L I Z
Ainda estava de noite quando eu acordei com fome e encarei minhas possibilidades. Estava tudo longe de mim e não tinha absolutamente ninguém acordado ali que pudesse pegar pra mim.
"Você não precisa da ajuda deles, pode muito bem fazer sozinha"
Respiro fundo algumas vezes antes de tentar me levantar da cama. Os gemidos de dor me fizeram amaldiçoar aquela garota que havia chamado os mortos lara perto de nós na floresta. Será que ela havia morrido? Seria uma boa...
- Você consegue! Você consegue! - repito várias vezes antes de fazer força e me sentar na cama.
A dor consumiu meu corpo por segundos que haviam parecido horas e quando abri meus olhos, minha visão estava borrada. Fraca. Eu estava sendo fraca por não aguentar a merda de um machucado e suas dores da forma que eu deveria.
Respirei fundo uma última e única vez e me agarrei na cadeira ao lado da minha cama, me levantando. Duas respiradas fundas e vários xingamentos deixaram os meus lábios antes de tentar arrastar a cadeira até o filtro, mas ela faria barulho e Carl acordaria e falaria muito em minha cabeça.
- Merda! - exclamo me sentando na cama mais uma vez antes de tentar caminhar até ela, nem que fosse arrastando meus pés.
Os cinco primeiros passos foram fáceis até minhas pernas bambearem e eu cair com tudo no chão. Estava sendo uma fraca dos infernos.
Pego o par de meias que havia no chão e a coloco uma dentro da outra, jogando em direção ao cara deitado em meu sofá. Seu pulo assustado me fez deixar um sorriso fraco antes que mais uma vez a dor me consumisse. Ele encarou a minha cama antes de me encontrar e caminhou até mim.- Que merda você está tentando fazer? Sabia que podia se machucar ainda mais e...
- Estou com fome, ok? Pode pegar alguma coisa pra mim comer?
Ele deu os ombros e abriu a velha geladeira, encarando as coisas que estavam lá dentro antes de começar a tirar o que ele iria usar. Seus passos vieram até mim mais uma vez e ele me pegou no colo, me deixando deitada na cama. Seu olhar preocupado e seus lábios carnudos ficaram próximos de mim, me fazendo prender a respiração e apenas encarar seus movimentos.
- Vou fazer sanduíches pra gente. - ele diz se afastando de costas e batendo contra o filtro. - Estou bem, não foi nada...
Sorrio pelo seu jeito desatento e abaixo minha cabeça ao sentir as fisgadas de dor virem mais uma vez. Até quando eu teria que focar daquele jeito?
O prato com um sanduíche foi deixado sobre meu colo e Carl se sentou no final da cama, comendo um também. Antes mesmo de morder o sanduíche eu o devolvi para o prato e suspirei pesado.
- O que foi? Está ruim? Não ficou do jeito que você queria?
- Não, não é isso, Carl - digo jogando meus cabelos para trás - Estou me sentindo impotente, sabe, sempre corri atrás das minhas coisas, sempre fiz tudo sozinha e agora estou aqui, tendo que ser carregada até a cama porque não consigo nem andar direito sem sentir dor, tendo que deixar as pessoas fazerem as coisas pra mim porque eu não consigo. Isso é um porre!
- Eu já me senti assim. - ele conta - Quando levei o tiro e perdi o olho. Sabia que às vezes eu ficava andando igual uma barata tonta? - sorrio - É serio. Denise dizia que eu parecia ter perdido meu senso de controle. Sabe aquelas pessoas que tem labirintite? - concordo - Então, ficava parecendo aquelas pessoas quando a doença delas atacava.
- Não quero me acostumar há ser fraca. Sempre foi eu por eu e o mundo pelo mundo. Eu não me importo em dizer que odeio quando as pessoas ficam se sentindo confortáveis com as coisas ao redor, elas ficam tão fracas quando se acostumam que...
- Que esquecem como é viver de verdade aqui fora. - ele completa - Sei muito bem o que você sente, Liz, e posso até concordar em dizer que entendo esse seu jeito sem regras pra viver, essa sua falta de preocupação com as pessoas e até o fato de esconder o medo muito bem por debaixo dessa carranca fofa que você tem.
Lhe mostro um dedo do meio, ouvindo ele rir e pego o sanduíche dando a primeira mordida. Meus olhos se fecharam por instinto e pude ouvir "Que bom que gostou" sair dos lábios do filho de Rick.
- Não é um dos piores que eu já comi...dá pra encher a barriga. - brinco, vendo ele revirar o olho e morder o seu mais uma vez - Está bom de verdade. Obrigada!
Vocês ainda estão aí?
Não tenho visto muita interação de vocês aqui. Nem batemos a meta do capítulo passado.
O próximo capítulo vocês vão berrar tão alto que eu vou ouvir da minha casa jkkkkm
Votem e comentem
Beijos e fuiiii
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The Enemy | ᶜᵃʳˡ ᵍʳⁱᵐᵉˢ|
Fanfiction+18 Ela foi abandonada por sua mãe e por sua irmã mais nova quando era apenas uma criança, havia visto seu pai ser morto e dilacerado por zumbis. Era sempre chamada de fraca e excluída por sua mãe, mesmo sabendo que era mais forte que sua irmã. ...