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— "Embarque para Taiwan" – leu no televisor – Sabe, eu estive tentando aprender chinês durante esse tempo, mas eu descobri que é um saco.

Xiaojun mordeu o pirulito dentro da boca, e o barulho era como se ele estivesse mastigando vidro. Gahyeon sentiu o som entrar pelos ouvidos e fazer seu interior todo tremer, odiava barulhos desse tipo, e é claro que ele fazia de propósito.

— Eles tem várias entonações, se você errar a entonação acaba falando uma palavra completamente diferente. Não acha isso difícil demais?

Gahyeon ignorou, deixou seu olhar preso no portão de embarque do aeroporto porque não queria olha-lo nos olhos. Sentia nojo dele, não conseguia esquecer da sensação da agulha perfurando seu pescoço quando ele a encontrou um quarteirão antes da rua da sua casa.

Ainda se sentia zonza pela droga, os olhos mal conseguiam ficar abertos e as pernas estavam dormentes. Ela queria dormir pra sempre, mas pensou que se cedesse aos efeitos da droga ia deixar qualquer oportunidade de fugir passar, então apenas se forçou a ficar acordada, esperando pelo momento oportuno onde pudesse pedir ajuda a alguém.

— Você deve ter aprendido toda essa merda com seus pais na China – comentou enquanto balançava a perna naturalmente, como se estivesse em um dia normal da sua vida – Mas pra te falar a verdade, eu acho uma grande bobeira. Estou feliz que não preciso mais fingir.

A garota quis se virar com brusquidão e lhe acertar um soco na boca, talvez assim ele ficasse em silêncio ou se engasgasse com o maldito pirulito lhe permitindo fugir, mas Gahyeon mal tinha forças pra mexer um dos braços, e a cada segundo que passava sua cabeça caía pra frente com o cansaço extremo.

— Se você se comportar vamos visitar alguns lugares na Tailândia, ir a alguns restaurantes e comer comida boa. Quando eu me cansar, descarto você e Minho tem o que merece. Não é maravilhoso?

Xiaojun gargalhou sozinho, e Gahyeon tentou não se concentrar no som da sua risada pra que não acabasse com seu auto-controle. Precisava apenas focar em ficar acordada, em observar as pessoas a sua volta pra encontrar alguém que pudesse pedir ajuda, pois sabia que não tinha condições físicas pra sair correndo pelo aeroporto e fugir de Xiaojun. Ele seria mais rápido e mais forte que ela, então precisava arranjar outra alternativa pra se livrar dele.

— Gostou do seu novo nome? – abriu o passaporte falsificado na sua frente – Saori. É lindo, não é?

Gahyeon permaneceu em silêncio, sabia o quanto ele ficava irritado quando era ignorado, e ela queria vê-lo cada vez mais nervoso e fora do sério.

— Tudo bem, vou deixa-la descansar. Você deve estar triste por deixar o país que nasceu e também pelo seu irmão ter sido preso.

Gahyeon arregalou os olhos e olhou pra ele, sua reação de surpresa era o que Xiaojun estava esperando pra dar uma gargalhada alta e cheia de satisfação por deixa-la daquela forma.

— Ah, você não sabia? – perguntou cínico – Me desculpe, estraguei a surpresa.

Seu coração disparou e a respiração acelerou, mas seu corpo ainda não correspondia aos seus comandos, suas mãos e até seus lábios estavam dormentes e ela não conseguia se mexer muito bem.

— Sinto muito, ele não vai poder se despedir de você – forçou uma expressão de pena – Mas nós podemos mandar um cartão postal da Tailândia, o que acha? Ele vai ficar feliz quando receber.

Gahyeon quis chorar, seus olhos até encheram de lágrimas mas ela piscou uma única vez e não derramou nenhuma delas. Não podia demonstrar fraqueza agora, se Minho estiver mesmo preso, ela está sozinha nessa situação.

- 𝘼𝙉𝙏𝘼𝙍𝙀𝙎; (𝘮𝘪𝘯𝘴𝘶𝘯𝘨)Onde histórias criam vida. Descubra agora