Decisão

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Releio alguns papéis e assino outros, ligo para meu contador e conversamos por um tempo. Aproveito para revisar algumas contas e pagamentos de impostos. Cuidar do patrimônio dos Kunst era um pouco cansativo mas também não era um trabalho, embora eu tivesse me formado em administração. 

Depois que Ana saiu o dia passou rápido, mamãe e eu ficamos na sala por mais um tempo e eu a vi jogar basquete sentada no sofá e tive que rir porque mesmo ali ela ainda fazia as cestas. Não demorou para ela se recolher e subir para o seu quarto e ver um filme. O dia frio dava lugar a uma noite de geada o que parecia ser comum. 

Enquanto vou arrumando os documentos penso na Ana que está com sua família, um sorriso involuntário vai crescendo em meu rosto. Ela estava feliz e a cada dia mais próxima dos Urquizas e vê-la assim não tinha preço. Ana merecia o mundo e ela estava o conquistando. 

Eu não tinha ideia de que meses atrás ao decidirmos vim para cá iríamos passar por tudo isso, que eu iria finalmente falar sobre o meus sentimentos. Que ela corresponderia e que no final encontraríamos pessoas tão incríveis como os Urquizas, não era só ela que ganhará com tudo.

Guardo tudo na gaveta, olho o relógio e passava das oito da noite. Saiu do quarto para comer alguma coisa e corredor assim como tudo no andar de baixo estava a meia luz. Noto como o vento forte bate na janela da sala e caminho para a cozinha.

Ana estava lá na bancada com um copo de suco a sua frente, ela olhava para o nada pensativa e com um pequeno sorriso se formava. O que quer que ela esteja pensando era lindo.

Encosto no batente da porta e fico admirando a mulher de cabelos vermelhos e sorriso envolvente que me conquistou a partir do primeiro momento, que com sua música me fez descobrir o quanto estava apaixonado. A amiga espetacular que era luz em meio a escuridão. Tempestade e calmaria, meu refúgio. Éramos os mesmos de antes, que sabia desvendar um ao outro somente com um olhar. Ainda éramos silêncio e ao mesmo tempo euforia e alegria. Alento, mas também incentivo. Igual, mas ao mesmo tempo diferente.

Sua boca me convidava a cada instante assim como sua pele, todo tempo ao seu lado era pouco e eu odiava precisar de ar para respirar. Ele sempre atrapalhava nossos beijos, o que eu sinto é tão concreto e verdadeiro. Não havia palavras no mundo que descrevesse a força desse sentimento, mas por falta de palavras, eu nesse momento uso a palavra amor. Eu a amava com tudo que sou.

Ana que até então não tinha notado minha presença olha em minha direção, seu sorriso se amplia e ela deixa o copo sobre a bancada e caminha até mim. Quanto estamos próximos noto um pouco de vermelhidão em seus olhos e faço uma pergunta muda, mas ela parecia não se importar com isso nesse momento. Sua mão toca meu rosto e eu aproveito para tocar em sua cintura e cubro sua boca com a minha. 

Sinceramente porque precisávamos de ar para respirar mesmo?

Thiago: Linda – digo assim que nos separamos – Como foi o café com a Alice?

Beijei seu ombro e depois fui até a geladeira de onde tirei uma vasilha com lasanha, coloco no prato e levo para esquentar no micro-ondas. 

Ana: Foi uma tarde um pouco surreal – disse voltando para a bancada – Encontrei alguém por acaso, foi bem desgastante e estressante e chamei a Alice de mãe.

Thiago: A chamou de mãe? – ela afirmou e eu aproveito para pegar o prato e me junto a ela – Isso me deixa tão feliz, sei que era o que você queria a muito tempo. Mas que ainda tem os seus bloqueios. 

Ana: A forma como você me conhece é irritantemente linda – lhe ofereci um sorriso atrevido enquanto colocava o suco no copo – E você tem razão, eu tenho os meus bloqueios e eu queria mesmo isso porque depois de tudo que aconteceu. Os anos longe e a amnésia é assim que eu a enxergo e amo – ela estava emocionada – Como minha mãe.

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