chapter iii

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— Thor Odinson, você é o mais novo governante de Asgard. — a voz imponente de Odin reverbera pelo salão lotado por súditos e a realeza.

Assim que o cetro de Odin pousa sobre as mãos de Thor, uma rajada de gritos estridentes rasga o local até então silencioso. O nome do primogênito pode ser ouvido em coro pelos asgardianos e um sorriso inevitável pinta os lábios do deus do trovão, ainda ajoelhado em frente ao pai de todos. Thor olha para Frigga e então para mim, dando uma piscadela galanteadora e brincalhona que me deixa desconcertado. Sinto meu rosto queimar e desvio o olhar, tentando manter a compostura.

Meu desespero e indignação de dias atrás pareciam ter se esvaído no momento em que Thor me ofereceu uma cadeira no seu conselho real, tinha de admitir. De certa forma meu medo de Thor levar Asgard ao Ragnarök mais cedo do que o predestinado fora amenizado pela garantia de que ao menos eu teria algum controle sobre os danos, mínimo que fosse. Assisti em silêncio enquanto ele acenava para seus súditos e fazia poses dramáticas com o cetro, animando a plateia. Por mais despreparado que fosse para ser rei, era inegável que possuía o carisma necessário para lidar com o público. Tinha de lhe dar esse crédito.

— O que ocupa sua mente, Loki? — Frigga questiona com um sorriso ameno no rosto, enquanto alterna o olhar entre meu irmão e eu. Meneio a cabeça e volto a observar o mais novo rei.

— Estou pensando em como será daqui pra frente.

— Se martirizando por antecipação, como de praxe.

— Nem tanto. Já me martirizei o bastante para um reinado inteiro nos últimos dias. — fui sincero e Frigga arqueou as sobrancelhas, um sorriso esperto desenhado em seus lábios.

— A oferta de Thor o surpreendeu, pelo visto?

— Você já sabia, então. — encaro minha mãe e ela apenas dá de ombros.

— Não era exatamente um segredo, Loki.

— Eu não imaginava. — desabafei, ainda um pouco incrédulo pela atitude humilde de Thor. Frigga tocou meu ombro levemente e me lançou um de seus olhares maternos.

— Você subestima muito as pessoas, meu filho. — diz ela, me fazendo franzir o cenho com suas palavras vagas. — Principalmente Thor.

— Tiro minhas conclusões pelo que vejo, mãe.

— E o que você sente não conta? — olhei confuso para Frigga, mas antes que pudesse questioná-la novamente, ela me deixou sozinho para ir ter com Odin.

Mais tarde, houve uma festança imensa recepcionando o mais novo rei. Meus tímpanos doíam pela barulheira das pessoas gritando e rindo alto, misturada com a música irritante que parecia perfurar meu cérebro. O som das xícaras sendo jogadas no chão para sinalizar mais uma dose de álcool estava me incomodando mais do que o normal. No meio das comemorações pedi licença a Odin e Frigga e me recolhi aos meus aposentos, exausto daquele dia.

Estava no corredor em direção a meu quarto quando ouvi passos e olhei para trás, procurando quem era. A penumbra da noite dificultava minha visão, mas aparentemente não havia ninguém. Continuei o caminho que fazia e antes que pudesse abrir a porta, senti uma pancada forte na nuca. A última coisa de que me recordo é meu capacete caindo no chão em um baque abafado pelo som alto vindo do salão de festas, então tudo escureceu.

HEAVY CROWN | 𝐭𝐡𝐨𝐫𝐤𝐢Onde histórias criam vida. Descubra agora