Adormeci como não conseguia a algum tempo. Depois de tudo que aconteceu, minhas noites de folga da loja de conveniência se resumiam a ficar acordado, imaginando como minha vida teria sido diferente se eu não estivesse no lugar errado e na hora errada.
Mesmo com os trovões e ventos fortes, assim que vi que Jisung pegou no sono com o caderno nas mãos, acabei indo tomar um banho e me deitei na cama de Gahyeon onde dormi a noite toda. Acordei com o barulho das goteiras do lado de fora, e fiquei surpreso quando os raios de sol entraram pela janela como se não tivesse tido um tufão na noite passada.
Estiquei meus braços ouvindo os estalos nos ossos. O colchão de Gahyeon era duro demais pra mim, mas foi o suficiente por aquela noite.
Caminhei até meu quarto onde Jisung tinha dormido, e dei três batidas na porta mas não tive resposta. Quando arrisquei abrir devagar, vi que ele tinha dormido no chão entre alguns cobertores e o caderno nas mãos. Eu sorri sem perceber, vendo como seu rosto era bonito ressonando calmo sem estar com medo de mim.
Fui pra cozinha onde comecei a fazer café e torradas. Talvez tenha feito barulho demais quando procurava pela torradeira, pois logo Jisung apareceu na porta da cozinha com o cabelo bagunçado, o olhar receoso e tímido, e segurando o caderno abraçado contra o peito.
- Bom dia - sorri.
- Por que Minjae o mandou embora? Ele não gosta dele?
Demorei alguns segundos pra entender sobre o que ele estava falando. Era sobre a história escrita no caderno, aquela que passei noites e noites criando e imaginando.
- Você já chegou nessa parte? - ri percebendo que ele tinha realmente gostado.
Jisung balançou a cabeça positivamente e esfregou os olhos, provavelmente com sono por ter passado a noite toda lendo.
- Minjae ainda não sente nada, mas não o odeia de verdade - respondi.
Jisung respirou fundo, como se ainda não conseguisse entender.
- Senta - indiquei a cadeira e coloquei uma xícara de café na sua frente.
Ele hesitou, pensou por alguns segundos e se sentou sem jeito, com um resquício de vergonha e medo.
- Não gosto de Minjae - falou.
- Ele não é assim de verdade, acredite.
- Me leva pra casa.
Me virei pra olha-lo, um pouco surpreso com o que ele disse. Sua estadia me fez pensar que seu medo de mim tinha acabado, mas não era tão simples assim. Jisung parecia não saber passar muito tempo na companhia de outra pessoa, e ter passado tanto tempo comigo o assustou.
Mesmo sabendo que depois do tufão sua casa talvez não teria condições de ser habitada, eu prometi que o levaria de volta. Se ele quisesse realmente ficar lá, eu trabalharia todas as noites na loja de conveniência pra conseguir pagar uma reforma.
- Tudo bem - respondi - Coma primeiro e eu te levo.
Seu olhar não gostou muito do meu tom, mas ele não recusou a comida. Enquanto comia as torradas como se fosse a coisa mais gostosa do mundo, preparei alguns potes de comida e outro com os biscoitos que Gahyeon tinha feito.
Depois disso, tomei um banho rápido e troquei de roupa. Pensei em dizer a Jisung que ele poderia tomar um banho se quisesse, mas sabia que ele jamais aceitaria tirar a roupa sabendo que uma pessoa que ele conhece a dias está no cômodo do lado.
Então, fiz ele vestir um moletom e entramos no carro. Ele lia a história enquanto eu dirigia, não sei se porque queria ler ou se só não queria ter um diálogo comigo.

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- 𝘼𝙉𝙏𝘼𝙍𝙀𝙎; (𝘮𝘪𝘯𝘴𝘶𝘯𝘨)
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