Abri um sorriso sarcástico para Sif:
— Estou indo salvar o seu rei, nobre guerreira.
— E por que logo você o faria, estando preso por um crime tão grave contra a casa de Odin? — ela forçou a adaga contra meu pescoço e meu sorriso se desmanchou, dando lugar a uma carranca.
— Estamos perdendo tempo. — murmurei impaciente, bufando em seguida. Em um movimento ágil, livrei-me da lâmina contra minha garganta e apontei-a para a de Sif, mas logo soltei o objeto que caiu com um baque metálico no chão. Ela me encarou furiosa, já pronta para puxar sua espada. Fui mais rápido novamente e criei uma ilusão, aparecendo a alguns metros de distância da guerreira. Com mais um suspiro eu disse, antes de me virar para sair: — Se também está interessada em salvá-lo, fique à vontade para me seguir.
Alguns segundos depois, ouvi seus passos em meu encalço. Sif logo me alcançou e se pôs ao meu lado, ainda visivelmente irritada:
— O que você fez dessa vez, Loki?
— Eu?! — questionei indignado, meneando a cabeça enquanto procurava com os olhos por qualquer sinal de Thor. Nos corredores se via apenas guardas correndo para todos os lados, nenhum em específico, portando espadas e escudos. A batalha deveria ainda estar acontecendo nos andares de baixo do castelo. Viramos à esquerda quando expliquei, já farto de tantas acusações: — Eu tive que me desdobrar para não morrer com uma hemorragia interna e deixar Thor sozinho no meio desse caos! — viramos novamente, dessa vez dando de cara com um gigante de gelo.
— E como diabos os jotuns invadiram Asgard sem a sua ajuda?! — Sif indagou enquanto enfiava sua espada no estômago do gigante à nossa frente. Voltamos a caminhar uma vez que ele caiu, morto.
— Os vanires estão por trás disso.
— Então eles envenenaram o pai de todos?!
— Receio que está um pouco desatualizada dos fatos, Lady Sif. — comentei casual e Sif me parou com seu braço em meu peito. Olhei-a impaciente. — Thor precisa de nós.
— Eu sei, foi ele quem me pediu para vir até você. — franzi o cenho e a guerreira voltou a andar, não esperando por mim.
Alcancei seus passos e encarei-a ainda confuso:
— Do que está falando?
— O rei irá explicá-lo melhor do que eu. — Sif decretou e quando enfim chegamos ao salão principal, desviei rapidamente de uma adaga de gelo voando na minha direção. Ela puxou sua espada mais uma vez e disse, antes de entrar na batalha: — Você precisa proteger Odin, príncipe Loki.
— Mas como...
Sif não esperou que eu terminasse e deixou-me sozinho, correndo até dois gigantes de gelo que atacavam um dos guardas. Olhei ao redor e por entre as milhares de cabeças se matando, avistei os cabelos dourados de Thor. Ele ainda lutava bravamente contra Laufey, embora pudesse ver em seu semblante majestoso que a exaustão já o consumia. Minha atenção saíra do rei para ir até Frigga, que possuía uma espada nas mãos e o ajudava a derrotar alguns jotuns que tentavam acertá-lo por trás. Corri até eles e minha mãe me sorriu aliviada, ainda que estivesse ofegante pelos esforços que fazia.
— Loki, graças às Nornas você está bem! — ela chutou um dos gigantes antes de correr até mim, envolvendo-me num abraço rápido. — Sabia que seria capaz de se curar como o ensinei.
— Como... — ia perguntar como ela sabia do ocorrido, porém fomos interrompidos por Thor vindo até nós, aproveitando o momento em que Laufey estava se recuperando de um golpe. Segurei-o pelos ombros aflito, procurando suas orbes azuis. Havia alguns cortes em seu rosto, além das gotas de suor. — Thor! Você está bem?