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L I Z

Estava dentro do carro com Carl, apenas nós dois a caminho de Alexandria. Meus olhos estam presos na estrada em nossa frente, deixando o vazio tomar conta do meu subconsciente.

A dor que eu sentia não era forte, na verdade, não estava sentido quase nada, apenas aquele desconforto que incomodava.

- Posso te perguntar uma coisa?

- Manda ver!

-  Vai realmente me deixar pergunta? Ou isso é apenas mais uma das suas...

- Vou escolher se quero ou não responder. Então, faça sua pergunta que eu me decido.

- OK! - ele diz - Você tinha familia certo? - concordo.-  Onde ela está agora?

- A vadia da minha mãe, eu espero que morta, já minha irmã eu queria que ela estivesse viva.

- Seu pai?

- Minha mãe matou ele e o deixou pra virar, todos que estavam com a gente morreram por causa dela.

- Você não me parece gostar muito dela.

- Acho que ninguém gostava, só aturavam por terem medo. Ela nunca foi boa em nada, nem como mãe, pelo menos não comigo, como mulher, como profissional...nada que ela tocasse ia pro lado bom.

Minha garganta estava seca e por incrível que pareça estar falando, parecia estar ajudando.

- Sua irmã era mais nova?

-Sim. Quando ela nasceu eu tinha 5 anos, foi um dos únicos momentos de alegria da minha vida miserável em Toledo.

- É do Kansas?

- É, pois é.

- Qual era o nome dela? Sabe, da sua irmã.

- Eu a chamava de Lilly, a vadia velha não gostava, mas era meu
jeito de mostrar carinho por ela.

-  O que sua mãe fez para você?

- Não era só uma pergunta?

- Você poderia ter ignorado as outras mas não fez.

Sorrio fraco e suspiro pesado.

- Minha mãe nunca foi uma boa mãe, ela me de deixava a deriva em casa. Aprendi tudo sozinha. Quando eu tinha 4 anos, ela saía de casa por dias e me deixava sem comida, trancada dentro do banheiro ou no porão. Ela me usava de saco de lixo pras latinhas de cerveja dela, ficava jogando elas em mim como se eu fosse um alvo - rio nasalmente - Eu nunca a chamei de mãe, sempre apanhava quando saia sem querer. "Eu não sou sua mãe pirralha nojenta." No meu primero ano de escola, ela raspou meus cabelos no zero e cortou minha cabeça em alguns lugares, só por que eu disse que estava animada pra fazer amigos e "conhecer as mamães deles". Meu pai era caminhoneiro, não ficava em casa, então ele não via o que eu passava.

- Não precisa...

- Quando ela apareceu grávida, eu sabia que não era do meu pai que era  do dono do bar que ela enchia a cara. Tinha visto eles juntos e então contei pro meu pai. Fui assoitada por uma hora, eu acho, tive meu nariz quebrado, as minhas coisas da escola foram queimadas e eu foi tirada de lá...foram dias passando fome, frio e com dor e depois aquela desequilibrada dos infernos abriu a porta e chorou me puxando para um abraço, eu a chutei e sai pela escada, indo para o velho jardim.

Minha visão estava embaçado e meu rosto molhado. A angústia estavam deixando sem ar. Lembrar era a mesma coisa que sentir vividamente cada coisa que eu havia passado.

The Enemy | ᶜᵃʳˡ ᵍʳⁱᵐᵉˢ|Onde histórias criam vida. Descubra agora