Corro até a cama e jogo a mochila para o lado, tiro os tênis e as meias os deixando espalhados pelo chão. Olho em torno os brinquedos estavam jogados no chão assim como algumas roupas estavam penduradas na cadeira da escrivaninha. Mamãe disse para arrumar tudo, porém dou de ombros outra hora eu faria isso.
Vou até o outro lado do quarto e com muito custo puxo o teclado, ele era bem pesado e penso se o melhor não era chamar o papai. Tiro essa ideia da cabeça ele mandaria eu organizar minhas coisas e eu não tinha tempo pra isso agora. Depois de colocá-lo na cama pego o seu apoio e logo, ajeito ele em frente à minha cama. Suspiro tudo estava certinho.
Helena: Ainda falta a letra.
Vou até onde minha mochila está e procuro o papel, tiro tudo de dentro e me pergunto o porquê de levar tanto material pra escola.
Foco em cada nota era uma música nova e eu estava ansiosa, toco na primeira tecla e um som estridente é ouvido, sorriu pois era bem engraçado e tento mais uma vez, a harmonia não soa tão bem. Será que era porque meus dedos são pequenos?
Alice: O que está fazendo Helena?
Paro abruptamente e torço as mãos em sinal de nervosismo, mamãe encarou o quarto e depois seus olhos pousaram em mim carinhosamente, no entanto sua expressão seria deixava claro que eu estava bem encrencada.
Helena: Oi mamãe!
Alice: Qual foi a primeira coisa que disse quando chegamos em casa? – ela encostou no batente da porta.
Helena: Para arrumar o quarto – dei um sorriso amarelo.
Alice: Então?
Helena: Pra mim está arrumado mamãe.
Ela esboçou um curto sorriso, porém seus olhos severos diziam que era hora de organizar tudo. Saiu da cama com a cara emburrada, logo agora? Pego as roupas e coloco de qualquer jeito no guarda roupa, os brinquedos eu deixo no baú e a mochila na escrivaninha.
Alice: O teclado não vai fugir Helena, porque tanta pressa?
Helena: A professora me deu uma partitura nova – paro no meio do quarto e ajeito minha franja, ela estava um pouco grande.
Alice: Já rabiscou a partitura toda filha – falou assim que pegou o papel na mão.
Helena: São anotações mãe – observei o trabalho que tinha feito e pra mim arrumar o quarto o deixou do mesmo jeito que antes.
Alice: As palavras que você escreveu no projeto do seu pai também são anotações?
Faço uma careta, tudo bem talvez eu escrevesse em todos os lugares. Ando até a cama e me sento ao seu lado e de frente para o teclado, mamãe coloca novamente a partitura no lugar e eu encaro seus olhos expressivos, ela era bem bonita e eu amava ficar pertinho dela só que durante esses dias notei que ela e o papai estavam um pouco estranhos, eles viviam cochichando pelos cantos.
Helena: Eram versos – ela esperou que eu continuasse enquanto fazia um carinho em meu cabelo – A professora disse que eu tenho muito talento e que por isso deu uma música mais difícil – olhou-me orgulhosa – Quando eu crescer vou virar uma pianista e montar uma banda, você vai nos meus shows?
Alice: Eu vou em todos eles – sorri contente, seria maravilhoso – Agora mocinha já que você terminou seus afazeres que tal tocar a música?
Posiciono minhas mãos sobre as teclas e me esforço para tocar direitinho, a professora falou que se eu me apresentasse bem na próxima aula poderia tocar naquele grande piano de cauda. Ele era tão lindo e eu queria tanto um. Suspiro, um dia eu ainda teria um piano para chamar de meu.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Refúgio
RomanceAna e Thiago se conheceram em um momento de dor e a conexão foi tão grande, que ambos se tornaram muito mais que amigos. Se tornaram o refúgio um do outro. O que aconteceria se nessa história um ponto importante fosse mudado? O que nossa querida An...