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L I Z

Sim, eu estava com raiva, com muita raiva na verdade. Conseguia sentir meu sangue borbulhar dentro das minha veias a cada passo que eu dava em direção ao centro da comunidade, onde o caminhão principal dos Salvadores estava.

Carl tinha uma pessoa para proteger, sua querida namoradinha que estava coberta por um sangue que também não era dela. Ele não podia me ajudar no que eu queria e eu só queria uma coisa...uma pessoa. Negan.

Os corpos que estavam estirados nas ruas de Alexandria eram de sua maior parte, Salvadores, apenas alguns eram de pessoas da comunidade. Pulei por vários dos corpos e encarei o caminhão ao longe, mas parei, ao ver um zumbi parado no meio do cemitério, me encarando com uma faca em mãos. Meu corpo travou, por medo de ter mais deles dentro da comunidade e quando eu pisquei e pulei outro corpo, ele havia desaparecido da minha frente, não estava mais lá. Era como se fosse apenas uma miragem.

Mas eu sabia que não havia sido.

Minha perna foi agarrada pela mão do morto ao meu lado e eu o chutei, pisando em sua mão e acertando uma bala em sua cabeça.

Meus passos estavam atrapalhados e meus olhos ainda estavam fixos no lugar de segundos atrás. Eu precisava ir atrás dele, precisava de respostas e as teria se conseguisse o capturar.

Um tapa desferido por mim mesma acertou meu rosto e eu voltei a minha atenção para meu real propósito. Achar Negan. Entrei em meio as casas e me escondi para poder recarregar a arma que estava em minhas mãos. Um chute acertou minhas costas e eu não consegui me proteger do que veio logo em seguida, um pedaço de fio foi segurado contra meu pescoço me tirando o ar e me fazendo soltar a arma.

Resista garota! Resista!

Você é forte!

" - O que eu te ensinei Liz? O que eu te ensinei para quando alguém tentar te sufocar com alguma coisa?" - a voz de Paul em minha cabeça me fez reagir impulsionando meu corpo para frente e jogando a mulher que me segurava com o fio na garganta sobre a grama morta.

Retirei o fio da minha garganta e peguei minha faca presa na cintura, vendo o corpo dela desfalecer quando um tiro acertou sua cabeça. Um tiro que vinha de cima de mim. Meus olhos assustados encararam o meu redor e eu vi Allan com a arma apontada para a cabeça da mulher enquanto ele limpava o sangue do rosto.

- Não sei onde você quer chegar, mas temos que nos juntar e...

- Quero o Negan e eu vou ter o Negan! - respondo pegando minhas coisas espalhadas no chão e correndo para longe.

- Ele não está aqui! - ouço Allan gritar

O caminhão estava em minha frente e quando eu abri a porta, o corpo de um Salvador ferido apareceu em minha frente e eu o puxei do caminhão, deixando ele cair no chão e o ouvindo gemer de dor. Minha arma foi desengatilhada e eu a apontei para seu ombro, onde o ferimento bala estava.

- Onde Negan está? Onde? - o cano da arma encostou em seu ferimento e ele gemeu pedindo para parar. - Onde?

- Acha que eu vou te falar? Acha que eu vou...

O homem urou pela dor quando o cano foi apertado contra o ferimento e o sangue jorrou ainda mais. As lágrimas escorregam pelo canto de seus olhos e ele me encarou segundos depois, mostrando os dentes cheios de sangue.

- Onde ele está?

- Esperamos que morto! - o homem diz cuspindo sangue - Assim como todos vocês vão estar daqui algumas horas.

Segurei com força e violência o braço daquele homem e o ergui, o empurrando por meio das casas, caminhando de forma rápida e sem me preocupar com a dor que causava nele. As pessoas estavam distraídas demais com as casas em chamas, com os salvadores que estavam fugindo e com o povo deles sofrendo, que nem pareciam me ver caminhando em direção a minha casa.

Subi o degrau que dava acesso a cozinha da casa e entrei, vendo a bagunça que o lugar ainda estava e percebendo que estava sozinha dentro da mesma. Meus passos voltaram a ficar rápidos e eu o empurrei até o corredor, parando em frente à porta do porão, o qual estava com sua porta trancada, como sempre.

Puxei a arma com o silenciador e atirei contra a macaneta, a vendo quebrar e se espatifar no chão. A luz foi acesa e o corpo do homem foi jogada escada abaixo. Respostas. Era o que eu queria e teria.

Bati a porta com força e encarei o homem tentando se levantar contra o chão de madeira.

- Vocês começaram uma nova tática? Invadem as comunidades que já são servas e de vocês e as machucam? As atacam e as cercam como um animal predador e o que desejam com isso?

O homem riu, mostrando seus dentes vermelhos e se sentou no chão, me encarando de cima embaixo.

- Vocês acharam que não iriamos descobrir sobre o Reino, sobre o acordo contra a gente? - ele ri - Temos pessoas em todos os lugares, sabemos de tudo.

Quando a raiva aumentou dentro de mim, eu o peguei pelo colarinho e o joguei dentro da pequena sala que tinha ali embaixo, o algemando contra os canos grossos de água. Meu lugar de tortura.

- Você cresceu Liz, cresceu e ficou ainda mais gostosa. Quando era criança...

- Você não me conhece. - digo sentindo o amargo em minha boca - Não fale sobre mim.

- Você não deve se lembrar das vezes que eu toquei esse seu corpinho...claro que você era bem menor, sua mãe, ahh - ele para por alguns segundos fechando os olhos - ela te entregava pra mim todos os dias quando eu trazia comida.

O gosto amargo da bile veio, trazendo as lembranças ruins juntas. Era para eles estarem mortos. Os mortos atacaram todos em uma noite e...

- Oh linda, vai ficar com esse olhar assustado? Venha aqui. Senta aqui do meu lado e me deixa t...

Suas palavras foram interrompidas quando eu chutei o meio de suas pernas, acertando o lugar de dor dele. Os chutes não pararam, eu continuei, braços pernas, barriga, rosto, tudo que eu podia chutar, eu estava chutando.

- Seu desgraçado!

- Sua assassina. - ele solta em meio aos gemidos - Você não se considera uma, mas é, depois que se mata uma pessoa, não importa a forma ou a razão, você se torna uma assassina. Você tem sangue nas mãos garota, mas sangue que eu e todos os outros.

Mais chutes o acertaram e ele caiu para trás, batendo a cabeça contra o ferro do cano e desmaiado.

- Para! Para! - a voz de Allan e seu toque me levando para trás, me fez sentir ainda mais ânsia e quando eu vi estava vomitando. - Ele está desmaiado, você precisa parar.

- Não toca em mim. Nenhum de vocês vai tocar mais em mim, eu tenho nojo de vocês, tenho nojo. Tenho nojo de mim. Tenho nojo do que tive que fazer pra viver. Tenho nojo de me olhar no espelho. Tenho n...

Estava caída no chão, encostada contra a parede fria, próxima às minhas coisas de academia. As lágrimas deixavam minha visão embaçada e o gosto amargo ainda inundava minha boca.

- Liz? - a voz calma de Benjamin me trouxe de volta ao pouco da realidade que eu queria estar vivendo. - Hey Baby! Eu sou!

Meu corpo se embateu contra o dele e eu chorei contra seu peito, ouvindo sua voz que me pedia para ficar calma e esquecer o que meus pensamentos diziam. Ouvi também quando ele disse para Allan pegar água para mim e os passos do mesmo desaparecendo.

The Enemy | ᶜᵃʳˡ ᵍʳⁱᵐᵉˢ|Onde histórias criam vida. Descubra agora