Reconstruir

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A noite estava tão linda e calma assim como meu coração, tinha enfim encerrado essa história com a Alana. Penso em como foi tudo, na força que eu senti só por ter Ana ali comigo e em como as palavras de uma garotinha me ajudou nesse momento. A pequena Bia havia sido meu refúgio.

Vou tomar um banho pensado em como a Ana estava distraída e com os olhos vermelhos. Ela tinha chorado e eu sabia que tinha alguma coisa haver com a Bia. Ela mal jantou e eu pude notar que não continha tristeza em seu olhar. Era um brilho tão intenso e contagiante.

Assim que saiu do banho visto um moletom e desço para beber um copo de água, a casa estava quase toda escura a não ser pela pouca luz que vinha de algumas luminárias. Ao chegar perto da cozinha paro ao vê-la junto ao piano com o pequeno urso na mão.

A janela estava aberta e o vento entrava de mansinho bagunçado os seus cabelos vermelhos, linda. Vou até ela devagar, não preciso me anunciar pois sei que ela já notará minha presença, a vejo dar um pouco de espaço no banco e me sento ao lado. Ana simplesmente segura minha mão a apertando de leve com o outro braço envolvo sua cintura e ela apoia sua cabeça no meu ombro.

Ana: Ela queria a irmã de volta - disse de olhos fechados - Sabe a música que eu sempre toquei? - se virou para mim - A que enche meu mundo de luz? É nossa Thiago, minha e dela. Eu compus para ela.

Seus olhos se encheram de lágrimas, me prontifiquei a seca-las com todo carinho, minha mão vai fazendo movimentos circulares em sua bochecha. Vejo um sorriso se formar.

Thiago: Sempre soube que era uma música especial não é? - ela afirmou - Como está se sentindo?

Ana: Feliz - ela riu - Ela só me queria Thiago - ri um pouco da forma como ela falou - Assim como eu sou, mesmo eu não sabendo - ela se embaralhou um pouco - Ela só queria a irmã e eu sou a irmã dela, nada muda isso. Você estava certo, eu fiz o que eu queria e vi o que precisava ver.

Ela passou a contar como foi com a Bia, como ela se sentia insegura e como viu o medo da garota. O breve confronto e quando ela tocou a música e a Bia caiu em um choro tão sentindo que Ana só queria que ela se sentisse acolhida. O abraço que Ana ansiava tanto e que também tinha medo. Mas principalmente quando ela se deu conta do que a irmã pede desde o primeiro encontro.

A irmã de volta, elas estavam juntas de novo e isso era o que importava para mim.

Thiago: Eu disse que veria - ela se ajeitou melhor em meus braços - E o que vai fazer agora?

Ana: Só viver - ela riu - Só ser o que eu quero ser Thiago, parte dessa família. Eu não tinha ideia de que ao vim em busca de mim, encontraria algo que eu nem sabia que buscava. Uma família.

Thiago: Há eu quero fazer parte dessa família - brinquei.

Ana: Você é mais que isso - seus olhos buscavam os meus - Sabe, eu contei sobre nós para eles.

Thiago: A meu Deus - o som da sua risada fazia casquinhas em meu rosto - Eu terei que lidar com um pai ciumento?

Ana: A não é claro que não - ela ficou pensando - Espera não sei.

Rimos e o som fez um eco por toda a sala, me aproximei lentamente e toquei meus lábios no seu. Tranquilo, pedi passagem e ela concedeu abrindo mais a boca atrevida. Aprofundo o beijo e a aperto em meus braços com força. Eu não tinha ideia se dava para estarmos mais próximos ainda, no entanto meu coração e corpo pedia por mais. Não ligamos para o ar que a todo momento insistia para ser respeitado.

Me afasto e vejo sua boca vermelha e marcada por conta do beijo. Freio o desejo que cresce em mim, ela me levaria a loucura.

Ana: Tenho algo para contar - disse com a respiração irregular - Sabe o Haroldo? Ele é um ótimo contador de histórias.

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