The Enemy | ᶜᵃʳˡ ᵍʳⁱᵐᵉˢ|

87

C A R L   G R I M E S

Minhas mãos estavam úmidas e a sudorose naquela parte do meu corpo não parecia querer sumir. Era um incomodo incomum, já que havia acabado de sair de um banho gelado. Athena estava deitada em minha cama, usando uma de minhas camisas xadrez enquanto lia um gibi achado em algum canto do quarto. 

Haviam passos no corredor, como se alguém andasse de um lado para o outro, passando em frente a minha porta. Poderia ser qualquer um, mas era alguém que estava pensando em alguma coisa importante de mais para conseguir incomodar até quem não sabia do que se tratava. 

- É a Michonne! - Athena diz largando o gibi e suspirando fundo. - Alguém fez comunicação pelo rádio e ela está tentando falar com essa pessoa de novo. Já ouvi a voz dela umas quinze vezes enquanto você se banhava. 

Meu pai estava dentro da comunidade e eu sabia que não iria sair tão cedo com toda as ameaças de invasão que estavam acontecendo. Então, zero possibilidade de ser ele. 

Deixei um suspiro escapar e peguei minhas armas. 

- Vou voltar para os  muros. - digo parando me frente a porta - Quando sair, feche a porta por favor!

Deixo o quarto e logo em seguida a casa, realmente encontrando minha mãe andando de um lado para o outro no corredor. 

Algumas pessoas estavam treinando próximas das plantações, com facas e alguns bastões que Hilltop havia fabricado e feito troca com a comunidade. Os movimentos, as técnicas e a forma que lutavam, me fazia pensar que Liz havia feito um bom trabalho ensinando parte da comunidade a se defender. 

Meu peito apertou e engoli seco. Era só ignorar a sensação de estar fazendo algo errado na vida e seguir em frente. Afinal de contas, ela não era ninguém tão importante assim que havia passado em minha vida. 

- Carl! - Jackson estava atrás de mim, com uma arma em mãos e com duas lanças na outra. - Precisamos de ajuda lá fora, tem mortos vindo do muro do fundo da comunidade  e não queremos problemas...mais problemas. 

Peguei a lança e caminhei ao seu lado. 

_

Quase não haviam mais mortos aos arredores da comunidade, as barricadas de cimento, davam um certo auxilio em grande parte da proteção contra aqueles que realmente não estavam mais vivos.  Mas é claro, não havia como proteger as pessoas dos sussurradores, já que eles sabiam o que eram uma barricada de cimento e ferro. 

Meu olhar encontrou o de Lydia, que tinha uma faca pequena em mãos. Ela estava fora da barricada e seguia por entre as árvores, sem preocupação se haviam outros mortos.

- Que isso Grimes? Encarando a irmã da sua ex? Está querendo pegar ela também? - Jackson diz.

- Cala a boca cara! Pare de falar merda, não existe isso. - respondo limpando a faca na barricada - Só que...será que ela sabe se defender pra estar fora dos muros da comunidade? A garota vivia no meio deles...

- A irmã dela é a guerreira mais foda de todas as comunidades, não é possível que ela não saibam.

- São extremos diferentes, cara. Liz cresceu num lugar abusivo, ruim - suspiro - Não que a irmã dela não tenha sido, ao contrário, também foi, só que ela teve um pouco de carinho da mãe. Ela viveu no meio deles, aprendeu a matar pessoas, então certamente ela sabe. Nem sei pra que me preocupei com isso!

Deixo o grupo de pessoas e caminho para outro canto, ficando sozinho com meus próprios pensamentos. 

Liz era forte, mas sua irmã também seria? Sua irmã também saberia se defender tão bem quanto ela? Eram dois extremos diferentes, duas pessoas diferentes, mas com passados iguais. Com uma mesma mãe e um mesmo pai. Uma mesma casa.

- Chega cara! - digo para mim mesmo voltando a procurar algum zumbi para poder eliminar.

- CARL! - Athena grita, aparecendo ao meu lado com o rosto manchado de sangue. - Estão atacando dentro da comunidade!

- Merda!

Deixo meu posto e entro na comunidade às pressas, vendo pessoas correndo para a parte detrás das casas, vendo sangue manchando o chão em determinados pontos e corpos caídos sobre a grama.

Ao virar a primeira esquina, meu corpo travou, havia um sussurador duas vezes maior que eu, com uma faca em mãos e olhar preso na grama atrás de duas latas de lixo. Seguro minha arma, e a destravo.

- Porque estão entrando na comunidade? Porque estão nos atacando?

- Porque lugares assim, não existem mais e pessoas como vocês tem que morrer.

Um tiro. Apenas um e o corpo do homem caiu no chão como um saco de batata, com sangue deixando seu pescoço e olhar preso no céu.