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Alguns dias depois.
De volta a Gangnam-gul
13:07

Parece que tirei um peso enorme das minhas costas, mas às vezes ainda me pergunto se ele não continua por lá.

É tão bom poder respirar e sentir o cheirinho de casa outra vez, poder deitar no meu colchão macio, ver a vista da janela da sala ou tomar banho no meu chuveiro quente que gosto tanto. Voltar pra casa é a sensação mais acolhedora e gostosa do mundo, só que pensei que ainda me sentiria inseguro quando estivesse aqui, mas isso não aconteceu. Hoje faz sete dias que nos mudamos de volta e a única coisa que sinto é paz e conforto por estar em casa outra vez, o medo simplesmente sumiu.

Quando voltamos, fiquei ocupado organizando nossas coisas de volta nos armários e limpando a sujeira da casa que ficou cheia de pó enquanto não estávamos aqui. Foi divertido fazer isso, passamos um dia todo limpando tudo juntos e escutando algumas músicas que Sicheng colocou na caixa de som. Ele reagiu bem quando falamos que íamos voltar pra casa, tão bem que ele continua vindo aqui quase todos os dias e até nos ajudou na limpeza. Ele é como se fosse da família agora, acho que tenho a mesma consideração que Jisung tem por ele a esse ponto da história, pois Sicheng realmente é alguém de coração grande e bondoso.

Depois que tudo estava em seu devido lugar, Gahyeon voltou a ir pra faculdade e eu voltei a passar o dia todo com Jisung. Cozinho pra ele, assisto filmes com ele, saímos pra algum lugar de vez em quando, e às vezes até tiramos uma soneca juntos. Ficar com ele faz bem pra mim e pra minha alma, mas há momentos em que ele vai pro quarto tocar seu teclado enquanto eu me sento no chão da sala com meu caderno nas mãos. Momentos como esse também são bons, me fazem pensar que nem sempre precisamos estar fazendo algo juntos, mas não importa onde estejamos, a quilômetros de distância ou a um cômodo de diferença, nada muda entre a gente e nada vai mudar o que sentimos.

E assim os dias foram passando, às vezes muito rápido e às vezes muito devagar, mas a tranquilidade das coisas foi aos poucos fazendo a preocupação desaparecer e o peso nas minhas costas se tornar quase inexistente. Agora, eu nem lembro que tenho motivos pra me preocupar, e me pergunto se não estou sendo inconsequente demais. Talvez eu devesse escutar Gahyeon e investir na ideia de nos mudarmos pra outro país, mas me pego pensando se isso ainda é realmente necessário, ou se o silêncio de tudo é só um aviso pra que eu me preocupe ainda mais.

— No que está pensando? – Jisung me pega de surpresa e me abraça por trás.

— Em nada – afasto os pensamentos outra vez – Por que, meu bem?

— Não sei – riu baixinho – Queria saber se estava pensando o mesmo que eu.

— E no que você está pensando? – ri e me virei de frente pra ele.

— Nada – ele balançou a cabeça rindo e suas bochechas ficaram vermelhinhas.

— Fala – comecei a beijar seu pescoço diversas vezes porque sei que ele sente cócegas – Fala agora.

— Tá bom, tá bom – ele me afastou entre risadas – Eu vou falar.

— Então fala – pedi outra vez.

Ele ficou em silêncio e tímido, começou a mexer nos cordões da minha blusa de frio pra disfarçar.

— Não é nada demais.

— Então diz – chacoalhei seus ombros levemente.

— Eu só estava pensando sobre... nós dois – mordeu o lábio um pouco envergonhado – E sobre você também. Quando olho pra trás, parece que éramos pessoas tão diferentes quando nos conhecemos, e hoje estamos aqui, juntos. Eu nunca pensei em ter uma vida assim com alguém, eu nem conseguia falar com as pessoas e hoje isso não é tão assustador como era antes. Eu mudei muito, você também mudou muito.

- 𝘼𝙉𝙏𝘼𝙍𝙀𝙎; (𝘮𝘪𝘯𝘴𝘶𝘯𝘨)Onde histórias criam vida. Descubra agora