Feridas

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Abro meus olhos e levo minha mão até minha cabeça na tentativa de fazer cessar a dor, tento me situar e entender o que está acontecendo. Levanto do chão com a claridade incomodando um pouco, mas logo minha visão ficou nítida e com isso ando para trás assustada. Não havia nada a minha frente, tudo era branco. Eu estava presa dentro da minha própria mente.

Começo a andar em busca de qualquer coisa que me tire daqui, mas não encontro nada. Minha respiração vai se elevando assim como as batidas do meu coração, paro ao sentir o cansaço me dominar era como se eu andasse por horas. Minha cabeça ainda doía e foi nesse momento que tudo mudou.

O lugar deixou de se branco e foi ganhado cores, formas e depois vieram as vozes, tento compreender o que dizem mas é uma tarefa impossível. Levo minhas mãos até meus olhos em uma tentativa boba de enxergar melhor. Mas as imagens que vão se formando estão borradas.

As vozes vão ficando cada vez mais alta e mais imagens vão surgindo, caminho até elas e vejo elas desaparecem uma por uma, sinto a agonia tomar conta de mim. Eram minhas lembranças ali, porque elas fugiam de mim? Começo a chorar por saber que cada vez que eu me aproximo de uma imagem ela desaparece.

Era uma brincadeira cruel.

Desisto de tentar toca-las e passo a observar o borrão de lembranças desconexas. Reparo em algo estranho, novas imagens surgem e ao contrário das outras essas eu posso ver com perfeição. Lá estava eu o Thiago e a Maria suas vozes se mistura com as outras e tudo parece confuso.

Me aproximo de uma imagem onde parece o Thiago e eu sorrindo e a toco fazendo com ela desaparecesse. Me contorço em dor ao ver todas sumirem.

Não! Isso não pode acontecer, eu estava esquecendo de tudo. Corro em busca de uma saída mais não há nada, olho em torno e me desespero ao ver todas as imagens sendo sugada pela penumbra da escuridão. Eu preciso de ajuda e procuro em minha mente um nome de alguém para pedir socorro, mas nada me vem.

Abaixo sentando no chão e seguro minhas pernas. NÃO POR FAVOR! Gritava meu coração.

A escuridão vai consumindo tudo e passo a gritar a medida que ela se aproxima, volto a procurar em minha mente algo que me ajude mas não há nada, nem da pessoa que um dia fui e muito menos da que sou hoje. Grito por ajuda mais uma vez e não consigo entender minhas próprias palavras, tento me levantar eu precisava correr e me esconder. Eu tinha que achar um refúgio.

Mas era tarde demais, a escuridão havia me encontrado tomando assim conta de tudo....

Puxo a coberta em direção ao meu corpo e sinto meu coração comprimido no peito, o suor escorre pelo meu rosto e minha cabeça lateja.

Foi tão real....

Escuto uma batida na porta e então vejo o Thiago abri-la devagar parando na mesma em um pedido mudo para entrar, aceno com a cabeça incapaz de pronunciar qualquer palavra. Observo sua roupa, Thiago veste uma calça esportiva e uma blusa de manga comprida, noto como ele está bonito.

Thiago: Você disse que quando eu fosse caminhar era pra te chamar – seu olhar buscava encontrar alguma coisa em mim, era forte e capaz de ver a parte mais profunda da minha alma – Tudo bem?

Ana: Não muito – sorri fracamente – Me espera para podermos ir? – ele concordou com a cabeça e saiu.

Levanto olhando o relógio que está no criado mudo, era seis e meia da manhã, vou até o banheiro para lavar meu rosto. Noto as olheiras e o ar cansado e novamente o sonho ronda em minha cabeça, não era real Ana, digo a mim mesma. Aproveito para escovar os dentes e coloco uma roupa confortável, saiu do quarto tentando colocar meus pensamentos no lugar.

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