007

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Os olhos de Han Jisung eram como duas esferas de medo. As pálpebras tremiam, as lágrimas se juntavam ao redor de sua íris e seu olhar buscava uma saída.

Se encolheu contra a parede puxando o cobertor para si, e instantaneamente começou a suar e respirar sem controle algum. Meu coração se apertou, e mesmo sem mover um músculo para não assusta-lo ainda mais, ele ainda tentava se fundir na parede e desaparecer pra longe de mim.

- Ei - me esforcei pra oferecer o olhar mais simpático que podia e manter minha voz em um tom baixo. Suas unhas arranhavam a parede e suas pernas chutavam o ar. O único som que preenchia o quarto além do tufão que se aproximava era o som da sua respiração ofegante, e das mãos tentando se agarrar em alguma coisa.

- O-onde eu estou? - gaguejou com a voz trêmula - Por que me trouxe aqui?

Comecei a me sentir desesperado quando percebi o tamanho do seu nervosismo. Não esperava que ele fosse se assustar tanto, e não sabia ao certo o que fazer para acalma-lo.

- Preciso que fique calmo, consegue fazer isso? - perguntei.

- Eu vou embora! - ele gritou. Tentou se levantar mas colocou a mão na cabeça quando sentiu tontura.

Enquanto ele estava com a cabeça baixa, corri pra cozinha pra buscar um copo de água e voltei o mais rápido que pude.

- Tome um pouco - ele olhou brevemente para o copo.

- Não quero - sua voz estava tão desesperada que percebi que ele queria chorar.

Tampou o rosto com as mãos e soluçou baixinho, sua barriga ainda se mexia com rapidez devido a sua respiração descontrolada. Eu engoli em seco, me lembrando das palavras de Gahyeon e me perguntando se tinha feito a escolha certa, mas assim que ouvi um trovão lá fora eu tive a certeza que sim.

- Eu vou me afastar e vou te explicar tudo, tá bem?

Ele acentiu, mas continuou chorando. Com o coração doendo eu respirei fundo, passei pela porta e a fechei.

Me sentei no corredor, esperando que Jisung pudesse ouvir minha voz de dentro do quarto, e deixei a porta destrancada pra que ele não se assustasse mais.

- Se sente mais seguro agora? - perguntei.

- Não... - murmurou baixinho - Me deixa sair.

- Você pode sair, eu não te sequestrei - disse - Você estava desacordado quando te achei, ia morrer de frio se ficasse lá fora tomando chuva.

Jisung ficou em silêncio. Ouvi o barulho da tempestade por alguns segundos até que escutei ele se aproximar, provavelmente se sentou encostado na mesma parede mas do lado de dentro do quarto.

- Você me salvou?

- Vai me agradecer? - brinquei.

- Não - respondeu sem humor nenhum - Devia ter me deixado lá.

Senti uma pontada no coração. Estava errado em pensar que Jisung se sentiria grato ou nos aproximaríamos depois disso. Na verdade, ele não tinha perspectiva de vida nenhuma, e jamais me agradeceria por ter o acordado pra viver essa vida de novo.

- Eu não podia, Jisung - respondi - Você morreria, sabe disso, não é?

- E qual o problema? - seu tom era áspero - Desde que Chan Hyung sumiu nada tem muita importância.

A faca cravada em meu coração agora girou, se aprofundando ainda mais. Aquele nome era meu maior pesadelo, e escuta-lo sendo mencionado por Jisung com tanta tristeza me fez sentir a familiar pontada de culpa.

- 𝘼𝙉𝙏𝘼𝙍𝙀𝙎; (𝘮𝘪𝘯𝘴𝘶𝘯𝘨)Onde histórias criam vida. Descubra agora