Tempo

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Memórias....... 

Como eu as queria, mas tem momentos que o que é preciso para reaver o que foi perdido é recriar o que foi esquecido.

Os dias passavam lentamente e a cada dia eu descobria algo sobre mim, a primeira aula de piano. A primeira apresentação na escola, o sonho de menina que era cantar para milhões de pessoas. Alice sempre contava sobre como eu era uma criança esperta e um tanto maluquinha, que amava cantar na rua e fazer bagunça. Que adorava os momentos onde só ficamos nós três na sala tomando chá, o que fazia sentido porque esse era a melhor parte de vê-los.

Mariano contava como eu tinha amado a ideia de ter uma irmã mais nova e como eu vivia cantando para a barriga da Alice, eram tantos momentos e eu sempre fui uma pessoa curiosa e vivia perguntando. A laços que nem a falta de memórias apaga, esse era um deles e eu só precisava recria-lo. Thiago dizia que eu já estava fazendo isso, que era só aproveitar e bem eu iria.

De todos os momentos da minha vida esquecida que me emocionou saber foi do nascimento da Bia e como ela parecia um pacotinho embrulhado em uma manta rosa, Alice disse que eu a segurei em meus braços e disse um ‘Olá maninha’. 
 
O amor por todos só crescia e eu vivia me perguntando se aumentaria mais e a resposta era sempre positiva. Bia era luz e eu precisava dela pra iluminar meu coração, estávamos cada vez mais próximas e era um tanto engraçado e doloroso quando ela dizia algo sobre mim que aparentemente só ela sabia. Eu respirava fundo e continuávamos seguindo, como eu amava aquela garotinha de onze anos e depois daquele abraço onde recordei de um momento único de nós duas, não tive mais nenhuma lembrança. No começo isso me deixou bem frustrada, mas depois deixei isso para lá. Com ou sem memórias eu tinha uma família que me amava assim como sou agora. 

E eu tinha a Maria minha amiga que sempre arrancava um sorriso, ela era o maior presente que o Thiago me deu e tinha ele.

Thiago......

Muralha forte e protetora, carinho e aconchego. Paz e tempestade, ele tinha a ternura no toque e fogo que consome minha alma nos olhos. As coisas entre nós dois continuava a mesma, sempre amigos, bastava um olhar e esse olhar dizia sempre tudo. Bastava seu abraço para mim saber que nada no mundo seria capaz de me vencer. Refúgio onde não se encontra semente proteção, eu encontrava tudo assim como eu me tornaria tudo para ele. 

Haviam inúmeras palavras fortes no mundo, carinho, paixão e amor e nenhuma delas eram fortes o suficiente para descrever como me sentia. 

Eu o amava e a cada dia ficava mais claro, os beijos trocados se tornaram pouco, eu sempre amava ficar o observando e sabia que o que tínhamos era para sempre. Era tudo igual, mas era diferente, éramos os mesmos mas tudo mudou e eu adorava a mudança e principalmente. Eu amava o meu refúgio.

Olho para o copo de café em minha mão o dia estava com uma temperatura baixa e acabo por puxar um pouco a manga da minha blusa, pego um dos maravilhosos biscoitos que a Maria tinha feito na noite anterior e levo até a boca saboreando essa maravilha. 

Por falar nela a vejo entrar esfregando a mão para se livrar do frio o nariz estava um pouco vermelho assim como os olhos. 

Maria: Eu odeio ficar gripada – ela foi em busca de uma aspirina.

Ana: Café? – ela fez que sim e servo uma xícara.

Maria: Cadê o Thiago? 

Ana: Advinha? – ela riu.

Maria: Foi correr e nem me chamou – ela fez uma cara brava – Vou colocá-lo de castigo.

Ri negando com a cabeça e bebi mais um pouco de café, Maria se sentou na minha frente e passou a falar de mais um de seus planos. Um jantar que ela e Alice estavam preparando no apartamento deles. 

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