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H O R A S M A I S T A R D E

O vento frio batia contra o rosto coberto por um capuz de Liz. Seu corpo estava encoberto por uma capa de chuva preta que vinha ia do pescoço aos pés, deixando sua capa coberta das gotas de chuva que o vento trazia.

A luz acima de sua cabeça era a única iluminação e fonte de calor que ela tinha. A arma estava estava empunhada, destravada e com o dedo no gatilho enquanto seus olhos encaravam a escuridão. Não haviam sons de zumbis muito menos de algo dentro da comunidade, era apenas o som insistente de goteira pingando.

- Hey!

- Puta merda Allan! - ela exclama - O quê quer?

- Seu turno acabou a meia hora, já pode ir pra casa, é minha vez de assumir. - ele diz entrando no pequeno espaço e vendo a mulher em sua frente tentar se afastar.

- Eu vou ficar de vigia, você pode ir pra sua casa e me deixar em paz.

A arma no mão de Liz foi apertada com força e sua respiração ficou descontrolada. Ela estava se sentindo pressionada e não queria se sentir daquele jeito por causa daquele homem em sua frente.

- Eu vou ficar. - ela indaga com a voz pouco trêmula porém se mantendo em una postura firme, como se não fosse um problema aquela presença. - Vai embora.

Allan respirou fundo e se afastou, descendo as escadas, seguindo em direção a casa de Rick, onde pediria para trocar os turnos que tivesse com Liz ou trocas de turnos que faria com ela.

Liz respirou fundo algumas vezes e voltou a encarar o que estava em sua frente, sentindo o vento frio bater em seu rosto. Estava um silêncio completo, era apenas ela.

No meio da mata, os olhos claros de uma mulher e os negros de um homem encaravam a mesma coisa, a fina chama de luz que iluminava acima de suas cabeças. O lugar onde Liz estava sozinha, onde ela pensava que estava só. 

- É ela? - o sussurro do homem invade o silêncio e ele recebe a resposta que tanto queria.

- Sim.

- Eles não pegaram tão pesado quanto disseram, ela me aparenta estar bem. - o homem da alguns passos a frente e observa ainda mais atentamente.

- Aquela garota nunca demonstrou nada. Temos que dar uma lição nessas pessoas, eles não merecem o que tem, o mundo já não é mais assim. Mandaremos hordas e mais hordas em cada uma das cidades que essas pessoas possam ter. 

Apenas um acenar e já estava marcado para os ventos e para a terra saberem: Aquelas pessoas iriam morrer uma por uma. 

_

Carl acordou assustado com o som de passos no corredor, passos arrastados e até molhados, ele encarou o relógio ao lado de sua cama e confirmou que era Liz que estava chegando em casa depois de seu turno. Ele ouviu ela parar no corredor e até mesmo sua respiração pesada.

Ele se virou para o lado e encarou a janela, com a fina linha de luz que passava por ela, ouvindo os pingos de chuva baterem no vidro e ele sentiu o sono vir de novo.

- Carl? - a voz do outro lado da porta lhe fez levantar e se sentar na cama - Carl? Está dormindo?

As cobertas foram jogadas de lado e ele pisou no chão frio, caminhando apenas de calça moletom até a porta e a abriu, acendendo a luz e encontrando Liz encolhida e com os cabelos molhados.

- Entra!

Liz entrou no quarto e encarou o homem em sua frente. Ela estava nervosa, parecia até mesmo assustada.

- O que houve? - Carl questiona fechando a porta e caminhando até parar em frente a ela, passando a mão sobre os braços da garota. - Liz?

- Tinha alguém na floresta. - ela diz - Eu ouvi sussurros e pode parecer louco, mas estava nítido demais.

- Consegue distinguir se eram homens e mulheres? - ela nega se virando pra janela e encarando a chuva bater na mesma - Eles estão nos vigiando e a gente nem sabe onde eles vivem. Merda.

Carl puxou os cabelos para trás e viu Liz respirar fundo.

- São nos campos, lembra? A movimentação estranha dos mortos está toda concentrada lá. A gente devia ir até lá, devia investigar e observar de longe. Devíamos atacar antes que  eles nós ataquem primeiro.

- Vamos falar isso pro meu pai amanhã, as comunidade precisam saber, as pessoas precisam estar preparadas pra mais uma horda daquela.

Ela concordou, respirou fundo e caminhou até a porta.

- Quer dormir aqui? - a voz de Carl lhe fez parar e engolir seco. Pensando na possibilidade de poder dormir ali e não ter que passar uma noite em claro por causa dos pesadelos. - Te arrumo uma blusa de frio. Quer?

Liz tirou a mão da maçaneta e se virou de frente para Carl, concordando e caminhando até a cama, onde ela entrou debaixo das cobertas quentes e viu o homem pegar uma blusa de frio na cadeira ao lado da cama.

- Boa noite Liz!

- Boa noite Carl!

Liz sentiu o braço de Carl lhe envolver e deixou sua cabeça sobre o peito do mesmo. Seus olhos se fecharam e ela suspirou uma última vez antes de entrar em um sono profundo minutos depois.

The Enemy | ᶜᵃʳˡ ᵍʳⁱᵐᵉˢ|Onde histórias criam vida. Descubra agora