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N A R R A D O R

- Meu filho não vai sair atrás de um grupo de assassinos por causa de alguém que foi atrás resolver coisas de família! - Rick grita vendo o filho jogar coisas na bolsa e encher o carro com algumas delas logo após.

- Não é só alguém pai, é a Liz! E não é família, aquela mulher não é família dela, não merece ser chamada disso e muito menos de mãe. A família dela é a gente, a família dela é a irmã e a tia que estão aqui. Eu tenho que ir atrás dela, eu tenho os mapas e...

Rick bateu a porta do carro e parou em frente ao filho, o impedindo de entrar no mesmo. Seus olhos azuis tinham as pupilas dilatadas, suas sobrancelhas juntas deixando a testa enrugada.

- Você não vai. Não sozinho. Não agora. Não só porque um cara que até meses atrás era nosso inimigo está dizendo que ela saiu de dentro do Santuário, pode ser uma armadilha dele com os sussurradores.

Carl deu passos para trás e entrou dentro da casa de Liz. Ele iria atrás dela. Não sabia a razão de querer aquilo, mas iria, porque sentia que precisava e que era a coisa certeza a se fazer.

Athena surgiu dentro da cozinha, deixando a porta de entrada dos fundos bater em um baque leve e encarou o namorado revirando as coisas da bancada.

- Carl? Você não vai atrás...

- Mais que inferno - ele exclama - Parem de falar que não é para mim ir atrás dela, eu vou atrás dela e ponto final.

Athena engoliu seco e mordeu os lábios, ainda parada onde estava. Ela tinha certeza do que estava vendo e sentindo, ninguém poderia negar para ela ou falar que era apenas coisa da sua cabeça. Carl gostava de Liz. Talvez, ele a amasse, mas ainda não sabia admitir o sentimento que estava dentro dele.

- Se fosse eu... - ela indaga - se eu que estivesse desaparecida e com risco de estar sendo feita de refém pelo grupo dos sussurradores. Você iria atrás de mim como está indo atrás dela?

Carl parou, engoliu seco, respirou fundo e encarou Athena nos olhos, dando a resposta que ela não queria, mas que precisava.

- Já entendi...

- Espera.. eu iria. - ele tenta se aproximar mas recebe um olhar de tristeza em troca - Athena...

- Não Carl, não. Vá atrás dela e a traga em segurança para casa. Tome cuidado também!

Carl abaixou a  cabeça e se virou de costas para a porta logo após ela bater, juntando as coisas e as colocando na mochila. Era o certo não era? Era o que ele devia fazer para ter aquela mulher de volta para família e...para ele. 

_

O tempo tinha fechado. Não era mais um sol radiante de final de tarde, com um calor ainda aquecendo a pele, era frio. Parecia que ele sabia o que andava acontecendo e o que aconteceria mais a diante. O olhar atento na estrada abandonada e repleta de mortos em sua frente não deixou passar um detalhe simples, um rastro de moto no meio da lama que se juntava na lateral da rodovia. 

O carro parou, Carl desceu e a porta bateu. Seu corpo estava rígido e o coração disparado. Os carros parados ao lado da rodovia estavam sujos, tanto cor barro quanto com sangue em seus vidros que ainda estavam inteiros, já que haviam corpos podres dentro e fora deles. 

- Por favor seja você Liz!

Havia som dos pássaros cortando o céu, apenas aquilo, que foi trocado segundos depois pelo som das folhas e galhos sendo quebrados a cada passo que Carl dava para dentro da floresta. A arma em seu ombro foi deixada de lado e um facão foi tirado de sua cintura. Sem barulho. 

Depois de  minutos andando sem encontrar absolutamente nada, nem mesmo zumbis, Carl viu as coisas ao seu redor rodarem e seu corpo sair do chão. Ele estava preso de cabeça para baixo, sem suas armas e sem seu chapéu, que agora estava caído no chão lamacento. 

- Juro que de tudo que eu queria pegar com essa armadilha, você não era uma opção. 

Liz apareceu abaixo de Carl, encarando o corpo que girava do homem sob sua cabeça. Ela tinha uma faixa enrolada em seu braço e um corte em sua testa, mas estava em pé, viva, como o homem queria. 

- Liz? 

- O quê está fazendo aqui?  - ela questiona dando passos mancos para longe do homem. - Deviam saber que eu não estava querendo ninguém atrás de mim. Eu tenho que resolver isso sozinha. 

- Negan foi até a... - sua fala foi cortado pela queda que aconteceu segundos após Liz cortar a corda que o segurava de cabeça para baixo. - Ai! Podia ter avisado. 

- Devia ir embora. 

- E eu vou, mas antes, eu tenho que te levar para casa. Você precisa voltar, precisa...

- Preciso o quê? Ficar dentro de uma comunidade parada vendo as pessoas morrerem ou eu preciso voltar para continuar sendo uma bela oferta de troca? Ela matou a Marry, ela matou uma pessoa que morava dentro da sua comunidade e vocês não fizeram nada. Então Carl, eu resolvo o problema. 

- Isso não é um problema de família Liz. Você não precisa fazer sozinha. 

Liz parou, se virou e encarou Carl que se levantava no chão lamacento. Seus olhos estavam escuros pelo ódio, sua face estava recoberta pelo desejo de se vingar e aquele homem em sua frente lhe dizia que ela não precisava fazer sozinha?

- Você ainda não entendeu não é? - ela se aproxima - Ela sabe que eu estou naquela comunidade, ela sabe que as pessoas que morreram eram de alguma forma importantes pra mim, ela sabe que a minha irmã está lá! Eu tenho que proteger a Lily, eu tenho que proteger as pessoas, eu tenho que...eu tenho que te proteger garoto!

Carl parou onde estava, deixou um sorriso de lado escapar e limpou as mãos em suas calças.

- Você não precisa me proteger Liz! - ele se aproxima e toca o rosto da mulher, vendo uma cicatriz que não existia a semanas atrás ali. - Não precisa. Quem fez isso?

- Ninguém, pelo menos ninguém que esteja mais vivo!

- Encontrou eles?

- Não, eles que me encontraram. Temos que sair daqui, isso aqui faz parte da rota de deslocamento deles.

Liz pegou a mão de Carl e o puxou para longe de onde estavam, seus olhos estavam presos ao seu arredor. Enquanto isso, Carl estava focado no toque da mulher.

- Onde você machucou a perna? - sem resposta - Liz?

- Eu só cai. - ela diz depois de respirar fundo e tentar consertar o passo.

Ela não tinha só caído, quem dera que fosse apenas isso. Liz havia sido descoberta no seu último esconderijo, havia sido cercada por um grupo de sussurradores e havia sido espancada e torturada em busca de respostas, e o pior, ela havia sido mais um abuso nas mãos de um homem alto, barba comprida e cabelos longos...seu nome? Beta.

- Você precisa ir embora daqui, está bem? Avise os outros sobre os grupos de deslocamento. Estou colocando bombas e encurralando eles em um só lugar. Proteja minha irmã, Carl! Por favor!

- Vamos comigo, você vai saber explicar onde eles estão, como eles estão agindo. Você sabe mais deles do que nós.

- Eu tenh...

- Não você não tem! - sua voz se eleva por alguns segundos até que ele volta a si e encara a mulher em sua frente..- Você não tem a obrigação, nem mesmo o direito dr achar que tem que resolver isso tudo que tá acontecendo. Ela não é sua mãe, Liz. Nunca foi! Então você não tem que querer...

- Você não sabe o que eu quero.

- Não sei? Acha que eu não sei? Tem vingança nos seus olhos, assim como tem medo também, tem dor. Você não vai conseguir uma vingança sozinha, não contra eles. Então entra no carro comigo e vamos embora!

Heslouuu heslouuu

Eu sei que demorei pra caramba dessa vez, mas to tentando trazer algo pra vocês.
Votem e comentem muitoooo pra me deixarem sabendo o que vocês estão achando.
Beijos e fuiiiii

The Enemy | ᶜᵃʳˡ ᵍʳⁱᵐᵉˢ|Onde histórias criam vida. Descubra agora