O ar gelado petrificou meus dedos e fez minha pele ficar rosada. A água das poças se espalhava sempre que eu pisava em alguma e me molhava, ficando cada vez mais congelado de frio.
Finalmente cheguei no fim da cidade, onde a única luz vinha do posto de gasolina totalmente vazio e dos carros que passavam com rapidez na estrada. Passei pelo pátio e vi a silhueta familiar dentro da conveniência, sentado no balcão e fazendo algumas contas enquanto anotava o resultado no bloco de notas. Ele sorriu quando me viu.
- Minho hyung, já faz um tempo, não? - brincou e eu sorri fraco, sem muito bom humor.
- Como está tudo por aqui? - perguntei enquanto pendurava o casaco e deixava meu uniforme amarelo e crachá a vista.
- Bem, você sabe que não tem muito o que fazer - ele se aproximou de mim pra sussurrar - a gente ta a caminho da falência.
- A caminho? - ri fraco - achei que já tínhamos chegado lá.
- Quieto! - riu e falou baixinho de novo - as paredes escutam.
Dei de ombros e peguei a tabela de datas de validade na gaveta, começando a conferir pela prateleira de chocolates.
- Estou cansado, hyung. O dia na delegacia foi estressante e ainda tenho todas essas contas pra fazer - bufou fazendo a mesma cena de drama de sempre.
Hyunjin era chato e dramático às vezes, mas de todas as poucas pessoas que conheço, ele é quem chega mais perto da palavra amigo.
Acho que o que acabou nos unindo foi a pobreza. Ele não conseguia pagar os estudos com o salário de estagiário e eu não queria me sustentar com a lavagem de dinheiro dos meus pais, o que resultou na nossa admissão em um posto de gasolina falido onde só param três carros por noite. Passamos tempo demais juntos, sem poder dormir ou ter no que trabalhar, e foi assim que eu soube absolutamente tudo sobre Hyunjin e sua vida, enquanto ele, ainda não sabe muito sobre mim.
- Você tem trabalhado no mesmo caso? - me senti nervoso, com medo de que ele soubesse de algo sobre o que aconteceu.
- Sim, não tem muitos casos novos, ainda estamos com o caso de prostituição. Changbin ia fazer uma operação hoje a noite.
Respirei aliviado. Se ele não mencionou nenhum caso novo é porque ainda não encontraram o corpo de Bang Chan. Pensando bem, não sei se deveria achar isso uma coisa boa.
Hyunjin começou a falar sobre Changbin como sempre fazia, admirado pela competência do homem como investigador e escondendo a pitada de inveja que tinha porque queria ser como ele no futuro.
Continuei checando as datas de validade enquanto escutava Hyunjin com atenção, tentando me entreter com o assunto e esquecer aquilo que ainda me assombra minha mente, até que algo me chamou mais atenção do que as fofocas de delegacia. O celular dele tocou, e era Changbin.
- Estranho, ele nunca me ligou - franziu o cenho pra tela do celular - alô?
Consegui ouvir a voz de Changbin do outro lado da linha, não porque Hyunjin deixou o volume no último, e sim porque o silêncio naquela parte de Seoul era absoluto.
- Hyunjin, preciso da sua ajuda - ele parecia um pouco ofegante - sabe que confio em você, então você vai fazer um favor pra mim.
- O quê? - ele parecia um pouco nervoso.
- Pega seu computador, vou te dar a senha pra ter acesso às fichas criminais. Depois você apaga tudo e finge que nada aconteceu, entendeu?
- Entendi - ele engoliu em seco correndo pra pegar seu computador na mochila e seguir as orientações dele.

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- 𝘼𝙉𝙏𝘼𝙍𝙀𝙎; (𝘮𝘪𝘯𝘴𝘶𝘯𝘨)
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