N A R R A D O R
Carl voltou para a casa de Liz no meio da madrugada, com a visão desfocada e com um copo de bebida em suas mãos. Ele subiu as escadas da casa, como se fossem da sua, cantando e ignorando a mulher que devia estar dormindo depois de horas de vigia. Ele tomou banho, vestiu suas roupas e voltou pata a cozinha, onde parou no meio do caminho ao ouvir um gemido de dor vindo do sofá.
Uma das facas presentes no faqueiro foi segurada e ele avançou devagar, encontrando Liz deitada no sofá de costas para cima, com o braço caído e gemidos misturados com sussurros deixando sua boca. A faca foi abaixada, e ele a deixou sobre o braço do outro sofá.
- Liz? - ele a chamou de forma calma e parou próximo a cabeça da mulher, onde acariciou com cuidado os cabelos esparramados dela. - Liz?
Os olhos castanhos se arregalaram e ela encarou o homem ao lado dela, sem enxergar e saber quem era. Ela estava desnoteada. Liz ignorou a dor em suas costas e se ergueu em um ato instintivo, pegando a arma em mãos.
- Sou eu! - ele diz caminhando até o abajur e o acendendo, dando a ela a visão de quem era.
Liz estava com os cabelos suados e pregados em sua testa e pescoço, seus olhos estavam brilhando pelas lágrimas que escorriam pela lateral de seu rosto. Quando ela se deu conta que era realmente Carl, ela abaixou a arma e engoliu seco, passando a mão pelos cabelos e os desgrudando de sua testa.
- Está fazendo o que aqui? - ela questiona saindo da sala mancando. - Eu já não te mandei voltar a dormir na sua casa? A viver dentro da sua casa? Não consegue fazer o que as pessoas pedem?
- Eu vim - ele pisca algumas vezes ao ver sua visão ficar desfocada mais uma vez - Vim dormir. A casa da Enid fica... Porque está andando encurvada?
- Não é nada da sua conta. Sai da casa!
O álcool presente no corpo parecia ter evaporado em questão de segundos . A mancha escura e brilhante nas costas de Liz foi percebida quando ela passou pela janela, que era iluminada pela luz do poste ao lado da casa. Suas sobrancelhas se juntaram e o nome da mulher deixou seus lábios em um tom seco e preocupado.
Liz parou antes de entrar no corredor que dava para o porão, seu olhar por cima do ombro fez Carl engolir seco e caminhar até ela. Era um olhar cheio de dor.
- O que quer? Não pode simplesmente ir embora? - ela diz engolindo seco e fechando os olhos ao sentir o perfume que vinha de Carl, que agora, estava parado em sua frente, apenas parado observando.- O que quer?
- Vira. - ele pede - Liz, vira de costas, por favor!
- Não vou me vi...ei! - Carl havia rodado o corpo da mulher e a deixando de costas para ele, com o rosto bem próximo a parede - Sua blusa está manchada de sangue e como a médica ainda não falou sobre eu te deixar sem cuidados, eu...,
- Carl, eu...
- Shiiu! - ele exclama a vendo socar a parede de forma nervosa e lenta - Isso não é aquele machucado da armadilha, aquele já está cicatrizando?
- Sim. - a mão de Liz segurou a barra da camiseta que ela usava, tentando que com aquele ato Carl não levanta-se a mesma. - Carl.. por favor!
- Eu juro que não conto pra ninguém.
- Já disse isso outra vez e na primeira oportunidade contou sobre as minhas cicatrizes e meus traumas dentro de um carro cheio de pessoas que eu não conhecia direito.
Carl engoliu seco e suspirou pesado.
- Aquilo foi um erro e eu já me desculpei por aquilo. Foi na hora da minha raiva e eu sabia que aquilo iria te afetar. Liz, eu não vou contar, não dessa vez. Por favor, confia em mim só essa vez.
O olhar de Liz se conectou com o Carl por um leve instante e ela apertou o apagador ao seu lado, dando ao homem a visão da mancha vermelha que se formava na parte inferior da lombar da blusa que ela usava.
- Liz, quem... - a boca de Carl estava aberta e havia um bolo enorme se formando em sua garganta. - Quando?
- Hoje mais cedo. - ela diz engolindo seco. - Quando eu saí, eu os encontrei e...e, merda Carl, ela estava lá, eu acho que a vi de novo. Lutei contra um cara. Quando... quando eu estava vindo embora eu fui atacada - a voz de Liz estava embargada e ela queria chorar - " Vão pagar por isso" , eles gravaram essas palavras e eu só matei um deles na hora.
Carl abraçou Liz por trás, sem encostar em seu ferimento, apenas a abraçou com carinho e a deixou choras. Suas mãos seguraram as dela e Liz deitou a cabeça para trás , a encostando no peito do homem.
Ele não disse nada. Não falaria. Apenas deixaria ela chorar e manteria o segredo sobre a situação ou qualquer medo que ela tivesse. Aquilo era apenas sobre os dois, ele lhe daria confiança como devia ter feito desde o inicio.
- Vem comigo.
- Vai me levar pra en...
- Pro banheiro, fazer um curativo nisso e te dar antibiótico.
- Ja tomei - ela diz limpando as lágrimas e seguindo com Carl -Promete que não vai contar pra ninguém? Nem mesmo para a Enid.
- Nem pra Enid e nem pra ninguém.
O dedo mindinho de Carl estava esticado para ela, a qual sorriu e entrelaçou seu dedo no dele.
Liz se sentou na tampa do vaso e tirou a camiseta com a ajuda de Carl, ficando com seu sutiã preto e calça. As cicatrizes estavam mais uma vez á mostra, marcadas sob a pele clara da mesma. Seus ombros estavam encolhidos e ela tinha seus braços ao redor de seu tronco.
- Ei, não precisa se esconder de mim, eu já as vi antes não é? E você continua sendo a garota foda pra mim e podemos dizer que é bonita pra caralho.
- Você está bêbado - ela resmunga ao sentir o ardor na lombar - Não está em sã consciência.
- Não é pra tanto também, bebi só alguns copos. Isso aqui vai doer! - Carl passou a gase sobre o corte mais fundo e colocou o curativo.
O silêncio permaneceu até que Carl disse que havia acabado, Liz se ergueu para sair do banheiro ficando frente a frente com ele. Ambos se encararam e Carl retirou os cabelos de frente aos olhos da mulher, acariciando a bochecha da mesma e começar a se aproximar.
- Eu quero muito te beijar de novo - ele diz, respondo ao seu corpo e deixando o desejo tomar conta - Eu quero...
- Não Carl - ela se afasta - A gente não pode. Me desculpe!
Ele engoliu seco e se afastou , pondo a mão sobre a boca e tentando impedir o cheiro inebriante que vinha dela o fazer arruinar as coisas.
- Você pode dormir no quarto ou no sofá da sala.
Capítulo novinho pra vocês
Terminei ele ontem a noite e espero que tenham gostado!!!
Feliz Páscoa para todos❤
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The Enemy | ᶜᵃʳˡ ᵍʳⁱᵐᵉˢ|
Fanfiction+18 Ela foi abandonada por sua mãe e por sua irmã mais nova quando era apenas uma criança, havia visto seu pai ser morto e dilacerado por zumbis. Era sempre chamada de fraca e excluída por sua mãe, mesmo sabendo que era mais forte que sua irmã. ...