Amazonas

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Floresta Amazônica
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Renata sabia que seria difícil esquecer. Esquecer de tudo, principalmente quando estava tão conectada a uma pessoa que teve que abrir mão. Porém para alguns recomeços, havia de ter sacrifícios e o seu, era nunca ter alguém para cuidar dela. A sua sina era nunca ter uma figura materna.

É, talvez o meu filho tenha realmente morrido naquela noite e você seja apenas uma menina que eu acreditei ser meu bebê.

Claro que ainda doía, era uma ferida aberta que só o tempo cicatrizaria. Ela ainda a amava, amava muito a sua progenitora, e isso era o que mais doía no fundo do seu ser. Doía saber que Inês não se importava com ela, afinal, ela tinha perdido a sua proteção. Não só a proteção mas como o amor também.

A única coisa que a consolava é que a outra mulher, a policial, estava segura.

Instintivamente, sua mão vai ao encontro do colar em volta do seu pescoço. O colar que levava para onde ia, a lembrança de que a ela era amada, pelo menos por um pessoa. Seus pensamentos estavam tão longe que a mesma se assustou ao sentir uma mão em seu ombro.

— Ei! Desculpa. Não queria te assustar. — Caíque fala entregando uma xícara de chá para a menina.

Renata franze o rosto confusa. Não que estivesse achando ruim mas, era estranho a sua relação com o garoto sentado ao seu lado.

— Eu sei. É tudo muito estranho não é? — O menino fala observando a floresta calma e tranquila.

— A três semanas atrás, estávamos quase tentando nos matar e agora..— A frase morre na boca de Renata.

— Devo admitir que a culpa de início foi minha. Minha avó sempre me disse que eu precisava controlar meu gênio. Cabeça quente, um verdadeiro filho do Curupira. — Renata olha atentamente para o menino e desvia o olhar para a floresta.

— Obrigada. Por ter cuidado de mim. — Renata sussurra fazendo o outro rir.

— Não precisa agradecer, foi uma forma que tive para reparar meu erro. — Caíque olha nos olhos castanhos profundos da menina. — Bem, eu vou entrar para ajudar a Irani a fazer nosso jantar.

— Querem ajuda? — A menina pergunta.

— Não precisa, já estamos terminando. — Renata assente. — Ah! Só não demora muito aí, senão o Caio acaba com sua parte.

A menina solta uma pequena gargalhada o que faz o menino sorrir mais ainda.

— Esperamos você lá dentro. — Caíque entra fazendo a menina olhar para a floresta pensativa.

Depois de alguns minutos olhando para a flora a sua frente, a mesma decidiu entrar, até que a mesma escuta um som. Alto e suave. Como se a estivesse chamando. Se vira rapidamente para trás procurando de qual direção vem aquela melodia, até que uma brisa sopra em seu rosto, bagunçando de leve seus cabelos.

Nos ajude. Por favor.

Uma voz suave, infantil, fala no meio da brisa fazendo Renata sentir seu coração acelerado. Até que sente braços em sua cintura a puxando para dentro da casa. A mesma olha para Caíque que tem seus olhos atentos a tudo em seu redor.

— Você também ouviu. — A menina afirma.

— Todos nós ouvimos Caipora. Todos nós. — Caíque segue a menina que anda em passos apressados até a sala.

Até que eles escutam passos ao redor da casa.

— Quem deve ser? — Irani fala próxima a Caio.

— Não sei, mas eu vou descobrir. — Renata murmura olhando para os lados.

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