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N A R R A D O R

As mãos de Carl estavam sangrando. As barras de ferro eram pesadas e ele estava se esforçando para ajudar a reforçar os muros depois da última invasão. Algumas pessoas velavam seus entes queridos no cemitério que agora tinha mais covas do que eles pensavam que um dia poderia ter.

Liz estava na enfermaria, recebendo atendimento da médica, não que ela tivesse se machucado mais uma vez, ela estava bem, só estava se consultando com a médica para trocar os remédios que não faziam mais efeito.

A mulher estava lhe enchendo de perguntas que Liz não queria responder, muito menos pensar sobre. Ela estava falando sobre as coisas do passado dela, estava lhe questionado se poderia ser aquilo que Mike havia lhe feito, se poderia ser o nervosismo por causa dos ataques. Até que Liz se levantou e saiu para fora da enfermaria, batendo a porta atrás dela e ouvindo a médica lhe chamar.

Ela precisava espairecer, precisava arrumar um jeito de sair da comunidade por algumas horas. Um corpo pequeno e magro apareceu em sua frente e ela sorriu ao ver Judith ajeitar o chapéu em sua cabeça.

- Podemos lutar com as espadas? Sabe, você pode me ensinar fora do horário?

- Claro, pegando sua espada e me encontre nas placas de energia. - ela responde vendo a pequena em sua frente sorrir largo e sair correndo.

Liz voltou ao seu caminho, tentando chegar em sua casa sem ter que encontrar com Allan ou Carl, o que foi meio impossível já que Carl apareceu em sua frente com Enid. A mulher de bochechas fartas sorriu para Liz e lhe entregou um pedaço de pano.

- O que é isso?

- Sua cor, vamos sair em grupos para um tipo de gincana. Você vai gostar de...

- Não posso ir - ela entrega a faixa colorida de volta para Enid - Tenho compromisso com a Judith.

Liz passou pelos dois, sentindo seu corpo se embater contra o Carl, seu olhar encontrou o dele por alguns segundos e logo depois ela se afastou, com a cabeça baixa.

- Não conversaram ainda? - Enid questiona.

- Ela nem quer. Nem ela, nem a Athena. - Carl exclama arrumando as faixas ao redor de suas mãos

- Athena e Liz parecem gostar de você, já disse e repito quantas vezes forem necessárias.

Carl deixou uma gargalhada escapar e deu espaço para as crianças passarem correndo. Um leve incômodo surgiu em sua barriga e subiu para sua garganta,  como um aperto que o impedia de falar alguma coisa.

- Athena pode até gostar, por termos tido alguma coisa, mas a Liz? Aquela lá, o único sentimento que ela tem por mim é ódio e raiva. A única garota de todo esse lugar que tem esse sentimento sobre mim, as outras meio que...

- Ah, cala a boca. - Enid o empurra - Você não é o Deus desse lugar.

Liz entrou em casa e encarou sua sala de TV, vendo o corpo pequeno de Judith sentado em seu sofá enquanto lia o gibi que antes estava sobre o mesmo. A pequena criança sorriu ao ver a mulher, mas seu sorriso se acabou quando ela percebeu que Liz tremia.

- Você...

- Eu preciso...preciso sair um pouco pequena - ela diz - Mais tarde a gente treina, ok?

Liz correu para a garagem e fechou a porta. Ela queria ficar um pouco sozinha, sozinha por não conseguir pensar direito depois das perguntas e por não conseguir parar de pensar no perfume de Carl.

- Liz? - a voz de Judith estava longe. - Liz?

- Jud, vai embora ok? Depois eu te chamo, vai para a gincana com as outras crianças, por favor!

Judith não saiu como Liz havia pedido, ao contrário, a pequena criança deu a volta até os fundos da casa e entrou por ali, abrindo a porta da garagem e encontrando Liz sentada em frente a bancada com uma foto em suas mãos enquanto tinha lágrimas em seus olhos e molhando seu rosto.

- Oi! - a pequena se sentou ao lado dela - Quer falar?

Liz limpou as lágrimas e encarou o corpo pequeno ao seu lado. Um sorriso de lado surgiu em seu rosto e ela viu Judith segurar sua mão. Ela era uma criatura preciosa e Liz sabia que a mesma não fazia aquilo para ser gentil, mas porque gostava dela.

- Poucas pessoas sabem, mas eu tinha uma irmã - ela entrega a foto para Judith - A perdi no início do Apocalipse e ainda sinto falta dela.

- Por que o rosto dessa mulher está riscado e cortado?

- Ela não era uma boa pessoa, não foi uma...-  o estômago de Liz embrulhou - não foi uma boa mãe. Não gostava de mim, então, não tinha razão de eu gostar dela, não é?

- Não conheci minha mamãe verdadeira - Judith comenta abaixando a cabeça e sentindo os olhos arderem - Ela morreu quando eu nasci. Carl me mostrou fotos e vídeos dela, ela era linda! Mas agora eu tenho a mamãe Michonne, ela é a melhor!

Liz puxou Judith para seu colo e a abraçou, acariciando os cabelos da garotinha em seus braços. Ela era uma garotinha incrível, uma garotinha que já tinha passado por coisa demais assim como Liz em sua infância, mas se dependesse dela, aquela garotinha, não iria sofrer mais, ela teria uma infância de verdade, momentos alegres e que ficariam marcados em sua memória.

- Podemos treinar se quiser.

Judith limpou as lágrimas e encarou Liz com seus olhos molhados e arregalados pela alegria.

- Podemos.


Primeira publicação do ano e eu espero terminar esse livro antes do meio do ano kkkk
Peço desculpas também pela demora, com falta de imaginação e isso me atrapalhando em  muitas coisas. Desejo também a todos um feliz ano novo!!!
Votem e comentem
Beijos e fuiiii

The Enemy | ᶜᵃʳˡ ᵍʳⁱᵐᵉˢ|Onde histórias criam vida. Descubra agora