Amor

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Caminho a passo lento e envolvo meus ombros com meus próprios braços em uma tentativa tola de me proteger do frio, só havia um problema, o frio era interno e congelava cada célula do meu corpo. As palavras de uma doce criança transformou meio coração já confuso em mil pedaços.

Eu podia não lembrar do seu nome, ou de seus gostos. Da sua cor preferida, eu não sabia nada sobre os seus medos e seus sonhos de criança. Mas a conexão que veio através do nosso encontro crescia rapidamente, eu queria saber se Bia se encontrava bem, tão pequena e no meio de uma história complexa. Mas ao chegar em seu quarto descobri o que ela realmente pensava de mim. Ela odiava quem eu era agora.

Deixo o Thiago junto ao Mariano e vou até onde a Bia estava, meu coração faltou sair do peito a medida que me aproximava da porta do seu quarto. Paro diante dela e ameaço bater quando vejo que ela se encontra entreaberta, a abro lentamente olhando todo o interior do quarto. 

Era colorido e por todos os lados se pedia ver desenhos, tinha algumas fotos e seu quarto dizia muito sobre sua personalidade, doce, forte e alegre.

Cheia de luz....

Bia estava sentada no chão e ao seu lado duas garotinhas a ajudava com algo, talvez um desenho. Uma delas tinha o cabelo em um tom de loiro forte e com cachos, a outra que tinha em seu rosto um semblante um pouco mais sério possuía cabelos escuros. Elas falavam baixinho e tive que aguçar bem meus ouvidos para poder escutar o que diziam.

Xxx: Não devia estar feliz? – a garota de cabelos escuro falou – Sempre pedimos para ela voltar, pra você sorrir e agora que ela está aqui você fica triste?

Bia: Ela não está aqui Celeste – disse de cara amarrada, então esse era o nome da garotinha.

Xxx: Os planetas estão desalinhados? – a loira falou e tive que segurar o riso – Eu não entendi é a Helena ou não?

Bia: Não é a Helena tá – um nó se formou em minha garganta – Aquela lá é a Ana, mamãe disse que a chamam assim agora Chiara.

Chiara: Vamos chama-la assim então?

Bia: Não! – ela se levantou para pegar uma canetinha – Ela não é nada minha, não é minha irmã de verdade.

Celeste: E porque não? – as duas pareciam confusa.

Bia: Ela não é a Helena! Porque a minha irmã não esqueceria de mim – seu olhos ganharam lágrimas – Eu odeio aquela Ana, ela roubou minha irmã. Ela não é minha irmã....

Suas amigas foram até ela a amparado devido ao seu choro, eu fiz menção de entrar no quarto mas parei ela não me queria por perto, seguro a vontade de chorar e sinto meus olhos arderem. Volto a olhar para dentro do quarto e vejo que Bia já não chora com tanta força, mas a dor em cada partícula do seu corpo é visível. 

Bia: Eu só queria minha Helena de volta – disse baixo – Eu só quero minha irmã Celeste – a garota a abraçou enquanto a Chiara fazia um carinho em seu braço – Eu odeio a Ana – voltou a repetir – Ela roubou o lugar da minha Irmã.

Celeste: Mas porque a chamam assim agora? – Bia a olhou sentida.

Bia: Mamãe queria me falar mais eu não deixei – Celeste a olhou com uma cara brava – Não me olha assim, eu esperei por tanto tempo ela voltar, Helena me disse que não ia demorar e ela se foi e agora eu não sei.

Sua cabecinha estava tão confusa se pra mim toda essa história era dolorosa para ela era demais.

Chiara: Bia – a garotinha tentou – Porque não vamos lá perguntar? – ela negou – Quer eu faça isso? – elas pareciam bem amigas.

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