Cadeado

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Deixe-me guiar pela música que até recentemente era só uma melodia, hoje ela tinha um nome e uma letra que descreve com exatidão a vontade que eu sinto de estar perto da minha irmã. O sorriso nasce magicamente quando penso que algumas horas estávamos juntas andando de bicicleta.

Flashback oh.

A ciclo via estava vazia a essa hora da manhã e eu tentava não cair. Thiago ria da minha cara de desespero,  já Bia esperava ansiosamente.

Bia: Vamos Helena você não vai cair – disse impacientemente.

Ana: Seu incentivo me comove maninha – disse me fazendo de brava – Para de rir Thiago....

Thiago: Eu. Não. Tô. Rindo – ele mal falava.

Tomo coragem e dou um impulso com a bicicleta começando a pedalar......

Flashbacks off.

Finalizo os últimos acordes de Si vuelvo a nascer e escuto palmas, olho vendo o Thiago parado perto da porta a me observar, era comum pega-lo fazendo isso.

Thiago: Linda – disse com seu olhar penetrante – Viu o contrato novo da casa do Guarujá? – ele veio e se sentou ao meu lado dando-me um beijo que irradiava calor.

Ana: Aquele que você pediu pra guardar? – ele confirmou rindo – Eu guardei na pasta que vai para o advogado.

Thiago: Tem certeza? 

Ana: Tenho? 

Ele voltou a rir e talvez eu não tivesse certeza de nada, olho para minha mão e o vejo pega-la. Observo ele levá-la até sua boca e depositar pequenos beijos e meu coração para por alguns segundos.

Thiago: Sempre desorganizada.

Ok eu era um pouco mesmo, lembro de anos atrás quando eu disse que queria me ocupar e trabalhar e ele me pediu para ajudá-lo. O que eu fiz com muito prazer e que se transformou em um completo desastre, não demorou muito para entendermos que essa não era a minha praia. Depois disso eu trabalhei em alguns outros lugares antes de dar aula em uma escola de música que ficava nas redondezas do bairro que morávamos em São Paulo. Mas infelizmente ela fechara.

Thiago: Está tentando lembrar de onde o colocou? – ele começou a brincar com as teclas do piano.

Ana: Na verdade eu estava lembrando da época em que eu fingia trabalhar pra você – ele fez um som rouco com a voz – Tocando assim você vai constranger o meu piano.

Coloquei minha mão sobre a sua e o ajudei com alguns arranjos, o som produzido foi engraçado mas ainda sim melhor do que ele fizera antes.

Thiago: Isso ficou bom – ele virou a palma da minha mão e a entrelaçou com a sua – Pensa em voltar a dar aulas?

Fico um pouco pensativa, eu sentia falta de dar aula e de ver o progresso dos meus alunos. Era tão gratificante ver o amor dos alunos pela música crescer a cada dia. 

Ana: Quer ser meu aluno senhor Kunst? – brinquei, talvez um dia eu voltasse a dar aulas.

Thiago: Seria uma honra ter aulas com a mais linda professora.

Foi nesse momento que ele me surpreendeu com um beijo doce e lento que me levou a loucura, sinto ele mordiscar minha boca entre um beijo e outro e questiono como ele consegue ser carinhoso e atrevidamente sexy ao mesmo tempo. Mesmo sentada no banco do piano, noto como meu corpo fraqueja diante do frenesi provocado cada toque seu em minha pele.

Afasto-me um pouco em busca de ar e percebo minha boca formigar em um claro sinal de desagrado, ela ansiava estar novamente de encontro com a dele em uma batalha envolvente, onde explorávamos um ao outro.

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