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N A R R A D O R

Carl e Liz entraram na casa da mulher e caminharam para a sala de televisão, onde Judith  estava deitada no sofá com a televisão ligada. Liz parou em frente ao sofá e sorriu ao ver ela dormir. 

- Coloque ela na minha cama! - ela diz recolhendo as vasilhas e as levando para a cozinha, onde as lavou e colocou para secar no canto da pia. - Durmo no sofá esta noite.

Carl pegou a irmã no colo e à levou para o andar de cima, colocando a mesma no quarto de Liz e vendo as malas no canto do mesmo, da mesma forma que estavam horas atrás. Será que ela havia se decidido? Seus passos o levaram para fora do quarto e ele entrou no banheiro do corredor, pronto para poder tomar um banho e tirar todo o sangue e sujeira que havia em sua pele.

Liz estava no andar debaixo, tentando arrumar uma posição boa o suficiente para que a pudesse dormir depois. Mas com aquele machucado, parecia não haver nenhuma posição boa o suficiente ou que não lhe fizesse sentir dor.

- Merda! -  ela exclama se levantando e caminhando para a cozinha.

Uma de suas facas foi pega e ela subiu as escadas, dando de cara com Carl saindo do banheiro apenas de toalha na cintura e com os cabelos molhados. Ela engoliu seco e passou reto por ele, entrando em seu quarto e procurando por suas luvas de boxe.

-  O que vai fazer com isso? - ele questiona parando  na porta do quarto e cruzando os braços. seu peito ainda nú fez com que Liz abaixasse a cabeça e evitasse contato com o homem em sua frente. - Não está achando que eu vou deixar você usar isso no porão...você está! 

Carl parou Liz assim que ela saiu do quarto e fechou a porta do mesmo. Sua mão estava envolta do pulso da mulher em sua frente e ele podia ver o olhar de desespero que ela tinha. Olhar de quem queria sair de lá o mais rápido o possível. 

- Me dá isso aqui. - ele retira ambas as luvas da mão de Liz - Se quer gastar energia com alguma coisa, vá sei lá, fazer uma caminhada, vá na festa  das garotas, concerte as coisas da sua moto, mas não use a violência ou a força bruta pra isso, não com esse machucado na barriga. 

Ela respirou fundo e desceu as escadas, caminhando e direção a cozinha com os passos lentos e abrindo o armário. Sem luta, uma bebida encheria o espaço vazio que a falta de sono deixava. Desde mais cedo a lembrança de Mike sobre ela ainda reinava em sua mente. 

- Quando começou... sabe, os pesadelos e o medo de dormir? - Carl questiona se sentando ao lado dela e enchendo o copo vazio e limpo que estava sobre a bancada. 

Liz demorou para responder. Seu copo com apenas um resquício de bebida foi deixado sobre a pedra da bancada e ela encarou a garrafa.

- Sempre tive.  - ela responde em tom baixo - Medo de dormir e quando acordar estar sozinha ou machucada, medo de ser usada de novo e de novo, medo de ser acordada com uma faca em meu pescoço e sendo ameaçada de morte, medo de  nunca ser suficiente...Eu evito pensar, evito sentir qualquer coisa só pra não sentir medo de perder. Você também deve ter medo de alguma coisa, um que ninguém sabe. 

Carl ri nasalmente. 

- Medo de morrer por causa de um zumbi e não poder me despedir da minha família. De estar distante demais e não poder dizer minhas últimas palavras. 

- Você pelo menos ainda tem a sua. - ela responde descendo do banco e se sentando no sofá com o copo em mãos. - Tem pessoas de fora que se tornaram sua família, você sabe que pode contar com eles.

- Você tem o Paul, pelo o que eu sei. Vocês dois se dão muito bem e parecem dois irmãos que enchem o saco um do outro, mas também apoiam e ajudam. - Carl responde se sentando em frente a ela,  sobre a mesinha de centro - Olha pra você Liz, você é jovem, é bonita, sabe viver nesse interno de mundo e deixa o medo tomar conta de você à noite?  Mande um foda - se pro medo e levante a cabeça, pise sobre o medo e consiga ser mais forte que suas lembranças.

Ele beberica sua bebida.

- Sei que elas são duras,  que são dolorosas, eu tenho lembranças assim também, mas eu tento não deixar elas me consumirem. Noite passada foi um caos pra você, você agiu para salvar sua vida quando alguém estava tentando te machucar. Sei que as marcas estão aí, as cicatrizes ficam, mas você escolhe se quer viver nas sombras e com medo delas ou aprender a ser mais forte usando tudo que passou pra isso.

Liz sorri e encara o copo em suas mãos. Ela não gostava de concordar... mas Carl tinha razão, não dava para ficar vivendo no mundo com medo dos momentos que já haviam passado.

- Na estrada aquele dia, o dia que voltamos de Hilltop... - ela engole seco - Acho que vi minha mãe, andando no meio dos mortos.

Carl suspirou pesado e mudou de lugar, se sentando no sofá ao lado dela e segurando sua mão.

- Se era ela ou não, aquele corpo morto e podre não pode te afetar assim. - ele acaricia o local - Aprenda a viver deixando o passado para trás, deixando a insegurança, o medo...isso é uma coisa que você tem que fazer todo dia.

- Carl Grimes, o dono dos conselhos.

Eles riem.

- Antes você me chamava de Grimes, depois de Carl, agora vamos pro nome e sobrenome?

- É...vamos! Por enquanto. - ela completa olhando dentro do olhar cristalino de Carl e descendo sua atenção para a boca do mesmo. O olhar quente dele sobre ela, a fazia querer fazer o que podia arruinar toda sua vida e seus princípios. E o pior, ela confiava nele, mais do que em qualquer outro daquela comunidade. Ela se sentia bem ao lado dele.   - Espero não me arrepender.

Liz deixou o copo sobre as pernas e beijou Carl, deixando seus dedos entrarem nos cabelos do mesmo e sentindo a mão dele sobre sua cintura.

Carl puxou Liz para seu colo e sentiu a bebida derramar sobre o sofá, deixando uma exclamação sair de seus lábios. Ele tinha esperado dias pra poder fazer aquilo de novo e nem havia percebido que queria mais e mais.

Liz confia no Carl... mas ela não vai admitir isso pra ninguém, nem pra ela mesmo kkkk

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The Enemy | ᶜᵃʳˡ ᵍʳⁱᵐᵉˢ|Onde histórias criam vida. Descubra agora