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  L I Z

Aaron, acho que era esse o nome, estava juntando as coisas que eu havia pego de volta. Ele não tinha falado nada, o que era bom, já que eu não estava com cabeça pra escutar alguém falar merda.

    A foto em minhas mãos estava amassada e rasgada em uma das partes laterais. Era uma das coisas importantes para mim. 

    O som de outro carro me fez guardar a mesma e encarar quem estava vindo até nos dois. De longe reconheci o filho do homem. Tanto ele quanto o pai estavam com a cara fechada, o que não me assustava em nada. 

- Que merda você acha que fez? Sair assim, matar um homem e simplesmente pegar as coisas de volta. Não é assim que as coisas funcionam. - o garoto exclama descendo do carro.

- Não me importo. - exclamo. 

- Pois devia, aquela comunidade vai ser sua casa e...

- Eu não me importo garoto. Não é minha casa. Não tem pessoas que eu me importo ali, são vocês por vocês e eu por mim mesma. 

- Ela pegou coisas importantes de volta, coisas que não poderiamos passar o mês sem. As caixas de remédios estão aqui, vitaminas e a maior parte dos enlatados que tinham levado. Deviam agradece - lá. - Aaron exclama sorrindo para mim. 

- Não preciso de agradecimentos. Não fiz por vocês, fiz por mim, por que eu poderia morrer de fome.

Deixo um sorriso falso escapar e subo na minha moto, colocando meu capacete e sumindo pela estrada.

Não tinha pegado só por minha causa, existiam crianças e idosos que precisavam ficar fortes, que precisavam sobreviver com aquele pouco alimento enlatado que havia. Mas ninguém precisava saber daquilo.

A comunidade apareceu minutos depois e eu entrei com minha moto, seguindo para a casa que agora seria minha. Aaron iria levar minhas coisas de volta pra lá, e enfim eu poderia arrumar.

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- Você pode fingir que não se importa com ninguém, mas sei que isso não passa de uma máscara que você criou pra afastar os outros. - Aaron diz assim que o líder da comunidade deixa a casa - Paul me disse que você poderia ser difícil de lidar, mas que você tinha um coração grande o suficiente para ajudar todo mundo quando precisa. Então...

- Só porque uma pessoa falou uma coisa pra você, não significa que você tem que acreditar. Sou a oferta de troca, não sou? Ele falaria qualquer coisa pra fazer com que vocês me aceitassem.

Vejo ele sorrir fraco e manear a cabeça. Seus passos sumiram pelo corredor e a porta da frente se abriu.

- Os adolescentes da comunidade costumam fazer uma festa todo fim de mês. Eles vão para encher a cara e tentar esquecer as coisas. - ele diz - Se quiser aparecer lá, é  a última casa da comunidade, perto das árvores. É em uma garagem revestida com isolamento acústico, o barulho não sai,  então sem preocupação com os zumbis.

A porta bateu em um baque surdo e eu engoli são tirando os meus cabelos do rosto.

Nunca tinha ido em uma festa, pelo menos não depois do Apocalipse. A maior parte da as pessoas que eu conhecia morriam por que tentavam me matar enquanto eu dormia, para ficarem com minhas coisas. Então, sem contato humano era uma das minhas principais regras - mesmo depois de entrar para Hilltop -.


Liz e sua marra por baixo de tudo isso será que tem alguma coisa boa? 
Votem e comentem meus amores
Beijos e fuiii

The Enemy | ᶜᵃʳˡ ᵍʳⁱᵐᵉˢ|Onde histórias criam vida. Descubra agora