Márcia bufa pela quinta vez naquela hora. Do seu lado está Inês de braços cruzados revirando os olhos a cada 5 minutos. As duas mulheres escutam o professor de matemática falar.
— Deixa eu calar a boca deste homem Márcia pelo amor de Deus! — Inês sussurra no ouvido da mulher ao seu lado.
— Tô quase deixando Inês, quase. — Márcia suspira.
— Então, espero que no próximo bimestre, os seus filhos respeitem mais os professores. — O homem termina de falar.
— É recíproco? — Uma voz fala no meio do silêncio.
— Como? — O homem pergunta.
— Estou perguntando ao senhor, se o respeito é recíproco.
Todos na sala ficam calados esperando a resposta do professor.
— Senhorita..— O homem de bigode pergunta.
— Márcia. — A mulher fala respirando fundo.
— Senhorita Márcia, respondendo a sua pergunta, claro que sim, eu respeito os meus alunos, cadê um de maneira igual. — Os outros pais afirma um para os outros concordando com a fala do homem.
— Certo, é porque eu ensinei a minha filha que respeito a gente dar mas cobra também, não se pode dar o que não tem, por isso a pergunta da reciprocidade. — Inês olha para Márcia com um sorriso de lado mas rapidamente uma careta de dor toma o lugar.
— Aí. — Inês sussurra colocando levemente a mão no peito, e esse gesto chama a atenção de Márcia.
— Inês? Inês o que aconteceu? O que você está sentindo. — Márcia sussurra preocupada.
— Dor. Peito. — Márcia puxa Inês para fora da sala deixando os professores sem entender.
A mulher ajuda a entidade a entrar no carro. Inês respira fundo tentando controlar a dor que sente, mas um nome vem a mente da mulher rapidamente.
— Márcia. Alguma coisa aconteceu com a Renata. — Márcia arregala os olhos, então acelera para o bar.
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Renata respira fundo ao abrir os olhos rapidamente. Olha para o lado e ver Iberê a olha para a mesma assustado.
— Borboletinha! O que aconteceu? — Iberê pega a menina no colo.
— Corpo seco. — A menina sussurra antes de desmaiar. — Iberê corre para um rio que havia perto dali, e entra com a menina para diminuir o calor.
— Vamos Renatinha. Você é forte menina. Eu sei que é. — Iberê sussurra ao ver a menina desacordada.
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— Renata! Filha! — Márcia entra acompanhada de Inês que se senta ao sentir outra pontada de dor.
— O que foi? Gente o que aconteceu?! — Camila pergunta desesperada. — Inês!
— Cadê o Éric? — Márcia grita dos fundos.
— Foi ver a Luna, parece que a menina não tá bem. Acordou gritando hoje de manhã toda suada. Parecia mais que tinha tido um pesadelo.
— Camila. Cadê a Renata? — Inês pergunta baixinho.
— Saiu com o Iberê, foram até a floresta do Cedro. — Inês arregala os olhos.
— Floresta do Cedro! Com o curupira?! — Márcia grita. — Eu vou atrás da minha filha agora!
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Renata acorda assustada, olha ao redor e vê que está nos braços de Iberê. O abraça rapidamente e o homem respira aliviado.
— Ele voltou tio! Ele tá mais forte! — Renata olha nos olhos do homem que se espanta. — Corpo seco está de volta.
— Tenho que te tirar daqui borboletinha. — Iberê levanta colocando a menina em suas costas.
— Tio, precisa vim comigo. Ele vai te matar. — Renata sussurra.
— Que mate. Mas em tu ele não toca! — Iberê começa a correr pela a floresta.
Até que é surpreendido pelo espírito que tanto queria que se fosse para o lugar onde merecia. Iberê coloca a menina deitada no chão. E a cobre com folhas fazendo o gesto para a mesma ficar calada.
— Tava me procurando? Achou! — Iberê corre para longe do local afastando o espírito da menina que se encontrava quieta entre as folhas.
Depois que Renata não escuta mais nenhum barulho, a menina se levanta cautelosamente olhando a lua como única amiga.
— Mamãe. — Renata sussurra. Aos poucos a menina começa a se despertar. Caminha devagar até a próxima árvore e suspira pesadamente.
Caminha um pouco mais até escutar um som de tiro fazendo a menina se encolher. Devagar, Renata caminha em direção a origem do barulho e ver um passarinho morto. Com cuidado, pega o pequenino nas mãos, e fecha delicadamente. Olha para os lados e quando ver que não há ninguém por perto, decide enterrar o animal.
Porém ao abrir a mão, o ser que outrora estava morto, voa alegremente em direção aos céus. Renata olha assustada para suas mãos até que sente uma mão em seu ombro.
Se vira rapidamente e ver que é Iberê. Respira aliviada ao ver o homem vivo. Pega na mão do mesmo e corre para longe da floresta do Cedro. Onde encontram o carro o qual vieram.
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Camila caminha em direção a porta mas para ao ver Iberê e Renata chegarem.
— Renata! — Inês e Márcia abraçam a menina.
— Você está bem meu amor? Se machucou? — Inês pergunta verificando a filha.
— Estou bem mãe! — Renata respira fundo. — O problema não é esse.
— Corpo seco voltou Inês. — Inês olha assustada para Iberê e Márcia abraça apertado a filha.
— Mas não faz nem 6 meses que ele foi derrotado por Éric. — Camila sussurra.
— Tio Iberê. Não é só isso. — Renata fala. — Eu tenho poderes.
Inês e Márcia olham assustados para a menina que se encolhe levemente no lugar. Renata se afasta um pouco de todos, mantendo uma distância.
— Como? — Camila pergunta.
— Eu não sei! Vi um passarinho morto na floresta, quando peguei ele nas mãos, minutos depois ele saiu voando. Eu juro que não sei como fiz isso! — Renata fala eufórica.
— Caipora. Tu é a Caipora menina! — Iberê grita. — Tá aí o porquê do teu nome! Renata significa renascida, ou ressuscitada.
— Minha filha é a Caipora. Minha filha é a Caipora. — Márcia murmura para si mesma. — Inês! A nossa filha é a Caipora!
— E eu sou a Cuca! Óbvio que ela sendo a minha filha tinha que ter algum poder! — Inês grita. — Preciso te ensinar a como controlar esse poder filha.
— Tá bem mamãe. — Renata confirma.
— E defesa corporal também. Ou seja, Karatê, Judô, qualquer arte marcial. — Márcia suspira.
— Tá certo gente! Já entendi. — Renata suspira irritada. — Vou pra casa. Tô esperando no carro.
— Eu vou dormir lá hoje. — Inês fala para Márcia que confirma, as duas caminham para a porta mas antes Inês tava um tapa na cabeça de Iberê que se assusta. — Isso foi por levar a minha filha para aquela floresta!
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Espero que gostem.
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Efeito Borboleta
FanfictionInês sempre foi fechada, literalmente, pra todos. Mas com a volta do corpo seco, foi necessário uma abertura de alma afinal, seus amigos estavam sendo mortos. Como a mesma reagirá com a volta de uma pessoa que pensou ter perdido a muito tempo? �...