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N A R R A D O R

Na manhã que se iniciou, Liz se revirou na cama confortável e abriu os olhos, se adaptando com a claridade vinda da janela. Ela se sentou na cama ao perceber que o quarto em que ela estava não era o dela e muito menos era a sala de televisão onde ela havia caído no sono na noite anterior.

As fotos sobre a cômoda lhe fizeram levantar e as segurar. Era o quarto de Carl. As fotos dele com a irmã e com o resto da família. Havia também a foto de uma mulher de olhos claros e cabelos castanhos longo. Ela mordeu os lábios como se questionasse a si mesma sobre quem ela poderia ser.

- Minha mãe! - Carl diz entrando no quarto. - A de sangue. Dormiu bem?

Ele caminhou em direção ao guarda roupa e pegou algumas roupas, as colocando dentro da mochila em sua mão.

- Como vim parar aqui? - ela deposita o porta retrato no lugar e encara o quarto.

Haviam alguns pôsteres de time de futebol americano, basquete e até mesmo de hóquei. Algumas fotografias tomavam conta da parede da mesinha de estudo, onde havia também uma quantidade exagerada de mapas enrolados e cadernos.

- Eu te trouxe. Achei que seria melhor e mais confortável você dormir aqui do que na sala, não que aquele sofá seja duro, ao contrário ele é mais confortável que a maioria dos sofás, mas achei que você precisava de uma boa noite de sono antes de tomar sua decisão final.

Ela deixou um "hum" escapar por seus lábios e saiu do quarto. Entrando no corredor e caminhando para o banheiro, onde tomou um banho de água fria e seguiu para seu quarto. Estava limpo.

As bolsas vazias estavam sobre sua cama, como se eles estivessem enfim aceitando que ela deveria ir embora. Algumas caixas de papelão estavam cheias no chão e quando ela as tocou, sua boca secou e o questionamento ressurgiu: Ir ou não embora?

Liz se xingou e saiu do quarto, deixando a casa e caminhando pelas ruas da comunidade como se fosse a forma dela decidir o que faria. Suas mãos estavam fechadas e juntas em frente ao seu corpo. Algumas pessoas sorriam outras estavam com a mesma cara fechada de sempre, nada que abalasse a mulher. 

- Liz, Ei! - uma garota caminhou até ela e a abraçou, pegando a mulher de surpresa e a deixando sem jeito - Obrigada!

Sem entender ela deu alguns passos para trás e soltou um sorriso fraco.

 Seus passos recomeçaram e ela passou pela ponte, onde teve a visão do cemitério. Não havia nenhum túmulo novo lá, nenhum resquício de que o homem da noite anterior havia sido enterrado. 

Duas garotas se aproximaram e repetiram o gesto que a anterior havia feito, fazendo Liz ficar espantada e sem entender do mesmo jeito que a anterior. Elas se afastaram dessa vez e Liz se apoiou na cerca da ponte, colocando sua mão sobre o ferimento que ardia. 

Mary respirou fundo, secou o rosto e caminhou até Liz. Ela parou ao lado dela e soltou o ar que armazenava dentro de seus pulmões.

- Sinto muito pelo o que meu irmão tentou fazer com você. Ele não era daquele jeito. Esse mundo mostrou o lado ruim das pessoas!

- Não precisa me pedir desculpas pelo o que ele fez. - Liz responde ajeitando seus cabelos. - As marcas vão ficar, mas...

- Fez o que era certo, até minha mãe concorda! Desde aquele vídeo, ela tem mudado com ele, parecia que tinha realmente perdido a esperança  que ela ainda tinha. Sabe aprendeu com meu avó que mulheres não deviam ser respeitadas, meus pais tentaram... mas, nada mudou. Ele podia ser meu irmão, mas eu sabia que ele não iria muito longe com essas coisas. A morte foi melhor pra ele e pro resto da minha família. Me desculpa! 

- Já disse que tudo bem. - Liz responde deixando Mary para trás e seguindo para a enfermaria. 

Ela não teria mais Carl pra cuidar de seus machucados e muito menos teria que se preocupar de alguém ver ou não suas cicatrizes. 

- Enid? - ela chama - Pode me arrumar algumas coisas pra cuidar do meu machucado?

A mulher de olhos claros e bochechas gordas sorriu e concordou, entrando na dispensa onde pegou as gases e remédios. Quando voltou encontrou Liz encarando a criança deitada na cama, com o rosto vermelho e suado.

- Ele e mais duas crianças adoeceram. Um grupo vai sair pra procurar remédios que possam nos ajudar a fazer eles melhorarem. Aqui!

Liz segurou as coisas e encarou as crianças uma última vez. 

- Foi você que pediu para as mulheres e garotas da comunidade me agradecerem? 

- Não mesmo, mas todas estão gratas por você ter dado um fim no idiota do Mike. Até eu estou! - ela sorriu e caminhou para perto da criança. 

Postado!!!!
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Beijos e fuiii

The Enemy | ᶜᵃʳˡ ᵍʳⁱᵐᵉˢ|Onde histórias criam vida. Descubra agora