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L I Z 

Os braços quentes estavam em volta de mim, segurando meu corpo contra o dele. Era uma sensação boa e que eu nunca tinha me permitido sentir. Tudo bem que já havia dormido depois do sexo com algumas pessoas, mas ali, naquele minuto, naquele quarto, com o Carl, eu estava me sentindo segura. Era como se o mundo todo estivesse calmo lá fora e apenas nós dois em um turbilhão de sensações.

Fecho meus olhos e os abro de forma rápida, tentando tirar aqueles pensamentos da cabeça. Era e havia sido só sexo, mais nada. 

Me levanto da cama buscando por meu roupão e o visto, caminhando para longe do corpo agora sentado no colchão. Visto minha roupa, sentindo o olhar de Carl sobre mim e o encarei. 

- Fala logo. - digo ajeitando o cabelo e arrumando as armas no meu coldre. 

- Eu vim aqui para a gente poder conversar, tinha que falar com você. - encaro o homem em minha frente e o vejo buscar por suas roupas no chão do quarto. - Vou só me vestir e a gente pode conversar?

Concordo e entro no banheiro, ajeitando minha roupa e lavando o rosto que ainda estava vermelho e um pouco suado. 

Volto para o quarto e encontro Carl já vestido e com o olhar preso em suas mãos, sua perna estava tremendo e ele tinha os ombros rígidos. Tinha algo de errado acontecendo.

- O que aconteceu? Você está... 

- Benjamin foi ferido em combate. - ele diz olhando em meus olhos. 

O ar faltou em meus pulmões e minhas pernas fraquejaram. Os braços de Carl seguraram meu corpo e eu encarei aquele olhar cristalino em minha frente. Meu mundo estava desmoronando, minha vida estava sendo arrancada de mim com cinco palavras que cortavam mais que uma faca. 

- Eu...eu..eu preciso, preciso ver ele, eu...meu Deus ele não pode morrer! Eu não posso perder ele, Carl! Não posso. 

- Você não vai perder ele, não vamos perder ele. Ok? - seus carinhos não ajudavam, suas palavras não tinham efeito. Estava anestesiada com a dor que meu corpo absorvia. - Eles estão trazendo ele e os outros para Alexandria. Todos vão ficar bem.

Pensar em Benjamin morto ou sangrando em meus braços era o tipo de visão que eu não queria ter, que eu não queira imaginar que poderia acontecer. Benjamin era minha família, era a pessoa que havia me ajudado nas horas mais difíceis que eu já havia passado. Era ele que estava sempre por perto.

Eu o amava. Ele era uma das únicas pessoas que eu dizia aquelas três palavras com total veracidade.

O som dos portões e caminhões avançando me fizeram levantar, desvencilhar - me dos braços de Carl e correr até a janela, tentando   achar algum vestígio de que era o caminhão que trazia Benjamin para a comunidade.

- Será que são eles? - questiono tentando ver pelo menos uma parte dos caminhões - Precisa ser eles.

Deixo meu quarto e corro pelo corredor, sentindo o piso de madeira gelado contra meus pés. A porta de entrada estava aberta e Enid adentrava dentro da casa, ela estava cansada, parecia que havia corrido uma maratona para chegar até ali.

- Eles chegaram. - ela diz me vendo passar ao seu lado e caminhar ainda mais apressada até a porta - Ele está em cirurgia Liz.

Cirurgia. As imagens invadiram minha mente e eu senti o peito doer. Era mais complicado, havia sido pior do que Carl havia me dito.

- Espera!

Esperar? Eu não podia esperar. Não dava. Tinha que estar ao lado dele, tinha que segurar sua mão quando a médica lhe desse anestesia e lhe ajudasse com o medo de agulhas. Era minha obrigação estar lá com ele. Era parte da minha vida que estaria deitada em uma maca sendo operado.

A comunidade estava passando como um enorme borão, meu corpo estava sendo levado sozinho sem minha consciência para a enfermaria. Meus olhos estavam turvos, as lágrimas molhavam meu rosto e eu sentia o calor em meus pés a cada passo. Calor que me fazia saber que estava viva, mas que me fazia pensar que Benjamin  poderia morrer.

- Me solta - havia dois pares de braços ao meu redor, me impedindo de entrar dentro da casa onde ele estava. Dois pares de braços masculinos - Me solta! Eu preciso entrar.

- Liz. Liz. Para! - era a voz de Ezekiel. - Foi um tiro na perna e um corte no abdômen, ele vai ficar bem. Vai ficar tudo bem!

- Eu preciso entrar Ezekiel, eu preciso estar com ele...Eu...

- Você precisa estar onde deve estar, precisa voltar para seus afazeres e...

- Não vou voltar para meus afazeres, foda- se cada um deles! - exclamei me afastando de seus braços e vendo Morgan ao lado do mesmo, ele que ajudava o rei a me segurar - Vou ficar aqui! - me sento na cadeira ao lado da porta - Se eu não posso entrar, não vou sair também.

Espero que estejam gostando, votem e comentem muitooooo
Beijos e fuiii

The Enemy | ᶜᵃʳˡ ᵍʳⁱᵐᵉˢ|Onde histórias criam vida. Descubra agora