Prólogo

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Narradora P.O.V.

Não havia um dia sequer que Lisa não se lembrasse das últimas palavras de seu avô antes de ir para aquele campo de batalha onde ele foi tirado de sua família.
    “Lembre-se de agradecer todos os dias por acordar, por seu coração ainda bater e por você estar perto das pessoas que mais te amam nesse mundo, e lembre-se que, a cada batida do seu coraçãozinho, que eu te amo muito Lali Agora eu preciso ir, mas estarei ansioso pela volta, mal posso esperar para receber seu melhor abraço.”
    Lisa gostaria de voltar aos seus 14 anos e mudar isso, ela tinha plena certeza de que se pedisse, seu avô não iria para aquela guerra. Ela estava com 18 anos e a lembrança do enterro do seu avô era tão nítida que não parecia ter passado nem uma semana. Ela jurava para si mesma, todos os dias, que não aceitaria que mais ninguém que ela amasse tivesse esse fim, nem que para isso ela precisasse sumir. A jovem transbordava admiração por seu irmão mais velho, Taehyung foi quem a manteve de pé com a partida de seu avô, ele era um jovem determinado e super protetor com sua irmã, porém a mesma sequer imaginava o que o irmão havia feito naquela semana, a decisão que ele havia tomado, decisão essa que o mesmo decidiu contar durante o almoço.

    - Eu quero aproveitar que estamos todos à mesa e comunicar algo que eu fiz durante essa semana, eu já tinha me decidido sobre isso há muito tempo, pretendia esperar até completar 25 anos, mas 23 já são suficientes, eu acho que não aguentaria esperar mais. – Tae começou de maneira calma. Por algum motivo um arrepio percorreu o corpo de Lisa, seu irmão estava sério.
    - Diz logo V! – Implorou a jovem.
    - Eu decidi que quero seguir os passos do vovô, eu quero ser um herói como ele foi, eu me alistei na marinha coreana, na semana que vem eu vou para a base começar o treinamento e as especializações. – Nem V poderia imaginar a reação de Lisa, que se levantou da mesa e apontou no rosto do irmão.
    - Você não pode fazer isso comigo, Taehyung!!! – Gritou, sua garganta ardendo em pura vontade de chorar.
    - Lisa, por favor, se controle! – Marco pediu a sua filha que o fitou com sangue nos olhos.
    - Eu já fiz, Lisa, é a minha vida, o meu futuro, é a minha escolha, você não pode mudar isso! – Rebateu a irmã que não ficou calada.
    - A partir de hoje você está morto para mim Kim Taehyung MORTO! – Vociferou, aquelas palavras destruíram o jovem, mas também haviam destruído Lisa, apesar de tudo ela não voltaria atrás da decisão que sempre jurou que tomaria. – Eu não fico mais um segundo sequer nessa casa!

    Ela saiu correndo da sala de jantar, foi até o seu quarto e pegou o necessário, fez uma ligação e em seguida saiu da casa de seus pais com a intenção de esquecer que um dia vivera ali, ela estava indo com a intenção de nunca mais voltar, tudo o que ela levava consigo era uma pequena mochila e seu celular.

    V não suportava lembrar-se daquele dia, alguns meses haviam se passado e ninguém tinha notícias de Lisa, Marco e Chipy haviam pedido ajuda das autoridades locais, mas devido às circunstâncias do acontecido eles não puderam manter as buscas por muito tempo, afinal de contas a jovem havia ido embora, não sumido do nada. O jovem se sentia sem vida, tudo piorou quando ele encontrou um diário de Lisa, onde ela afirmava que não aceitaria nada que colocasse alguém da sua família em risco, nada semelhante ao que seu avô fazia, isso era exatamente o que Tae havia feito, mas ele não esperava que a garota se fazia essas promessas secretas, ele não sabia que ela estava tão ferida a ponto de sumir para não ter que sofrer algo assim novamente.

    Era uma quinta-feira chuvosa, V havia voltado vitorioso de sua primeira missão e foi até um café bem ao centro da cidade, ele gostava do ambiente, sempre tinha música ao vivo no local, geralmente eram pessoas que estavam começando na música, mas naquele dia eles teriam uma atração especial, como dizia no cartaz que ficava pendurado na vitrine, era uma jovem cantora que já fazia um bom sucesso na internet e estava prestes a gravar o próprio CD, Tae estava disposto a assistir à apresentação da jovem e foi impossível não babar quando uma garota morena, marcantes olhos castanhos, um ar meio misterioso trajando roupas despojadas subiu ao palco e se apresentou como Rosé em um sotaque que definitivamente derreteu todo o coração do nosso pequeno coreano. Seus olhares se cruzaram e a conexão foi imediata, Rosé não sabia o motivo de sentir vontade de sorrir toda vez que seu olhar cruzava com o do belo rapaz que assistia seu pequeno show. V foi corajoso o suficiente para oferecer um café à ela assim que o show acabou e depois daquilo os encontros passaram a ser frequentes.

    Um ano passou feito um raio, Tae estava noivo de Rosé que fazia um enorme sucesso com sua música e estava mais do que animada para o que viria em menos de 3 meses, ela esperava uma garotinha, aos olhos dos pais de Rosé eles haviam apressado muito as coisas, mas eles adoravam Taehyung, ele era um bom homem, responsável, coreano e amava Rosé de uma forma perceptível a qualquer tapado, com Rosé não era diferente, sem contar que a mulher era como uma filha para Marco e Chipy que estavam “acostumados” com a ausência da filha mais nova, não havia um dia sequer que eles não tentassem entrar em contato com ela, que aos poucos começava a ter seu nome na mídia por aparentemente estar se revelando no mundo da moda, não, ela não havia se tornado modelo, ela era responsável por um blog de moda que estava fazendo muito sucesso entre os jovens, mal sabiam eles que todas as roupas eram projetadas pela própria Lisa, ao menos assim seus pais sabiam que ela estava bem, de certa forma, já que não poderiam afirmar, realmente.

(...)

    Rosé e Tae levavam uma vida perfeita, ainda mais desde que a pequena Hope, agora com dois anos, nasceu, ela estava naquela fase em que as crianças falam na mesma proporção que se enrolam com as palavras. V tinha missões com frequência, grandes missões, mas nunca se viu em uma grande enrascada durante elas, no máximo um ombro deslocado, o que já havia sido um susto enorme para Rosé.
Hope passava bastante tempo com seus avós quando Rosé precisava fazer algum show e Tae estava em missão, porém o casal sempre fazia de tudo para passar o maior tempo possível com sua pequena e, impressionantemente conseguiam.

   Quando Hope chegou aos seus quatro anos contava a todos como seu pai era um grande herói, era uma graça ver a pequena em seus monólogos durante as reuniões de família. Não era para menos, V havia sido nomeado como General da Marinha.
    Acho que todas as pessoas no mundo sentem aquele medo de algo ruim acontecer quando as coisas vão bem demais, Rosé sentia isso, Hope havia completado 5 anos haviam duas semanas e Tae havia partido para a maior missão de sua carreira, até o momento, dois dias após a festinha para a filha, Rosé estava absurdamente temerosa, obviamente tinha o apoio de suas amigas, de Jennie, que, mesmo não morando na cidade, a visitava com frequência, por sorte Rosé tinha Jisoo consigo sua melhor amiga e porto seguro o tempo todo e provavelmente tenha sido apenas por isso que a mulher sobreviveu à notícia de que seu marido, o grande amor da vida dela, havia sido brutalmente assassinado por um grupo de terroristas.
    Rosé se sentia completamente desestruturada, desolada, assim como seus sogros, porém a parte mais dolorosa de tudo foi explicar para sua filha, de apenas 5 anos, que o grande herói dela jamais voltaria para casa. Bom, a pequena não compreendia os motivos, mas ainda assim chorava, seu pequeno coraçãozinho doía e ela sabia que não era certo que seu pai fosse “morar no céu” como seus avós e sua mãe explicaram, ele tinha uma casa afinal de contas, com ele morando no céu quem brincaria de pique-esconde com ela e sua mãe?
    Rosé levou meses até se reerguer decidida a ser forte por sua filha e seus sogros, além do mais ela teria uma turnê para fazer em breve e levaria sua filha junto, ela tinha pessoas de confiança que a acompanhariam e tomariam conta da pequena durante as performances.

    - Hey anjinho, está na hora de irmos. – Disse Rosé a pequena garotinha que olhava fixamente para uma foto sua nos ombros de Tae
    - Omma, nós nunca vamos substituir o Appa, não é mesmo? – Questiona de maneira inocente. – Mesmo que agora ele esteja morando lá no céu, eu sei que ele ainda nos ama e continua sendo um herói.
    - Seu pai sempre será um herói anjo, ele nunca será esquecido, a Omma está prometendo, tudo bem? – Questionou para a garotinha que a fitou novamente.
    - Promete que nunca vai substituir ele? – Insistiu.

   Rosé apenas sorriu de leve e deixou um beijo na testa de sua filha, antes de pega-la no colo para que fossem até o aeroporto. Ela precisava encarar sua nova realidade e ser mais forte do que nunca

Fanfic Chaelisa - Orgulho & PreconceitoOnde histórias criam vida. Descubra agora