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L I Z

A calamaria tomava conta do meu corpo a cada risada ou gargalhada que Judith soltava na parte de trás da minha casa, onde usava o quintal para poder treinar com os bonecos de plástico que eu havia posionado ali. Nossos treinos estavam pausados e ela treinava com algumas facas e facões que eu tinha, já que armas brancas eram melhores do que a arma de fogo que ela tinha em seu coldre.

Sua pontaria era boa e ela aprendia rápido, rápido demais pra falar a verdade. A deixei sozinha por alguns minutos, preparando alguns pães e suco para ela poder comer antes de ir embora, foi então que a voz de Allan entrou por meus ouvidos, ele conversava com ela e quando eu cheguei na janela, estava entregando um embrulho para a garotinha enquanto apontava para a casa.

- O que está fazendo aqui? - a voz de Carl era alta e nervosa - Não sabe que tem que ficar longe dessa casa e da minha irmã? Anda Allan, saí daqui!

Allan deixou a casa e antes de sair olhou para a janela onde eu estava, deixando um sorriso fraco escapar e me fazendo esconder. O que ele tinha entregado para Judith?

Fecho os olhos e pego a bandeja com as comidas, levando-as para fora da cozinha e as deixando sobre a mesinha redonda. Carl estava ao lado da irmã, com o rosto e roupa sujos de barro e sangue podre, mas em seu rosto tinha um corte no supercilio, manchado pelo sangue que havia secado.

- Pode comer pequena, depois você pode ir pra casa. - digo me sentando em sua frente e vendo Carl ficar em pé.

- Senta aí maninho - Judith arrasta a cadeira que estava ao meu lado para o irmão - Come com a gente! Depois vamos pra casa e você...

- Ele precisa ir pra casa - respondo baixo - Precisa de um bom banho.

Judith riu e Carl me encarou.

Seu olhar me causou uma onda de raiva e de uma sensação na boca do estômago que era desconhecida por mim. Ele deixou um sorriso de lado escapar e comeu o pão com geleia. Aquele olhar azul cristalino ficou preso no meu, como se fosse um desafio, como se ele estivesse me chamando para uma guerra ainda maior e mais brutal.

- Só vou embora quando minha irmã for.

- Faça o que quiser então, filho superior do líder - respondo saindo da mesa e entrando mais uma vez em casa, colocando meu prato com o pão sobre a bancada e comendo o mesmo sozinha, apenas ouvindo os irmãos conversarem do lado de fora.

Meus olhos encararam o bilhete pregado na geladeira, era a letra de Enid.

" Vou fazer uma festa para comemorar o meu noivado, na minha casa. Te espero . "

- Vai ficar esperando. - jogo o bilhete no lixo depois de o amassar e subo as escadas de forma lenta, entrando no corredor e suspirando pesado antes de entrar dentro do quarto onde tudo havia acontecido.

Por mais que já tivesse passado algum tempo, as memórias ainda me atormentavam, assim como as coisas do meu passado que eram revividas a cada sonho ou lembrança. Eram traumas. Coisas pesadas demais pra...Chega! Balanço minha cabeça várias e várias vezes antes de abrir a porta e entrar no quarto, pegando algumas revistas em quadrinhos e seguindo para a garagem.

Abro o portão e subo na moto, a ligando e ouvindo o ronco do motor ecoar pelo pequeno espaço. Sair um pouco iria me fazer bem, ir nos lugares que eu costumava a ir para ficar sozinha e colocar a cabeça no lugar. Estava me tornando uma pessoa sentimental demais, uma coisa que eu nunca havia sido e não queria ser.

O som da moto chamou a atenção das pessoas da rua e eles me viram passar por eles e seguir para o portão atrás da comunidade. Entrando ao lado dos trilhos do trem.

- Onde você vai? - Rick questiona aparecendo no meio das pessoas que conversavam.

- Preciso ir para Hilltop, só pra poder pegar algumas coisas - minto  - Volto no meio da madrugada.

Rick se aproximou e parou ao meu lado, engolindo seco e balançando a cabeça para as pessoas que passavam por nós. Ele estava querendo falar alguma coisa.

- Desembucha. - digo tirando a mão do guidon da moto e cruzando os braços.

- Se você...se você ver alguma daquelas pessoas vestidas de mortos, não existe em matar. - ele diz - Eu sei que posso estar pedindo algo ruim, mas não quero ninguém deles chegando perto desses muros ou entrando dentro das nossas casas. Você quem os encontrou pela primeira vez, segundo Carl, você consegue os achar no meio dos mortos. Então,  se puder...se puder achar pistas ou arrancar alguma coisa de um deles, vai ser de grande ajuda.

Um sorriso fino, fraco e trêmulo surgiu em meu rosto e eu engoli seco ao pensar que poderia encontrar aqueles olhos claros mais uma vez no meio da multidão de mortos.

- Tudo bem.

Capítulo novinho postado!!!! Votem e comentem muitooooo
Beijos e fuiii

The Enemy | ᶜᵃʳˡ ᵍʳⁱᵐᵉˢ|Onde histórias criam vida. Descubra agora