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N A R R A D O R

O jantar começou apenas quando Lydia chegou em casa. As irmãs se sentaram lado a lado, enquanto a tia estava na ponta e ao seu lado estava Daryl, e Carl estava ao lado do homem.

Liz estava em silêncio na maior parte do jantar, apenas comentando quando alguém falava com ela. Mantinha seus olhos sobre a mesa, usando os talheres com precisão como se tivesse aprendido sobre quando era mais nova ou até enquanto esteve fora. Ela estava com um leve toque de "etiqueta".

- Você está bem mesmo querida? - Athena questiona deixando o garfo sobre o prato - Me parece tão longe.

- Estou sim tia, apenas cansada e com a mente a mil. Nada demais. Do que falavam?

Carl encarou Liz e chutou seu pé, chamando a atenção da mesma para ele. Ele queria que ela o olhasse. Queria sua atenção.

- Estávamos falando sobre como vamos mudar nossa forma de plantar. Sabia que achamos outro poço subterrâneo com água? Não sabemos se é de um rio subterrâneo ou apenas uma nascente, mas tem água que vai nos ajudar na plantação.

Liz arregalou os olhos, mostrando sua surpresa.

- Isso é incrível, só não podemos extrapolar e acabar tirando toda a água dela e...

- Ed tá cuidando disso - Daryl disse - É um dos novatos. Ele disse que tinha um poço em casa antes do mundo acabar e que eles usavam a água dele para irrigações.

- Bom, temos alguém especializado então para cuidar das águas então.

Liz voltou sua atenção para o prato de comida em sua frente e pegou uma garfada, antes de se levantar e ir em direção ao banheiro. Seu nariz estava sangrando.

- Está tudo?

Estavam todos na porta do banheiro encarando a poça de sangue que se formava dentro da pia enquanto Liz pegava o papel para limpar o mesmo.

- Coloca a cabeça para trás - Carl diz.

- Não pode. - Lydia diz aparecendo atrás de Carl e encarando a irmã. - Mamãe falava que quando nariz sangra, temos que colocar a cabeça pra frente, levemente inclinada e fazer compreensão no lado que tá sangrando.

- Aprendi errado a vida inteira então. - ele diz sorrindo.

_

Carl se sentou ao lado de Enid, após deixar a casa de Liz no meio da noite, depois do jantar e dos filmes que eles haviam assistido. Era a hora dele e da amiga serem os vigias. A arma estava em sua mãos, sendo seguradas com força, observando as coisas ao redor da comunidade. Estava calmo e silencioso...como de habitual.

- Alguém não gostou de ver você agarrado em Liz - Enid exclama rindo

- Problema daquela garota, ela é um pé no saco. - Carl diz batendo a mão em sua perna de forma nervosa. - Desde que chegou, ela não deixa nenhum dos caras em paz.

- É, eu sei. Ela deu em cima do Bob, eu só não soquei a cara dela porque não valia a pena, sei bem o homem que eu tenho do lado.

- Ei, mudando de assunto...amanhã você pode falar com a Liz e ver se algo aconteceu com ela?

- O que você aprontou? - o olhar de Enid era ameaçador e Carl sabia que a amiga poderia enfiar uma faca em sua barriga se realmente tivesse feito algo contra Liz.

- Eu não fiz nada - ele se defende - Não sei o que aconteceu. Conversamos e do nada ela mudou totalmente o semblante, ficou distante.

- Qual o assunto? - a mulher questiona olhando para seu arredor, após ouvir som de passos.

- Eu só disse que queria alguém que me quisesse de verdade, que eu queria uma família, queria filhos e todas as oportunidades que eu poderia querer. Apenas....aí!

O tapa de Enid havia acertado bem no meio da cabeça de Carl, bem atrás da orelha. Ela tinha um olhar levemente preocupado e com uma grande chama que parecia dizer " você faz merda".

- Tudo bem você querer uma família, isso é lindo. Eu também quero uma. Mas falar isso pra pessoa que gosta de você e que não pode ter filhos é a pior escolha de palavras que se pode desejar. Está claro aos quatro ventos que aquela mulher gosta de você, mas ela não pode te dar filhos. Usa a cabeça Carl, porque ela ficaria chateada com uma simples conversa?

- Porque ela não se sentiria capaz de...

- Ela não se sente inteira. Olha a Lúcia, ela desejou a vida toda ter filhos, ela se casou, mas não pôde dar filhos para o marido, não pôde realizar o próprio sonho. Falar para uma mulher que não pode ter filhos, que você quer ter filhos, é como enfiar uma faca em seu peito. É como arrancar uma parte do corpo dela e deixar sangrar enquanto ela sofre.

- Eu falei no impulso, não foi por mal ou para fazer ela se sentir péssima consigo mesmo. Eu nem sabia que ela gostaria de ser mãe, ela comentou uma vez que não podia ter filhos, mas...ah merda!

- Não é porque se teve uma mãe de merda que não signifique que não queira ser uma mãe. O desejo de ser mãe pode vir até mais forte, por que ela vai desejar não ser como a mãe foi.

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⏰ Última atualização: 6 days ago ⏰

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The Enemy | ᶜᵃʳˡ ᵍʳⁱᵐᵉˢ|Onde histórias criam vida. Descubra agora