Perguntas

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Entro no meu quarto e me jogo na cama, eu havia acabado de fugir de toda a situação embaraçosa em que Ana e eu fomos pegos. O que estava acontecendo comigo? Mais uma vez nos encontrávamos próximo um do outro e seu olhar era tão questionador, como se procurasse a resposta para uma importante pergunta.

Seu perfume enlouquecia minha mente e sua respiração se misturava com a minha, a vontade já conhecida por mim de beija-la pulsava e algo me dizia que ela queria tanto quanto eu.

Será que era coisa da minha cabeça?

Fecho os olhos, meu peito era comprimido pela força desse sentimento, ele crescerá ao longo do tempo e tomara conta de tudo. Sinto que não posso mais esconder!

Levanto indo tomar um banho e passo o resto do tempo fugindo, eu não queria falar sobre o que quase aconteceu com ninguém, minha mãe era curiosa e iria querer saber. Como explicar se nem eu sei?

Procuro ocupar minha mente, leio um pouco mas a falta de concertação não ajuda muito, penso na Ana lá em baixo com a Alice. Como será que ela está? Freio a vontade de descer, ambas precisavam de um momento a sós e se bem conheço minha mãe, ela daria um jeito de deixá-las sozinhas.

As palavras proferidas pela Bia em relação a Ana eram pesadas demais para lidar, é claro que ela não a odiava seu amor estava estampado na forma que ela correu até a Ana e abraçou suas pernas. A garotinha só se encontrava confusa o que era completamente plausível, se para Ana era complicado imagina para ela. 

Resolvo sair do quarto e acabo dando de cara com a minha mãe no corredor, ela sorri da mesma forma de hoje mais cedo e sinto vontade de dar meia volta. Eu tinha que admitir que era engraçado.

Maria: Achei que teria que bater na porta do seu quarto e dizer ‘Thiago ou desce para jantar ou nunca mais vai jogar basquete na sua vida’ – ri com vontade, bons tempos.

Thiago: Mãe! – retruquei e ela acabou por me acompanhar até a cozinha – Você quer parar de rir assim? – ela intensificou o sorriso – Está me assustando com toda essa felicidade.

Fui até a geladeira e peguei uma garrafinha de água, aproveitei para ver o que ela havia preparado. O cheiro era divino. 

Maria: Eu não estou feliz – parei estático no meio da cozinha – Na verdade, eu estou é brava por estragar o momento quase esclarecedor de vocês.

Reviro os olhos e vou pegar um prato, vou colocando a comida, sabia que minha mãe não deixaria isso para trás.

Thiago: Não tinha momento nenhum mãe – tentei fugir do assunto.

Maria: Se tem uma coisa que eu não sou é cega – coço a nuca um pouco desconfortável – Não consegue mais esconder o que sente não é? 

Pouso o talher sobre a bancada e encaro os doces olhos de quem sabe muito bem o que diz, eu já não aguentava esconder meus sentimentos.

Thiago: Não – admiti derrotado.

Maria: Isso é bom – eu não tinha essa certeza – O que vocês têm é exclusivo, eu nunca vi nada parecido. A conexão e o carinho que tem é tão forte – pego meu prato e levo para a pia o lavando – São o refúgio um do outro, é natural o medo de estragar o que constituíram – ela veio até mim e encostou na pia – Não vai acontecer.

Permaneci em silêncio diante das suas palavras, eu sentia que não havia mais espaço dentro de mim o que sinto ultrapassava a barreira do coração, corpo e alma. Ana e eu não tinha segredos, talvez o melhor fosse contar.

Thiago: Porque a Alice estava aqui? – mudo de assunto de repente.

Maria: Ela precisava saber onde a filha mora – fez um sinal para que fossemos para a sala – Não é algo que você e a Ana entendam – maneei com a cabeça, ela tinha razão – Imagina como foi para ela ver a filha tão perto e não poder cuidar, ver como uma pessoa estranha é agora para ela seu porto seguro – seus olhos se encheram de lágrimas – Eu sou mãe e pude ver tanto amor.

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