Estou preso em um mar infinito, velejando devagar em direção a nenhum horizonte, com ondas calmas que me cercam, e que, mais tarde, serão o motivo do meu naufrágio.
Sou uma alma manchada, em meio a outras que reluzem sem culpa, subindo aos céus sem marcas de sangue, enquanto a minha pende pra baixo, com chamas que queimam meus pés vindo do lugar de onde eu vim.
Estou perdido, é só o que penso.
Quando olho para as minhas mãos, há sangue, e ao meu redor, não há nada além de uma imensa escuridão.
Lágrimas escorrem pelo meu rosto, e o chão abaixo dos meus pés está tão quente, que faz o suor escorrer pela minha testa umidecendo meus fios de cabelo.
Por algum motivo, sinto um remorso imenso machucar meu coração, e fazer meus olhos arderem. Então, escuto um suspiro, e finalmente entendo tudo.
- Por que? - a voz se quebrou no silêncio, e a cor pálida da sua pele reluziu no escuro.
Eu engoli em seco, com meu coração batendo na garganta, reconhecendo a voz de alguém que nunca conheci.
- Por que fez isso comigo? - soluçou.
Seu corpo estava estirado no chão, com as mãos cruzadas, como se estivesse clamando para ser enterrado.
- Me desculpa - tentei dizer em meio ao choro mas perdi todo o ar em meus pulmões - Eu não queria, eu juro...
Minhas mãos cheias de sangue foram até meu rosto, tentando enxugar as lágrimas que desciam sem parar, e buscando por qualquer superfície onde pudesse apoiar meu corpo que insistia em cair no chão.
- Minho! - escutei a voz feminina me chamar - Minho, acorda!
De repente, minha consciência voltou pra realidade em menos de segundos.
Meu corpo se encontrava no mesmo estado, com a blusa grudada no meu corpo suado, o rosto molhado em lágrimas, e a minha irmã me olhando com imensa preocupação.
- Você está bem? Acho que estava tendo um pesadelo - sua mão checou minha temperadura e buscou a garrafa de água do lado da minha cama.
- Estou bem - disse depois de beber um gole - Acontece toda noite.
Ela respirou com alívio, e se levantou da minha cama pra buscar o celular na cômoda.
- Está na mídia agora - seu tom de voz mostrava que a notícia não era boa, e eu confirmei quando ela virou a tela do celular pra mim.
Bang Chan, 22 anos, desaparecido.
Senti um frio na barriga quando olhei sua foto na notícia, mas tinha a completa certeza de que Jisung não havia denunciado seu desaparecimento.
Faz dois dias que estou levando comida pra ele de manhã e a tarde, e ele nunca abre mais do que o necessário pra pegar a sacola e bater a porta na minha cara. Com isso, eu percebi que seu medo de falar com estranhos era pior do que eu pensava, e faz com que eu me questione que outra pessoa deu falta de Bang Chan.
A notícia dele desaparecido era melhor do que uma procurando pelo seu assassino, entretanto, a dúvida me deixava pior do que a culpa em meu coração. O que aconteceu com ele? Onde foi parar seu corpo? Eram tantas perguntas que minha cabeça quase explodia.
- O que vamos fazer? - Gahyeon se jogou na cama, com a mesma expressão confusa e traumatizada que agora estava sempre presente em seu rosto.
- Você, nada - respondi - Eu vou ver o irmão dele, é só o que eu posso fazer.
- Não se aproxime muito, Minho, se criar algum vínculo com ele vai ser pior.
- Sim, eu sei - respirei fundo jogando minha cabeça pra trás - Nem se eu quisesse me aproximar, eu não conseguiria.
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- 𝘼𝙉𝙏𝘼𝙍𝙀𝙎; (𝘮𝘪𝘯𝘴𝘶𝘯𝘨)
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