta— ele sussurrou no meu ouvido.

— Eu também.— respondi.

  Ele então me pegou no colo e me levou para o quarto dele e tirou minha roupa.
  E novamente, depois de muito tempo nos fizemos amor,e eu em senti inteira de novo.
  Ele era uma parte importante de mim agora. Com toda certeza não conseguia mais ficar sem ele.
  Eu estava agora deitada no peito dele e escutando as batidas do coração dele.
  Passei a mão pelas cicatrizes que ficaram na barriga dele.
  Olhei para o rosto dele.

— Me perdoe por isso. — disse para ele.

  De alguma forma me sentia culpada por aquilo. Devia ter feito algo antes. Ter tentado convencê-lo  a não descer naquela passagem secreta.
   Ele tocou no meu rosto e desceu até meus cabelos.

— Você não tem culpa disso. Nós anjos estamos a mercê de ferimentos e até a morte. Não precisa se sentir culpada. Afinal fui eu que insisti para descermos até lá.

   Eu olhei para as cicatrizes.

— Mas ...

  Ele pegou no meu queixo me fazendo olhar para ele.

— Isso incomoda você? As cicatrizes?

   Olhei para seus olhos acinzentados e sorri.

— Claro que não. Acho bem atraente na verdade.

  Ele deu uma risadinha.

— Atraente é? Acho que preciso arrumar mais delas então.

Dei um tapinha no braço dele.

—  Nem pense nisso. Não quero ver você passando por aquilo de novo. Foi horrível ver.

  Ele me deu um beijo na testa.

— Estou brincando. Mas como somos anjos provavelmente vou ganhar mais cicatrizes como essa.

— Espero que demore isso.

  Nós então escutamos alguém bater na porta.
  Eu me levantei e peguei uma camiseta do Matias e coloquei.

— Pode deixar que eu atendo.

  Ele sorriu.

— Tudo bem então. Vou aproveitar para tomar banho. Se a visita não demorar me encontra lá.

Eu corei e dei uma risadinha.

— Não seja cara de pau.

  Eu então sai do quarto e fui atender a porta.
  Quando abri encontrei um Erik bem diferente. Ele estava com os olhos verdes tristes.

— Oi Melanie. Posso entrar?— ele perguntou.

  Eu abri mais a porta e acenei para que ele entrasse.

— Claro que sim. Pode entrar.

  Nós nos sentamos no sofá e nos olhamos por alguns instantes. Então não aguentei e abracei ele.
  Ele me abraçou com força também.

—  Me perdoe por ser tão infantil Erik. É...que eu não queria te perder.

  Ele parou de me abraçar e sorriu para mim.

— Eu que peço desculpas. Sei que devia ter falado com você primeiro. É que eu não queria que você pensasse que eu tinha te abandonado. Então estava procurando o jeito certo para te falar.

  Eu peguei na mão dele.

— Não precisa explicar não. Eu sei que a Alexa é uma boa pessoa. Quero que você seja feliz assim como estou.

  Ele olhou para camiseta preta que estava usando,sorriu e me deu aquele olhar de quem entendeu tudo.

— Haaaa safada né. Já entendi tudo.

  Eu corei e dei risada.

— Não seja indiscreto Erik.

E então voltamos aos velhos tempos.
Conversamos bastante sobre tudo que estava acontecendo na minha vida.
Principalmente sobre essa “transformação" que eu tinha passado.

— Você sabe alguma coisa sobre minha família que não me contou?

Ele negou com a cabeça.

— Desculpe mas não sei mais nada.  Mas vamos procurar a sua mãe. Ela tem as respostas que tanto procuramos.

  Eu hesitei.

— Mas e se ela estiver morta. Ou não conseguirmos achá-la ?

  Ele apertou minha mão.

— Eu te prometo que vamos encontrá-la e saber sobre seu passado.

   Eu esperava que sim. Queria saber sobre meu passado e o porquê de tudo isso.

anjos celestiais:vale dos segredos  {Completo}Onde histórias criam vida. Descubra agora