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Escuto um barulho incessante vindo de longe, abro os olhos encontrando o breu do quarto e por isso tento me situar um pouco. O som fica cada vez mais alto, encaro a porta e depois a Ana que ressona tranquilamente ao meu lado, tento ao máximo não acorda-la ao me desvencilhar. Ando calmamente até a porta e ao abri-la dou de cara com a minha mãe.  

Maria: Bom dia filho – disse animada.

Thiago: Boa madrugada mãe – coço os olhos tentando ficar mais desperto.

Maria: São seis horas Thiago – disse após olhar seu relógio de pulso – Que tal uma caminhada? 

Thiago: Dez minutos e já desço.

Ela afirmou contente e logo foi em direção ao corredor, fecho a porta atrás de mim e vou até o guarda roupa pegar um moletom. Calço meus tênis e escovo os dentes não deixando de reparar como os objetos pessoais da Ana se misturam com os meus, seus perfumes e cremes estavam todos em desordem. Sorriu ao pagar seu shampoo na mão, ele tinha um cheiro maravilhoso e misturado ao cabelo dela proporcionava um aroma único no mundo.

Vou até a beirada da cama e agacho tirando alguns fios de cabelo que cobrem o seu rosto, ela estava deitada de bruços dando uma visão da sua costas nua, deslizo meus dedos por sua pele e faço um contorno em sua espinha.

Thiago: Vou caminhar com a mamãe – ela abre os olhos por um instante e sorri de canto dizendo uma frase sem sentindo. 

Dou um beijo em sua bochecha e logo depois vou para a sala encontrando a mamãe se alongando, me junto a ela no exercício e logo partirmos para rua. Decidimos só caminhar pelas redondezas e durante alguns minutos ficamos em um silêncio agradável, cada um com os seus pensamentos. Olhávamos o fluxo de pessoas na rua e o contraste dos prédios e arborização.

Não demorou muito para inicializar um bate papo descontraído, mamãe contava sobre as novas peripécias do Luan e em como a mãe dele estava ficando de cabelos branco de tanta preocupação.

Thiago: Eu só queria saber como ele consegue estudar, viajar e ainda arrumar tempo para ser gamer – paramos perto de uma árvore.

Maria: Eu gostaria de ter uma resposta – ela se apoiou ao meu lado – Luan ainda mantém a ideia de conhecer todo o mundo.

Thiago: Um dia ele consegue.

Fiz sinal para continuarmos e andamos por dois quarteirões a frente, os assuntos foram surgindo nesse meio tempo e conversamos sobre o recente encontro da Ana com o Victor e eu só sabia rir das suas caras e bocas. Ela também falou sobre sua última saída de amigas com a Alice, a forma como estávamos virando uma grande família me agradava e muito. 

Thiago: Não esquece a feira da Bia.

Maria: Não dá pra esquecer, ela só fala disso – rimos, aquela garota não só enchia o mundo da Ana de luz, ela enchia o nosso também. 

Era verdade, Bia estava entusiasmada assim como a Ana, as duas eram finalmente irmãs o peso de uma história de dor vivida estava acabando.  

Abraço minha mãe que fica tão pequena ao meu lado e juntos voltamos para casa.

Thiago: Precisamos fazer isso mais vezes – ela olha pra mim e da um singelo sorriso.

Maria: É só chamar.

Assim que chegamos em casa subo para o meu quarto, eu precisava de um banho e ao entrar vejo Ana sair do banheiro a toalha cobria o seu corpo e eu ainda podia ver algumas gotas de água deslizar pela lateral do seu rosto.

Ana: Bom dia – ela foi para cama com um dos seus cremes na mão – Thiago? 

Thiago: Há, oi – ela riu da minha cara de bobo – Acho que eu posso te ajudar com isso. 

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