Rotina

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A floresta estava calma. Sem indícios do toque humano, bem, pelo menos nessa parte da floresta. Renata sabia que uma hora ou outra teria que por um controle na situação, os homens estavam a cada dia incontroláveis, pareciam animais, monstros na verdade. Já faziam 2 meses que a menina tinha chegado a Amazônia e até aquele momento, não conseguira achar a escola para os filhos de entidades. Então resolveu que por enquanto, cuidaria da floresta, o que era bom em um sentido já que a mesma tinha liberdade de testar seus poderes desconhecidos.

Ah! A liberdade de ser ela mesma foi a melhor sensação que Renata poderia ter sentido. O jeito que tirou os sapatos sentindo a terra úmida debaixo de seus pés. O cheiro da mata molhada entrando em suas narinas, a brisa suave no seu rosto ou a chuva que caía graciosamente em seu rosto, era várias sensações ao mesmo tempo que enchia o peito da menina, com uma vontade grande de correr. Era como se um passarinho tivesse se libertado finalmente da gaiola. E foi exatamente isso que ela fez, correu como nunca havia corrido antes, sentindo a brisa dançando ao seu redor.

Suas risadas eram acompanhadas pelo barulho dos animais que observavam aquele ser com curiosidade. Se os leitores fechassem seus olhos, poderiam ver uma silhueta correndo em uma floresta linda, onde a luz do sol atravessa-se as folhas das grandes árvores, batendo lentamente no cabelo da menina, o fazendo ficar em um um tom mais claro, quase vermelho. Alguns macacos pulavam de galhos entusiasmados e curiosos pela a humana estranha.

A memória faz a menina rir lentamente, havia conseguido encontrar um local onde ela poderia ficar. Uma cabana abandonada no meio da mata, literalmente. Ninguém conseguiria encontrar. Não era muito grande, mas de longe parecia ser bastante confortável. E ela se sentiu bem lá, como se a casa fosse seu lar. Um lar que fazia um tempinho que sentia falta.

 Um lar que fazia um tempinho que sentia falta

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A casa dentro era pequena mas aconchegante. Havia a pequena sala com uma lareira, a cozinha era um pouco maior com uma janela que dava para ver as árvores fora. Tinha uma escada de madeira, no meio havia uma janela, que levava ao cômodo em cima com o quarto da menina. Caminhando para o fundo da casa, havia o local onde Renata havia feito seu cantinho, com ervas e livros. Onde ela poderia estudar ou apenas ler a vontade.

E nesse exato momento, nossa protagonista está na cozinha, fazendo seu jantar. Sentia que os animais estavam seguros, dormindo. Estava tão envolta em pensamentos que se assustou com a chaleira apitando. A menina que olhava pensativa pela janela, bufa de raiva.

Raios de chaleira!

Devagar, coloca a água quente na xícara onde continha um chá de gengibre com limão, pega a xícara se sentando na cadeira e coloca uma colher pequena de mel, mexe e sopra suavemente. Com calma, bebe o chá que a esquenta rapidamente. Naquela noite específica, estava fazendo um grande frio, a garota estava tão envolta pelo chá que nem percebeu um barulho fora da cabana. Depois que terminou tudo, lavou a xícara e caminhou para o seu quarto no andar de cima. Se deitou na cama se enrolando com o edredom xadrez que havia trazido na fuga, tocou levemente o colar e adormeceu.

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Era 3:00 horas da manhã quando Renata se sentou na cama ligando seu abajur. Algo tinha perturbado seu sono, o que não era lá essas coisas, a mesma sentia algo que não sabia descrever, então em um ímpeto de coragem e ao mesmo tempo medo, Renata se levanta pegando suas pantufas. Caminhando rapidamente para fora da cabana, ela ser o seu inimigo, ainda não estava pronta para derrotar ele, ou a Cuca, essa ela não queria lidar tão cedo, porém o que encontrou a fez suspirar aliviada. Havia uma bola de pelos todo encolhido pertinho da sua porta.

— Ei garotão. — A menina pega gentilmente o pequeno gatinho que se aconchega no seu peito quente.

Rafael, o seu precioso tucano que dormia tranquilamente, não gostou nada disso. Deu um grasnado alto que assustou o filhote. A menina repreendeu o tucano com o olhar que observava tudo atentamente.

A menina logo providência uma caminha com um lençol bem fofinho e quentinho para o filhote, coloca leite morno em um recipiente que logo é atacado pelo felino. Satisfeito, o gatinho se aconchega na cama dormindo logo em seguida o que faz a adolescente rir revirando os olhos.

— Folgado. — Então sobe novamente para sua cama afim de terminar o seu precioso sono.

No outro dia...

Renata se levanta cedo naquela manhã. Precisava continuar sua busca e não sossegaria enquanto não encontrasse. Vestiu uma roupa aconchegante e desceu as escadas encontrando o pequeno gatinho brincando com a cortina da sala, Rafael também puxava a cortina.

— Bichento, Rafael! — A menina repreendeu pegando o gatinho nas mãos. — Não pode. — O felino mia insatisfeito. — Com a cortina não.

Pondo o gato no chão que prontamente seguiu a dona para a cozinha, pegou uma jarra de leite e esquentando para ela e para o felino, se sentou na cadeira observando a neblina que cobria a floresta. Conseguia sentir os animais dormindo tranquilos em suas tocas e sorriu satisfeita, estava pegando o jeito. Decidiu que precisava sair um pouco, pôs a capa de chuva e dando um beijinho em bichento, saiu caminhando pela floresta. No caminho encontrou algumas ervas e cogumelos que podiam servir como sopa.

Colheu algumas frutas e viu alguns tucanos e se pegou sorrindo se lembrando do seu precioso tucano. Estava pronta para voltar para casa quando sentiu uma presença perto de si. Olhou em volta e só viu a mata se mover lentamente com a brisa. Olhou para cima vendo o céu ainda nublado, fechou os olhos e seguiu seu instinto, pegou um galho de árvore e mirou acertando alguma coisa.

— Aí, aí, aí! — A menina correu para onde a voz vinha e se deparou com um menino negro com uma boina vermelha na cabeça.

— Mas quem raios é você moleque?! E porque estava me rondando igual a uma assombração?! — A adolescente esbraveja fazendo o garoto se encolher.

— Eu sou Caio. E quem é voce?! — O menino, aparentava ter entre seus 12 anos, se levanta rapidamente.

— Sou a Caipora, e não gosto de intrusos na minha floresta! — A garota fala seca.

— Ah! Você está usando os nomes de entidades, bem, eu sou saci! Quer dizer, filho do saci. — O menino abre um sorriso grande que foi inevitável para Renata não sorrir também.

— Você deve está com fome. Ta com uma cara de acabado, vamos, eu irei fazer uma sopa para você. —A menina caminha em direção a sua cabana.

— Não posso demorar muito, pois amanhã cedinho terei que ir para a escola. — Renata para estática no lugar.

— O que você disse? Você vai amanhã para a escola? Escola de entidades? — Renata se aproxima eufórica do menino que franze o rosto.

— Vou, e preciso chegar cedo para fazer a matrícula, é meu primeiro ano. — O garoto suspira nervoso.

— Bem Caio, eu também irei para a escola com você amanhã. — A menina sorrir de lado caminhando em direção a sua casa seguida pelo menino.

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Já estou fazendo o próximo e dependendo das quantidades de comentários, talvez poste hoje mesmo 😏😏

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