Medo

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Mas é claro que 4 adolescentes no meio de uma floresta não iria dar certo. Já fazia algum tempo que os quatro filhos de entidades haviam deixado a cabana, e até aquele momento nenhum sinal da escola. Rafael bicava a cada minuto a cabeça de Caíque que sempre soltava alguma palavra para provocar Renata que respirava fundo para não socar a cara do filho do curupira.

— É sério Caio, se esse tocha humana não calar a boca, eu jogo ele daquela montanha abaixo. — Renata fala no ouvido do menino que rir.

— Eu sabia que esse moleque não sabia de nada, sai daqui pássaro idiota! — Caíque rosna com raiva.

— Caíque, faz um favor a floresta amazônica e ao animais..— Renata fala calmamente se virando. — CALA A PORRA DESSA BOCA! — A menina grita fazendo sua voz ecoar na floresta.

Um silêncio predomina depois da fala da menina que respira pesadamente. Furiosa e cansada, a menina se vira para o garoto ao seu lado que engole em seco. Uma brisa suave dança ao redor dele porém o clima estava tenso, a entidade da mata fecha os olhos tentando controlar a entidade em si. Sabia que Caipora era agressiva quando perdia o controle então a menina tentava se acalmar.

— Caio? — Renata olha com um olhar cortante para o menino que se aproxima prontamente para perto da garota.

— Sim? — A menina respira fundo olhando com mais suavidade para o outro.

— Você sabe realmente onde fica essa escola? — O garoto encolhe os ombros. — Olha, tá tudo bem se você não souber, todos aqui estão na mesma situação. — Renata fala olhando para Caíque que da de ombros. — Encontraremos um jeito.

— Eu..não sei onde fica. — Caíque joga os braços para cima bufando alto com a fala do garoto. — Desculpa gente. Meu pai iria me levar só que..

— Agora estamos aqui, perdidos no meio do nada! — Caíque fala rude fazendo Renata e até Irani bufarem irritadas.

— Porque você tem que ser tão rude e inconveniente? — Irani pergunta olhando para o garoto que revira os olhos.

— Porque ele é um grosso igual o pai dele. Só pensa em si mesmo. — Renata cruza os braços olhando furioso para o menino de cabelos cacheados. — Já que você é tão eficiente, porque não nos guia até a escola?

Caíque fecha os punhos olhando para os três que o encaravam de volta.

— Você é um inconsequente igualzinho ao seu pai. Não foi por menos que muitas entidades folclóricas morreram por uma guerra que seu PAI começou. — Renata olha para o menino que a encara de volta possesso de raiva.

— Não fale do meu pai sua garota mimada! — Caíque grita furioso fazendo seus cabelos cacheados pegarem fogo.

Renata se aproxima lentamente com os olhos laranjas e fica face a face com Caíque olhando bem no fundo de seus olhos. Parecia que a menina podia ver a alma do garoto que instintivamente, engoliu em seco. A floresta conseguia sentir a tensão no ar. Não havia mais brisa ou vento se quer, as árvores estavam paradas como se estivessem assistindo a briga que se desenrolaria ali. Os animais estavam todos bem escondidos em suas tocas, até a onça pintada corria para longe do lugar onde os filhos das entidades estavam.

— Você vai fazer o que filhote de Curupira? — A menina olha atentamente nos olhos castanhos escuros do menino que vacila por um breve momento.

— Gente, por favor! Não é hora para isso, precisamos encontrar o caminho para a escola, senão vai escurecer e aí que vai ficar mais ainda difícil! — Irani tenta controlar a situação com sua voz meiga e calma, era como se sua voz dançasse no ar.

— O pirralho baiano nem sabe para onde ir, acha mesmo que um projeto de sereia vai conseguir achar o caminho? — Ao terminar a frase, pode se ouvir um barulho alto de estralo na floresta fazendo alguns pássaros voarem.

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