Buscando o caminho

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Ajeito a coberta em seu corpo e me levanto devagar para não acorda-la, aproveito e acendo a luz do abajur. Ela dormia tão tranquilamente, seu esgotamento mental era perceptível e o que vivenciamos na sala daquele apartamento foi doloroso para todos, havia tanta dor e nenhum deles sabiam como agir diante de tantos sentimentos misturados.

Ana se encontrava complemente perdida no meio deles e como não tinha ideia do que fazer, recorreu a mim e minha mãe. Sei que ela nesse momento carrega a culpa por ferir aqueles que em um passado não tão distante, foram seus pais. Penso no aperto no peito que senti quando vi o olhar desolado da Alice, eu não podia mensurar o tamanho da dor que ela sentiu ao ver a filha e mal poder toca-la. 

Era como se estivéssemos pisando em ovos, tudo era delicado e confuso.

Ao sair do seu quarto decido ir para sala pois tinha a vaga ideia de que minha mãe estaria lá divagando sobre os recentes acontecimentos, quando me aproximo a vejo com sua delicada xícara e podia apostar que dentro dela continha o seu maravilhoso chocolate quente. Sento no sofá e vejo que sobre a bandeja estava outra xícara, a pego bebendo um pouco do líquido quente e notei o seu olhar acolhedor de sempre.

Maria: Será que a garotinha está bem?

Era uma boa pergunta, quando Ana viu a foto reparei em como seu olhar se iluminou e o mesmo aconteceu quando a pequena Bia parou a encarando na porta, foi um dos momentos mais intensos e cheio de amor que já presenciei, era puro e terno. Era o amor de duas irmãs renascendo.

Thiago: Não sei mamãe – falei cabisbaixo – Ela é tão novinha e se está sendo difícil para os pais imagina como será para ela? – ela deu um suspiro cansado.

Mamãe assim como eu viu como todos estavam destruídos emocionante a todo o momento ela mantinha seu olhar na Alice e pude ouvir o que ela pronunciou de forma baixa.

Cuidaremos bem dela e você verá que com o tempo vão recuperar o que os une.” 

Eu esperava que sim.

Maria: E você como está meu filho? – desviei um pouco o olhar – Vi que quando chegamos você recebeu uma ligação, está estranho desde então.

Assim que chegamos em casa Ana disse que precisava de um tempo sozinha e foi nesse momento que recebi mais uma ligação do meu advogado, desde a morte do meu pai é essa briga judicial. Tudo fora dividido de acordo com a lei, mas ela não aceitava e de tudo que era meu por direito, ela havia conseguido tirar a Fazenda e agora reclamava para si esta casa.

Diante da lei não era possível já que esse lugar fora destinado a mim junto com a casa de São Paulo e outros bens, eu não sabia o que ela tramara para conseguir a Fazenda. Talvez o fato de não está especificado no inventário a quem ela pertencia tenha contribuído para que ela a conseguisse.

Acabo contando para mamãe toda a conversa e vejo como ela fica abalada.

Thiago: Ela não pode nos tirar esse lugar mãe – me abaixei perto dela e entrelacei nossas mãos – Ela sabe disso, mas o seu maior prazer é tirar nossa paz – minha mãe estava um pouco abatida – Não podemos deixar acontecer.

Maria: Você tem razão – deu um sorriso fraco – E foi um dia cansativo para todos é melhor não pensarmos nisso – concordei com a cabeça.

Thiago: Vem vamos descansar um pouco – subimos e a acompanhei até a porta do seu quarto – Boa noite mãe! – dei um beijo na sua testa e fui para o meu quarto apagando logo em seguida.

Alguns dias se passaram e junto a eles veio a notícia de que a Alana mais um vez questionara a partilhas de bens, ela fazia isso no intuito de nos afrontar, desde de a morte do meu pai era isso. Quando estava perto da conclusão do processo ela sempre vinha com algo novo para acrescentar ou para pedir resposta e eu me sentia tão cansado de tudo isso.

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