Agosto de 2008
Guryong Village, Seul.As gotas de chuva gelada caíam sobre a pele fria de Bang Chan, encharcaram suas roupas, molharam seus fios de cabelo e foram aos poucos abaixando a temperatura do seu corpo que tremia de frio. Já era de manhã, as nuvens cinzas no céu estavam carregadas de água, e a chuva não ia parar tão cedo. Chan se enganou quando na noite passada pensou que o dia seguinte seria melhor, e que o desespero iria embora com a luz das estrelas. Estava errado, as estrelas sumiram e o sol nasceu, e a única coisa que Bang Chan sentia era desespero.
Jisung dormia no chão da calçada, ou pelo menos fingia dormir, porque desde que a chuva começou a sacola de plástico que Bang Chan usou pra tentar fazer uma barreira não foi o suficiente pra impedir a chuva de molha-lo. Agora, não tinham como se proteger, e tudo bem aguentar a chuva durante o dia, mas Chan tinha medo de quando a noite caísse e as roupas úmidas os deixassem com tanto frio que acordariam congelados. Ele precisava agir rápido, qualquer esconderijo que os protegesse do frio era o suficiente, mas onde iriam ficar? Ninguém ia ceder um teto pra duas crianças sem antes comunicar as autoridades, e isso não podia acontecer em hipótese alguma, porque além de serem encontrados por quem matou seus pais, seriam levados pra um orfanato e separados pra sempre.
— Pensa – sussurrou pra si mesmo – Você consegue.
Respirou fundo e fechou os olhos com força, estava diante do momento mais difícil da sua vida. Era só um garoto, não tinha ideia do que fazer ou pra onde ir, a vida estava lhe obrigando a crescer e amadurecer rápido demais, e Chan não fazia ideia de como tomar decisões de adultos. Se seu pai estivesse vivo, ele os salvaria, mas Bang Chan já esperava que isso fosse acontecer, e se preparou pro pior desde o começo. A responsabilidade era só sua agora, pois o trauma de Jisung levou uma parte dele embora que talvez não fosse mais voltar. Chan era o único que poderia protege-los se algo acontecesse, é por isso que seus pais confiaram nele pra trilhar um novo caminho se não estivessem mais presentes, porque aquilo que Bang Chan sempre pode oferecer em grande quantidade era a força que tinha dentro de si.
— Ei, você!
Um homem de meia idade gritava do outro lado da rua, se escondendo na beira do telhado de uma livraria. Bang Chan tremia tanto de frio que não conseguia responder, sua mandíbula dançava de um lado pro outro e seus lábios estavam brancos.
— Vem pra cá, saiam da chuva.
Ele entrou na livraria, e Chan olhou pra Jisung tentando pensar rápido se era mesmo uma boa opção aceitar ajuda de estranhos, pois eles poderiam não ser confiáveis assim como seu pai tinha alertado antes.
O garoto loiro não abriu os olhos ou se moveu do chão, seu corpo também tremia mas parecia ser um movimento involuntário, pois Jisung continuava imóvel de acordo com a sua vontade. Estava totalmente molhado, seus fios de cabelo caíam na testa, seu único moletom de frio tinha grudado no seu corpo de tão encharcado. Se fossem passar a noite na rua de novo com roupas tão molhadas iriam certamente ter uma hipotermia, então Bang Chan decidiu que dessa vez não tinha nenhuma escolha, e por questão de sobrevivência, precisava confiar em estranhos.
— Sung, vem – puxou seu braço com cuidado – Levanta.
O garoto abriu os olhos inexpressivo, e foi cambaleando atrás do irmão correndo pra atravessar a rua. Quando entraram na pequena e simples livraria, toda a água de seus sapatos molharam o tapete da entrada, e Bang Chan se sentiu um pouco envergonhado por isso.
— Estão encharcados – o homem saiu de trás de uma estante de livros e caminhou até eles – O que estão fazendo na rua? Vão pegar um resfriado com esse frio.
Jisung se agarrou no braço do irmão e se escondeu atrás dele, cada palavra que o homem dizia lhe fazia tremer, e não era de frio dessa vez.
— Não podemos voltar pra casa agora, s-senhor – Chan gaguejou ao responder com lábios tão trêmulos.

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- 𝘼𝙉𝙏𝘼𝙍𝙀𝙎; (𝘮𝘪𝘯𝘴𝘶𝘯𝘨)
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